SemPIAS
Seminário Internacional do Patrimônio Industrial, Alimentos e Sustentabilidade
23 – 26/Agosto
ACESSE AGORA ↓
Anais do Seminário Internacional do Patrimônio Industrial, Alimentos e Sustentabilidade
clicando aqui.
Local: CEHUS – UFPel (Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Artes e Linguagem)
R. Cel. Alberto Rosa, 117
Apresentação
Queremos discutir se é possível aproveitar estruturas fabris ociosas em ambientes rurais e urbanos, de modo racional, equilibrado e esperançoso que nos faça entender mais sobre a cultura do trabalho, relacionando-a com a memória do que muitas vezes foi um ofício manual, a um tempo transformado em manufatura, até ser modificado em um processo industrial. E que quando isso está relacionado com a produção do alimento, se está a falar de um tecido histórico que coloca em foco questões de ordem fundamental para a natureza e nela, para a humanidade.
Nos motiva pensar que um novo paradigma estava sendo proposto como orientação para o progresso social e econômico das sociedade, em 1987. Foi nesse ano que o Relatório Brundtland apresentou a ideia de que o presente não pode, por conta da satisfação de suas necessidades atuais, comprometer a capacidade das gerações futuras de dispor dos meios para cumprir com o que lhe é essencial. Vários fatos levaram a essa nova compreensão de que o mundo precisava ser tratado com outros valores. Dentre eles, alguns desastres de grande impacto, como o acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido no ano anterior ao Relatório.
Em nossa realidade, marcada por diferenças brutais, somos obrigados a voltar os olhos para o entorno e refletir sobre se somos capazes de promover um uso racional do que a natureza dispõe, como proposto pelo economista ecológico Herman Daly, ao menos no lugar restrito que ocupamos nessa imensidão. Nos vemos diante da dúvida se somos capazes de promover o bem estar equitativo de pessoas em equilíbrio com o meio ambiente. Se somos capazes de entender a complexa mensagem que as estruturas fabris desativadas, tornadas ociosas, abandonadas e contrastantes às paisagens que antes eram produtivas e animadas, nos confrontam.
Em tal cenário, aceitamos que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovados na agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), estão propriamente inter-relacionados na produção de soluções para uma realidade mais saudável. Então nos perguntamos qual o nosso papel para que se atinjam metas tão elevadas como a eliminação da pobreza, das desigualdades, da promoção de uma educação de qualidade, do estancamento da degradação ambiental e do estabelecimento de caminhos que nos façam viver em um mundo mais próspero, com paz e justiça.
Neste evento associamos o patrimônio industrial, sobretudo o de transformação do alimento, com o patrimônio alimentar, as tradições nos quais são produzidos, os fatores memoriais a eles associados e como, em uma perspectiva otimista de futuro, tanto o que já não é mais ativo como aquilo que se deseja que continue sendo, pode associar-se em soluções para realidades sustentáveis.
O evento pretende
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- Contemplar objetivos do desenvolvimento sustentável como eixos de reflexão favorecendo que se apresentem indicadores e tendências orientadas pelo movimento AGENDA 2030, posto sobre as três dimensões que lhes são atinentes: econômica, social e ambiental.
- Discutir a relação entre os alimentos de produção local e a salvaguarda de tradições, bem como o reconhecimento das comunidades agrícolas tradicionais no cenário atual.
- Intensificar a discussão sobre os fatos referentes ao patrimônio industrial de extintas fábricas, em especial as de transformação do alimento, tanto em zonas rurais como periféricas das cidades.
- Ampliar o entendimento de conceitos chave para os ODS, como segurança alimentar, nutrição adequada, agricultura sustentável (ODS 2); o bem estar humano, que se atinge pela saúde e educação para todos (ODS 3 e 4). As metas do desenvolvimento sustentável colocam em foco a produção e distribuição do alimento em ambientes de equilíbrio e respeito tanto às pessoas como aos recursos naturais. A articulação dessas metas desenha um ambiente humano digno, respeitoso às identidades, às memórias e à natureza.
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Sobre o tema
Portanto, pretende-se abordar três grandes temas que definem os conflitos que, como já apontado, se intensificaram ou se revelaram durante as últimas décadas: patrimônio industrial, alimento e sustentabilidade com os objetivos de:
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- Enfrentar por meio de uma ampla discussão conceitual e do compartilhamento de experiências diversas, as possibilidades de pensar o patrimônio industrial nas zonas rurais, em especial, de cidades de baixa densidade demográfica.
- Abordar a demanda por inventários participativos que visibilizem as tradições e os acervos das comunidades, os patrimônios industriais das áreas rurais e as relações entre a produção alimentar tradicional e a implantação, presente e passada, de fábricas de transformação do alimento nessas zonas.
- Discutir as possibilidades da gestão de ações que articulem processos de reconhecimento, identificação e promoção dos patrimônios alimentares, dando luz às tradições que possam se sustentar, como a tradição doceira da produção dos doces coloniais, já reconhecida pelo Iphan.
- Refletir sobre os modos de enfrentamento aos problemas que acometem a produção do alimento nas áreas rurais buscando na troca de experiências o fortalecimento das redes de gestão do patrimônio cultural, expressadas em projetos que tenham como objetivo a elaboração de estudos que subsidiem a criação de legislação específica, inclusive municipais, e de políticas voltadas para a preservação do patrimônio industrial, sobretudo o alimentar, em equilíbrio com o patrimônio ambiental e as comunidades.
Eixos temáticos
Evento presencial desenvolvido em três dias, apresentando um elenco nacional e internacional de convidados em mesas temáticas e conferências presenciais. Oportunizará a inscrição de trabalhos no formato de comunicação e pôster com publicação de anais de resumos expandidos. Apresentará atividades paralelas complementares online.
São propostos os seguintes eixos temáticos:
Tema 1 – Fábricas de transformação do alimento e agroindústria
Coordenadora:
Profª. Drª. Priscila Vasconcellos Chiattone (Lattes)
Colaboradores:
Profª. Drª. Rosislene de Fátima Fontana (Lattes)
Profª. Drª. Adriana Brambilla (Lattes)
Profª. Drª. Eurídice Ribeiro de Alencastro (Lattes)
A história da civilização tem uma forte relação com os alimentos de acordo com sua disponibilidade, forma de preparo e consumo. A alimentação humana, para além de um fato biológico é, assim, um ato social e cultural. Isso posto, a culinária dos povos passa a ser considerada patrimônio cultural imaterial tendo fundamental importância à preservação do conhecimento tradicional gastronômico para a memória e identidade destes. Assim, essa sessão temática abordará a relação das fábricas de transformação dos alimentos e dos aspectos culturais e memoriais a ela relacionados, a exemplo das agroindústrias, sendo que muitas delas, por diversos fatores históricos e econômicos, encontram-se vazias e ociosas a espera de um novo significado.
Assim, os trabalhos enviados a essa sessão deverão apresentar a temática do patrimônio cultural alimentar e/ou agroindustrial, os quais poderão envolver componentes materiais, como os alimentos, artefatos, utensílios culinários e a própria edificação agroindustrial, bem como imateriais, como práticas, saberes, representações e experimentação.
Tema 2 – Patrimônio alimentar e turismo
Coordenadora:
Drª. Luciana de Castro Neves Costa (Lattes)
Colaboradores:
Prfª. Drª. Alessandra Buriol Farinha (Lattes)
Drª. Alice Leoti da Silva (Lattes)
Drª. Juliana Rose Jasper (Lattes)
O patrimônio alimentar compreende, além dos alimentos, objetos, espaços, práticas, representações e conhecimentos que se vinculam historicamente a coletividades e aos territórios. As práticas alimentares são assumidas como instrumento de comunicação, concentrando informações de cunho cultural, histórico, ecológico, político, e afetivo, o que contribui para sua inclusão no âmbito do turismo. Dentro desta perspectiva, o GT “Patrimônio Alimentar e Turismo” propõe-se como um espaço de discussão assentado sobre a dimensão cultural da alimentação e sua mobilização no turismo, a partir dos eixos temáticos:
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- Práticas alimentares: saberes e fazeres, memórias e identidades.
- Turismo como fator de salvaguarda dos patrimônios alimentares.
- Chancelas patrimoniais e interfaces turísticas: patrimônio imaterial, paisagem cultural, e Cidades Criativas da Gastronomia (UNESCO).
- Comida como ativo territorial: atrativos, eventos, museus, e roteiros gastronômicos.
- Territorialidades gastronômicas, indicações geográficas e sinais distintivos de qualidade.
- Turismo gastronômico.
- Tradição, inovação e neoruralidades.
- Manifestações alimentares no urbano: comida de rua e feiras gastronômicas.
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Tema 3 – Políticas públicas e sustentabilidade
Coordenadora:
Drª. Jossana Peil Coelho (Lattes)
Colaboradores:
Drnda. Amanda Mensch Eltz (Lattes)
Esta sessão de trabalho tem por objetivo debater as relações entre patrimônio industrial, políticas públicas e sustentabilidade.
Segundo o ICOMOS ao “patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico”.
Portanto, a este conceito estão inseridas as dinâmicas de industrialização, inserção de novos espaço e processos produtivos, os quais, seja pela introdução, transformação e extinção, geram impactos nos âmbitos físico, ambiental, social e econômico.
A partir deste apontamento indagamos: qual o papel das políticas públicas e ações sustentáveis, para além das chanceladas por órgãos e/ou institutos patrimoniais públicos e privados, que favorecem o reconhecimento, valoração, preservação e difusão dos vestígios industriais materiais e imateriais de distintas comunidades?
Assim, nota-se a urgência do debate interdisciplinar entre as mais diversas áreas e disciplinas, que transpassam de alguma forma pelo patrimônio industrial, em suas mais variadas tipologias, expressões, estudos e interpretações, para contribuir de forma harmoniosa e sustentável os novos usos do patrimônio industrial, e o desenvolvimento do local onde estão inseridos.
Tema 4 – Alimento, Memória e tradição
Coordenador:
Prof. Drndo. Wagner Halmenschlager (Lattes)
Colaboradores:
Me. Giane Trovo Belmonte (Lattes)
Renata Tomaz do Amaral Ribeiro (Lattes)
Nicole Weber Benemann (Lattes)
Esta sessão de comunicação tem como objetivo explorar as relações entre alimento, memória e tradição, destacando a importância do patrimônio cultural e da sustentabilidade nesse contexto. Serão abordados temas relacionados à preservação e valorização das tradições culinárias, as memórias associadas aos alimentos e sua transmissão entre gerações, bem como a influência desses aspectos ligados a sustentabilidade. Desse modo, visando contribuir para a compreensão e promoção do alimento como um elemento central na construção da memória e identidade cultural, além de seu papel na busca por soluções sustentáveis na área alimentar, esse GT propõe, a partir de uma perspectiva multidisciplinar, a discussão do assunto através dos seguintes eixos temáticos:
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- Alimentos como patrimônio cultural: Estudo das práticas alimentares tradicionais como expressões culturais e sua salvaguarda como patrimônio imaterial.
- Memórias gastronômicas: Análise das memórias individuais e coletivas associadas aos alimentos, suas histórias e significados culturais.
- Transmissão intergeracional: Investigação dos processos de transmissão de conhecimentos culinários entre gerações e o papel da memória na preservação das tradições alimentares.
- Sustentabilidade alimentar: Exploração das práticas alimentares sustentáveis, como o aproveitamento integral dos alimentos, a valorização da biodiversidade e a promoção da agricultura local.
- Desafios contemporâneos: Discussão sobre os desafios atuais relacionados à preservação das tradições alimentares, a perda de memória gastronômica e as possíveis estratégias para sua revitalização.
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