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  • Estudantes sentem prejuízos e insegurança com falta de ônibus de apoio da UFPel

    Por Bruna Palharini, Echylen Fernandes, Líliti Goulart e Lylian Santos

    Filas extensas, longos períodos de espera e ônibus lotados são situações que se tornaram parte do cotidiano de quem depende do transporte universitário. (Foto: reprodução/CLC)

    A escassez de ônibus de apoio da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é um problema antigo que tem afetado diretamente a rotina de centenas de estudantes. A frota, composta por veículos antigos e frequentemente em manutenção, aliada às limitações orçamentárias da instituição, tem resultado em atrasos, superlotação e insegurança, principalmente à noite.

    No último mês, o tema voltou ao centro das discussões estudantis. Filas extensas, longos períodos de espera e ônibus lotados são situações que se tornaram parte do cotidiano de quem depende do transporte universitário. “Demora de mais de uma hora para entrar no ônibus, filas quilométricas, ônibus lotado com estudantes com medo de estar dentro”, relatou Arthur Schwab, presidente do Centro Acadêmico (CA) de Jornalismo, que afirma ter procurado o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a administração da universidade em busca de soluções. Segundo ele, a situação “beira o absurdo”.

    Arthur Schwab, presidente do Centro Acadêmico (CA) de Jornalismo, que afirma ter procurado o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a administração da universidade em busca de soluções. (Foto: arquivo pessoal)

    O transporte de apoio é essencial para estudantes de diferentes cursos e campi, especialmente para quem mora ou estuda em Capão do Leão, onde está localizado um dos principais polos da universidade. A linha que atende o município, que deveria operar com nove ônibus, estava circulando com apenas seis veículos, de acordo com a nota oficial da Universidade. Já a linha ESEF/FAMED tem sido alvo de críticas constantes dos estudantes devido à frota insuficiente, principalmente nos horários considerados de pico. 

    Brenda Paranhos, estudante de Jornalismo, afirma que o serviço faz diferença, mas ainda está longe de atender a todos.“Um ônibus que te deixa na porta da faculdade é muito bom, principalmente para quem não pode custear o transporte diário. Mas de 0 a 10, eu daria nota 7. O serviço é bom, mas precisa de muitos ajustes”, avaliou.

    Brenda conta que, por falta de horários e paradas acessíveis, precisa recorrer a transportes por aplicativo para se deslocar à noite. “Como moro em Capão do Leão, para voltar para casa preciso pegar Uber todos os dias do Anglo até a parada da minha cidade. É perigoso caminhar sozinha à noite pelo centro de Pelotas”, explicou.

    Filas extensas, longos períodos de espera e ônibus lotados são situações que se tornaram parte do cotidiano de quem depende do transporte universitário. (Foto: reprodução/CLC)

    A sensação de insegurança também é compartilhada por Eduarda Peverada, estudante de Psicologia, que evita o ônibus de apoio devido à localização das paradas. “Estudo à noite e a parada mais próxima fica em uma rua deserta. Muitas vezes prefiro gastar com Uber para não correr risco. Se fosse mais frequente e tivesse mais opções, eu utilizaria o ônibus para ir e voltar das aulas”, contou.

    Além da precariedade da frota, a falta de horários nos períodos de pico, como ao meio dia e no início da noite, é uma das principais queixas. A universidade enfrenta dificuldades financeiras e logísticas para manter o serviço e cumpre papel essencial na permanência estudantil. Apesar disso, os alunos esperam melhorias na frota e ampliação dos trajetos, incluindo novas paradas e horários mais adequados. “O transporte estudantil é um direito, não um favor. Sem ele, muitos alunos simplesmente não conseguem frequentar as aulas”, resume Arthur.

    Enquete revela insatisfação generalizada
    Uma enquete realizada pelas repórteres com estudantes da UFPel reforça as críticas ao serviço de transporte. 95% dos participantes afirmaram utilizar o ônibus com frequência, destacando sua importância para a rotina universitária. No entanto, 63% consideraram os horários apenas razoáveis, enquanto 32% classificaram como “muito ruins”, apontando longas esperas e falta de previsibilidade.

    Os dados mostram ainda que 100% dos entrevistados relataram ter enfrentado algum tipo de problema, principalmente atrasos, superlotação e falta de informações sobre trajetos e horários. Quanto à localização das paradas, 84% disseram já ter enfrentado dificuldades, seja às vezes ou com frequência, o que aumenta a sensação de insegurança, especialmente entre estudantes que frequentam o turno da noite.

     Voz da comunidade universitária
    Os resultados da enquete e os depoimentos coletados apontam para um problema crônico que ultrapassa a questão do conforto, o transporte de apoio está diretamente ligado à permanência estudantil e à segurança dos alunos. Para muitos, a ausência de melhorias e a falta de comunicação entre a universidade e os estudantes têm agravado um cenário de precariedade que se repete semestre após semestre. “O transporte é essencial para quem estuda longe ou não tem condições de pagar ônibus todos os dias. Mas do jeito que está, acaba sendo um estresse diário”, resume uma das estudantes ouvidas.

    A universidade enfrenta dificuldades financeiras e logísticas para manter o serviço. (Foto: reprodução/CLC)

     O que diz a universidade?
    Segundo nota da gestão da UFPel nas redes sociais, o Transporte de Apoio é gratuito e tem por objetivo facilitar o deslocamento entre campi, porém reconhece que a frota própria ainda não atende 100 % da demanda e atribui os danos às restrições orçamentárias. “A meta de aquisição de mais ônibus permanece como prioridade da Reitoria. Foi observado que uma mudança nas rotas, para atender mais alunos, gerou aumento no percurso e tempo de deslocamento”. No entanto, tais iniciativas apenas aliviam o impacto imediato, sem resolver o problema.

  • Educação, território e juventude: experiências formativas em comunidades pesqueiras norteiam projeto

    Theodora Nunes, Maria Eduarda Santos, Júlia Radmann e Mariana Pereira 

    Jovens aprendem mais sobre a atividade pesqueira em projeto na Z3 e no Pontal da Barra (Leon Gonçalves/Reprodução)

    Às margens da Lagoa dos Patos, em Pelotas (RS), o projeto “Saberes Tradicionais da Pesca Artesanal” foi criado em 2025. O objetivo é preservar a tradição pesqueira local por meio de oficinas e debates sobre educação popular, aproximando os jovens de suas raízes e fortalecendo o vínculo com o próprio território. 

    O Rio Grande do Sul reúne cerca de 21 mil pescadores e pescadoras profissionais registrados. Pelotas se destaca como a terceira maior região pesqueira do estado, atrás apenas de São José do Norte e Rio Grande. Na Colônia Z3, mais de mil famílias vivem da pesca artesanal. Há mais de 100 anos, a comunidade atua na atividade, atravessando gerações e sustentando a identidade local. Junto com Liza Bilhalva, Ederson Silva, professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), é coordenador e idealizador do projeto. Filho de pescadores, ele nasceu e foi criado na região e, ao longo de toda a sua trajetória profissional, manteve uma relação próxima com a comunidade. 

    “É uma vontade muito antiga que a gente tem de desenvolver um trabalho de formação com os jovens. Eu, particularmente, já há mais de 10 anos vinha querendo desenvolver um projeto com essas características”, conta Ederson. 

    Ederson Silva, coordenador e idealizador do projeto

    A proposta de capacitar jovens locais, unindo o saber tradicional às atividades formativas sobre pesca, território e meio ambiente, foi acolhida pelos estudantes. Desde o início do projeto, a combinação entre conhecimento científico e cultura tem se mostrado uma ferramenta importante para criar diálogos e estratégias de resistência. Para Marianne Gomes, uma das participantes, é uma forma de pertencimento. “A gente já sentia essa necessidade antes do projeto. Faltava um espaço pros jovens trocarem ideias, aprenderem e se expressarem do jeito deles. A educação popular sempre pareceu importante pra gente por causa disso”, destaca.

    Participantes do projeto Saberes Tradicionais da Pesca Artesanal durante oficina de educação popular (Diego Freitas/Reprodução)

    Reconhecer os jovens das comunidades tradicionais é parte do processo de educação, não apenas como herdeiros de práticas culturais, mas como protagonistas na produção e na transmissão de conhecimentos. Luizyane de Souza Fonseca, de 19 anos,  reflete sobre o futuro e a formação cidadã da juventude: “(O projeto) ajuda a  sabermos de onde viemos, quem somos, e também para sabermos nossos direitos”. 

    A iniciativa é um espaço de escuta e reconstrução coletiva. Como explica Ederson, o projeto busca “despertar neles o interesse de identificar a pesca como atividade profissional, como oportunidade de futuro, não necessariamente no ato de pescar, mas em funções que dão suporte, como assistência técnica, elaboração e execução de projetos”. 

    Ao unir conhecimentos comunitários e vozes locais, o “Saberes Tradicionais da Pesca Artesanal” reafirma que a educação popular é também um exercício de comunicação: contar suas próprias histórias, pelos olhos e pelas palavras de quem vive na região. 

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    É um site da disciplina de Jornalismo Comunitário do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas, ministrada pelo professor doutor Paulo Eduardo Silva Lins Cajazeira.

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