Comunidade busca respostas sobre obras que alteram a rotina na Rua Marcílio Dias
Por Isadora Jaeger e Maria Clara Goulart

Esquina das Ruas Marcílio Dias e Avenida em obras, ao fundo a fachada da Escola de Ensino Fundamental São Luiz Gonzaga (Foto: Maria Clara Valério Goulart)
Os moradores da Rua Marcílio Dias, uma das principais vias de acesso à “Prainha”, em Rio Grande, enfrentam mudanças na rotina devido a uma obra de drenagem e pavimentação executada pela prefeitura. A intervenção do executivo municipal busca resolver antigos problemas de alagamento agravados pela enchente de 2024, mas tem causado transtornos e insegurança para quem vive e circula pela região.
Segundo informações de autoridades municipais, a obra prevê a substituição da antiga rede de drenagem pluvial, a instalação de novas tubulações e caixas de captação, além da reconstrução do pavimento asfáltico. No entanto, durante a execução, moradores relatam dificuldades de acesso, insegurança e transtornos diários.
A Rua Marcílio Dias é predominantemente residencial e abriga instituições importantes, como a Escola São Luís, onde estudam dezenas de crianças e adolescentes do bairro. Alice Quevedo, de 14 anos, estudante da escola, conta que a rotina ficou bem mais difícil. “A gente anda pela calçada, mas tá cheio de pedras, terra e uns canos grandes atravessando o caminho. É difícil passar, principalmente quando chove, porque escorrega e suja tudo. Tem dia que nem dá pra ir pelo mesmo lado, tem que atravessar a rua ou vir pela rua de trás”, descreve.
A mãe dela, Aline, complementa que atualmente a obra é um cenário preocupante de falta de segurança e organização. “Nós moramos aqui, na Marcílio Dias, e como ela estuda aqui também, todos os dias fazemos o trajeto a pé. Além dos buracos e do barro, colocaram banheiros públicos dos trabalhadores bem em frente à escola. É ruim pra quem passa ali todos os dias, principalmente pras crianças.”

Banheiro químico colocado em frente a Escola de Ensino Fundamental São Luiz Gonzaga (Foto: Maria Clara Valério Goulart)
Outra moradora, Márcia Helena Peres, que vive na rua desde a infância e trabalha em casa fazendo salgados para eventos, afirma que a intervenção sempre foi necessária, mas que sua rotina de trabalho foi afetada. “Essa rua sempre foi difícil. Antes mesmo da obra já tinha muita pedra solta, criava buraco e juntava água quando chovia. Quando a obra passou pela minha quadra, fizeram uma montanha de terra bem na frente da minha porta, ficou ainda mais complicado atender meus clientes que vêm buscar encomendas, eles não conseguem parar o carro e nem chegar direito na porta. A gente estava vivendo no meio da terra e do esgoto”.
A situação tem se agravado ainda mais atualmente, apesar das quadras iniciais já estarem finalizadas. Obras paralelas também estão em andamento em ruas próximas, como a Avenida Portugal e a Rua Visconde de Mauá. Com os acessos parcialmente bloqueados, a Marcílio Dias virou a principal rota alternativa de ligação entre o Centro e os bairros. Isso fez aumentar o tráfego de veículos e, consequentemente, os transtornos.
Motoristas e moradores reclamam da péssima condição de dirigibilidade, visto que, em algumas quadras, o asfalto não foi aplicado e, segundo os moradores, as equipes apenas realocaram pedras e terra, o que deixa o trajeto irregular e com riscos, especialmente após dias de chuva.

Montanha de terra criada decorrente da obra realizada na rua Marcílio Dias. (Foto: Maria Clara Valério Goulart)
“Essas partes que ficaram só com terra parecem mais um atoleiro. É perigoso pra quem anda a pé e até pros carros. O serviço parece inacabado”, comenta um comerciante que preferiu não se identificar.
Embora reconheçam a importância da obra para evitar alagamentos futuros, os moradores cobram maior clareza sobre o cronograma e a fiscalização da execução. A Rua Marcílio Dias é um eixo de circulação essencial, e a sua paralisação prolongada afeta não apenas o bairro, mas toda a dinâmica de tráfego da região.
O GPPE informou, em publicações nas redes sociais, que o projeto segue o cronograma estabelecido em contrato e que o trabalho é acompanhado tecnicamente por engenheiros do órgão. No entanto, não há divulgação pública detalhada sobre o prazo final e etapas de conclusão da obra.
Enquanto isso, quem vive e trabalha na região segue aguardando que as melhorias prometidas se concretizem — e que a Rua Marcílio Dias volte a ser um caminho seguro e acessível para todos.