Entre o mergulho e a distância

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17/mai _ 26/jun/2022

A pintura incandesce os entretempos da imagem. Na elaboração de seu conjunto de faturas, assim como na relação que estabelecemos como ela no espaço de exposição, o lugar do olhar é sempre lábil, deslocado, indeterminado.

A exposição apresenta trabalhos de seis artistas-pesquisadores brasileiros que elaboram a imagem em seus processos pictóricos: Clóvis Martins Costa, Felipe Góes, Lauer Nunes dos Santos, Lizângela Torres, Marilice Corona e Ricardo Mello. A pintura de imagem parece indicar uma sintomática presente na arte atual, seja através de uma revisão da história da arte quanto da elaboração própria ao fluxo randômico da imagem nas mais variadas e velozes plataformas. O tempo lento exigido pela pintura (no fazer e na fruição) contradiz a lógica do consumo instantâneo e da passagem irrefletida pelos carrosséis onde se engendra a perda absoluta do referente. Cabe aqui pensar no estatuto da pintura ao longo da história da arte como veículo de construção e propagação da imagem e que nos dias atuais, distante (ou muito perto) de sua designação original, apresenta-se como um dos veículos possíveis para a condensação do olhar através de lugares onde apenas uma lógica funciona, aquela da sensação. A pintura aparece aqui através de uma diversidade de abordagens onde o fio comum é a imagem presente/ausente. Imagens que singram o campo pictórico, ora fantasmas, ora espessuras materiais. Seja através da apropriação, ampliação, projeção ou evocação, a imagem pulsa (epiphasis) e escapa (aphanisis), ativando o olhar em suas dimensões óticas e hápticas.

No ocaso das imagens, o olhar retorna, como outra camada na fatura (fratura) temporal do campo pictórico.

curadoria _ Clóvis Martins Costa