Andrea Madruga – linhas e linhagens nos caminhos da lã

A artesã Andrea Madruga Garcia tem um olhar seguro. Acostumado a prestar atenção, a acompanhar linhas, a seguir o cruzamento de fios, a compor paletas de cores, em tramas de lã que resultam em ponchos, palas, mantas, coletes, entre muitas outras peças. Por meio da marca Fio Farroupilha, com ateliê no interior da cidade de Piratini, no sul do Rio Grande do Sul, movimenta uma malha composta por pecuaristas familiares, com destacado protagonismo feminino, com linhagens que disseminam saberes pelos caminhos da lã, pelos caminhos do pampa.

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José Camilo Pires Pereira – Lidas e vidas nos campos banhados

O Sr. Camilo é peão campeiro e artista plástico. Atualmente, ele reside na Balsa, uma área localizada nas bordas do Canal São Gonçalo, em Pelotas/RS. Sua família morava na “Avenida Cidade de Rio Grande”, por onde passavam as tropas em direção ao frigorífico Anglo. O pai trabalhava numa fábrica de tecidos e “também era metido a gaúcho, sempre lidando com bichos, com cavalos”. A mãe, por sua vez, costurava e tinha uma “leitaria” – empreendimento de produção leiteira. Os dois compraram a casa quando Camilo tinha cinco anos, pois onde moravam a cidade já se constituía e “estava tudo apertado”, o que dificultava a manutenção do gado leiteiro. “Eles se mudaram para lá porque tinha mais campo, mais espaço. Largavam as vacas lá para baixo e só ia buscar à tardinha.” Naquela época, a região do Navegantes, da Balsa e do Passo dos Negros era “tudo campo”. “Tinha uma casinha que outra.”

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Lidas e vidas

Destacado

Falar sobre um intelectual é também falar sobre suas ideias. Mas a história das ideias é marcada por um enigma: tamanha parece ser a capacidade das ideias de aparecer em todos os tipos de tempo e de lugar que podemos considerá-las adiantadas ou atrasadas em relação a seu tempo.”

Marilyn Strathern, O efeito etnográfico

Lidas e Vidas” surge enquanto um desdobramento do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC): Lida campeira nos campos dobrados do Alto Camaquã/RS. No trabalho de campo, iniciado em 2010, a equipe vem acessando a área cultural do pampa, por meio de trabalho de campo e acompanhamento das atividades realizadas pelos detentores e detentoras dos ofícios, que vivenciam ou vivenciaram a lida da pecuária.

lida campeira abarca uma série de atividades com relação ao manejo dos rebanhos e ao cotidiano da propriedade se configurando como um modo de vida. Configura um trabalho que acompanha os ciclos da criação, os horários do sol, as estações do ano, os períodos de chuva e de seca, com as tecnologias desenvolvidas no campo científico e com a racionalização do próprio trabalho.

A etnografia parte do reconhecimento dos saberes dos interlocutores, por meio das relações tecidas em campo entre humanos, outros animais e ambientes. Busca, assim, experimentar algumas das dimensões possibilitadas pela escrita etnográfica, articulando sentidos, teorias e cadernos de campo, em diálogo com outras formas expressivas, como o vídeo etnográfico, a fotografia, a poesia e o desenho.

Seu Beto – Lidas e vidas entre as pedras


Foto: Guilherme Santos / Sul21

Seu Beto é um peão desassombrado, desses que garantem não ter medo de vulto ou assombração quando atravessa os campos de Palmas, na Serra do Sudeste, interior de Bagé, nas madrugadas escuras do sul rio-grandense. A região do pampa gaúcho é destacada pela particularidade dos campos de pedra, ou campos dobrados, com paisagem marcada por acidentes geográficos, peraus, afloramentos rochosos e guaritas, um mosaico de campos, pedras e matos.

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