Quem passa pelo novo Parque Jardim Botânico, localizado no bairro Fátima da cidade de Caxias do Sul-RS, percebe que em algumas épocas do ano as represas São Paulo e São Pedro no Complexo Dal Bó possuem plantas aquáticas (macrófitas) que, em determinados períodos, tomam praticamente toda a represa.
As macrófitas podem surgir quando há excesso de matéria orgânica na água, ou seja, descarte de lixo, esgoto, insetos e animais em decomposição. A sujeira descartada nas ruas da cidade e no entorno da própria represa são carregadas pela chuva até as barragens e servem de alimento para a reprodução das plantas.
O Engenheiro Hidrico Juliano Vasconcellos Sinotti, formado pela Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, realizou um estudo inovador nas represas que atendem o abastecimento público na cidade de Caxias do Sul-RS, a fim de compreender a proliferação de macrófitas juntamente com blooms de cianobactérias, utilizando instrumentos e ferramentas de geotecnologias.
Com o uso da plataforma Google Earth Engine, através de imagens de satélite, foi possível verificar e distinguir florações de plantas aquáticas, auxiliando a compreensão da qualidade da água em cada represa, gerando uma série temporal, onde foi possivel identificar que a época de maior proliferação é no início da primavera e se estende ate o final do verão, explica Sinotti. O estudo segue para publicação em revista e congressos internacionais e estará disponivel tambem para acesso público na biblioteca online da UFPEL.
O complexo Dal Bó é responsável pelo abastecimento de nove bairros de Caxias do Sul, o que equivale a 4% da população. De acordo com o Serviço Autonômo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) de Caxias do Sul, a presença das plantas não altera a qualidade da água distribuída para a população.
O Monitoramento por sensoriamento remoto vem ganhando potência nos ultimos anos e isso vem sendo utilizado por muitos pesquisadores no cenário atual das mudanças climaticas. Atualmente, a equipe do Laboratório de Geotecnologias da UFPEL vem desenvolvendo ferramentas capazes de analisar a qualidade da água por dados geospaciais. Uma dessas ferramentas é o Aplicativo “AlgaeMap”, desenvolvido dentro da plataforma Google Earth Engine e que fornece imagens históricas e atuais contendo informações do estado trófico, da concentração de clorofila-a e da floração de algas em reservatórios e lagos da América do Sul.
Por Juliano Sinotti.
Foto aérea: Represas São Pedro e São Miguel no Complexo Dal Bó.