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História

O novo espaço físico da Discoteca Luís Carlos Vinholes, que conta com um acervo de cerca de 20 mil discos, o projeto é de iniciativa do professor Mário de Souza Maia, do Centro de Artes. Os itens que compõem a coleção são oriundos de doações, sendo a maior parte proveniente da Bibliotheca Pública Pelotense e da Rádio Federal FM. Além de álbuns de vinil, o acervo conta com centenas de obras em outras mídias como CDs, fitas magnéticas e K7s. O professor Mário reforça a grande importância das doações menores feitas por pessoas, que dão a riqueza para a variedade do acervo.

A Discoteca L.C. Vinholes ocupa as salas 303 e 304 do prédio do Centro de Artes/UFPEL, situado à rua Coronel Alberto Rosa, 62.

Segundo o professor Mário Maia, o compositor Luiz Carlos Vinholes é reconhecido por seu pioneirismo na música aleatória no Brasil. Vinholes se manteve sempre muito atuante na área cultural, e se notabilizou por defender e divulgar a cultura brasileira em outros países, sobretudo no Japão, onde residiu por vários anos.

Em 1957, Vinholes foi contemplado com uma bolsa de estudos do Ministério da Educação do Japão. Após o término dos estudos, continuou residindo no país, onde desenvolveu pesquisas sobre música chinesa, coreana e japonesa e se apresentou com frequência em conferências e simpósios internacionais. Também foi responsável por introduzir alguns aspectos da cultura brasileira na “Terra do Sol Nascente”, onde apresentou um programa de rádio, em que promoveu a recém surgida Bossa Nova aos ouvintes japoneses. Vinholes ocupou os cargos de encarregado do Setor Cultural da Embaixada Brasileira e adido cultural em Tóquio, onde,  a partir de 1961, desenvolveu intenso trabalho de divulgador da música brasileira. Foi idealizador e promotor das primeiras cidades-irmãs entre o Brasil e o Japão: Pelotas/Suzo (1962) e Porto Alegre/Kanazawa (1965). Ainda no Ministério das Relações Exteriores, o compositor trabalhou no Paraguai, Canadá e Itália.

O professor Mário Maia relata que sua relação com o compositor se estreitou na década de 1990, quando buscou na obra de L.C. Vinholes o tema para sua dissertação de mestrado em História pela PUC-RS. Em 1951, o compositor John Cage – influenciado pela dadaísmo e pela filosofia zen – compôs “Music Changes” e “Imaginary Landscape nº4″, quando foram empregados pela primeira vez na música o acaso e a indeterminação. A composição “Instruções 61″, de Vinholes é considerada a primeira música aleatória de um compositor brasileiro. Este fato foi o mote inicial da pesquisa de Maia, que logo percebeu as multifacetas da atuação de L.C. Vinholes.

O compositor fez importantes doações para o acervo da Discoteca, como vários instrumentos folclóricos oriundos de vários países. Mas o professor Mário Maia reforça que a escolha do nome de Vinholes para batizar a Discoteca é na intenção de que cada vez mais se reconheça a importância que o músico representa no universo da música e da cultura contemporâneas.

Até o momento a manutenção do acervo da Discoteca da UFPEL tem sido realizada por meio de metodologias próprias para a catalogação, além do registro das obras em livro tombo. Este trabalho visa inicialmente promover a consolidação do estado de conservação das obras e a posterior digitalização dos materiais de áudio, com o objetivo de proporcionar o acesso do público aos arquivos e, fundamentalmente, para proporcionar a elaboração de uma programação musical diferenciada para a Rádio Federal FM, a partir deste rico e histórico acervo.