Futebol Brasileiro e Olimpíadas de Paris: Expectativa e Decepção

O futebol fez sua estreia Olímpica em Paris 1900 e apareceu em todos os Jogos desde então, com exceção de Los Angeles 1932. Os jogadores profissionais foram admitidos pela primeira vez, com algumas restrições, em Los Angeles 1984, e em Barcelona 1992 tornou-se um torneio sub-23. Quatro anos depois, em Atlanta, três jogadores acima da idade foram permitidos por equipe e essa continua sendo a situação atual em relação à elegibilidade. Atlanta 1996 também viu o futebol feminino fazer sua estreia Olímpica, com a anfitriã EUA conquistando o primeiro título.  

Para Paris 2024, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), serão 12 equipes no torneio feminino, sendo ao todo 216 atletas (18 por equipe). Uma vaga pertence à equipe do Comitê Olímpico Nacional (CON) do país-sede (França), enquanto as outras 11 serão disputadas pelas equipes de Comitês Olímpicos Nacionais de todo o mundo, através de torneios de classificação. Já o Masculino serão 16 equipes no torneio masculino, sendo ao todo 288 atletas (18 por equipe). Uma vaga pertence à equipe do Comitê Olímpico Nacional (CON) do país-sede (França), enquanto as outras 15 serão disputadas pelas equipes de Comitês Olímpicos Nacionais. 

Dando este pequeno breve histórico e informações gerais, adentramos a Seleção Brasileira tanto feminina, quanto masculina em relação a Paris 2024. Apesar, digamos que o histórico geral, da seleção masculina ser melhor, hoje há uma distância em relação a expectativa de ambos, no que tange a olimpíadas. É fácil falar isso hoje, já que a seleção masculina, infelizmente, não se classificou. Já as brasileiras conseguiram vaga como finalista da Copa América Feminina de 2022, torneio realizado na Colômbia e vencido pelo Brasil.  

A expectativa em ter um bom desempenho em Paris 2024, está calcada no treinador Arthur Elias, que é considerado o maior especialista em futebol feminino no Brasil, um reconhecimento que o transformou em treinador da Seleção Brasileira, após a Copa do Mundo de 2023. Independente disso, a pressão pelo tão desejado ouro é grande, e Arthur Elias relata como lidar com essa pressão: ‘’As eliminações podem ficar na cabeça de algumas jogadoras, até mesmo as que não estavam lá. Agora a gente vive um momento totalmente diferente. Elas podem lidar melhor com essas experiências anteriores. Trabalhar de uma maneira que a Seleção seja muito cooperativa entre todos os profissionais para chegar forte e mudar essa história. Para trazer uma nova experiência vencedora, a mentalidade precisa ser realmente melhorada. A gente teve um

grau de competição alto, com coisas boas sendo construídas. Mas o futebol é duro, te cobra resultados rápidos e eu sei como funciona. É isso que eu estou buscando com a minha comissão e com o grupo de atletas.’’ 

Um ponto importante a se trabalhar para Paris 2024, é como trabalhar a questão do grupo como um todo, e não ficar dependente de nomes importantes como Marta, Cristiane e Formiga. Arthur ressalta: “Eu concordo até certo ponto que se dependia muito destas jogadoras. Principalmente Marta, Cristiane e Formiga, que são fenômenos muito acima da média. A Marta é a maior jogadora de todos os tempos. A Cris e a Formiga também estão entre as 10 maiores de todos os tempos. A Seleção propunha um jogo mais individualizado, que não tinha tanta associação coletiva. Em uma Seleção que fazia muitos dos seus gols em transição e contra-ataques, era natural que essas jogadoras fossem as mais decisivas. Elas se destacaram e a Seleção, sim, dependia muito delas. Mas o tempo passou e o futebol mudou. E é dever tanto delas quanto meu, enquanto treinador, encontrar a melhor maneira para que elas se sintam bem e possam seguir importantes e decisivas para a Seleção Brasileira, mas dentro de um momento diferente do futebol com um jogo mais coletivo – que eu acho sempre mais eficiente para as conquistas.” 

Sobre Marta, após receber uma homenagem da Fifa pela carreira e dar nome a um novo prêmio The Best para o gol mais bonito do ano no futebol feminino, a craque admitiu que 2024 pode ser o seu último ano como jogadora profissional. Ela relata que ainda pretende estar presente em mais uma olimpíadas: “Eu saio daqui muito motivada, quero jogar mais uma vez as Olimpíadas, e depois disso vamos encontrar as respostas, se vou seguir ou vou parar.” 

Já em relação a seleção masculina, nem uma expectativa se tem, pois o Brasil não se classificou. E essa frustração se dão por alguns pontos. A derrocada do time sub-23 comandado por Ramon Menezes, que claramente não era o nome que tinha que estar a frente neste desafio, onde o próprio sem estofo nenhum optou por decisões equivocadas, resultando nos erros dos jogadores em momentos cruciais de partidas importantes.  

Outro ponto a se destacar é a problemática ligada à gestão das seleções feita pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O Brasil passou recentemente por problemas de representatividade no comando da CBF: Ednaldo Rodrigues chegou a ser afastado da presidência pela Justiça.  

Segundo o próprio Ednaldo e a CBF, a seleção passou sufoco e não conseguiu negociar com antecedência a liberação de jogadores para as competições. O que fez com

que as listas fossem alteradas de última hora. Ainda por cima, lesões aumentaram a dor de cabeça. 

Mas apesar disso, o torcedor brasileiro pode se sentir bem representado pela seleção feminina, que vai ser comandada pelo jovem e bom treinador Arthur Elias, que provavelmente convocará jogadoras como Marta e Cristiane. Além disso, o técnico vem apostando em um bom momento vivido por nomes como Debinha, Bia Zaneratto, Geyse, entre outras. E essa mescla que é a grande aposta para a conquista do tão sonhado ouro. 

O sorteio dos torneios masculino e feminino de futebol dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi realizado no dia 20 de março, na cidade-sede do evento. A seleção brasileira vai estrear em Bordeaux, dia 25. O segundo jogo, dia 28, será contra o Japão, no Parc des Princes. A partida contra a Espanha será dia 31, novamente no Stade de Bordeaux. O técnico Arthur Elias acompanhou o sorteio, em Paris.

Redação: Antônio Pinheiro

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