Como criar uma Cartogravista Transmontana, no território de Bragança?
Tudo que observo nas caminhadas contemplativas ou exploratórias sensíveis são listadas, as coisas, as pessoas , as palavras são sendo captadas, mas as que me afetam no processo de avistar e se movimentar numa condução não funcional.
As listas são concebidas como lembretes, podem ser listas com desenhos, fotografias, filmes ou textos.
Como uma “espécie de espaço de George Perec” vou nomeando, caracterizando o que me chama a atenção, que me toca a curiosidade e me desperta fascinação, encantamento.
Em Bragança avistei as pedras, muitas, de vários formatos, cores, e em contextos diferentes, como se o dentro da pele, da superfície da terra estive ao avesso e desbastada.
AS PEDRAS! isso é o trabalho, as pedras, as suas versões! O processo é arte!
Fotografar, desenhar, vazar e imprimir, assim como posso frottar.
A cartogravista passa a existir , ou a tornar visível os pontos de vistas de um território percorrido e perpetuado em meu olhar! Nem tudo que coloco na cartografia de estêncil é visível a todos e se sim, não da mesma maneira.
A Cartogravista pode ser realizada por uma pessoa a partir de um deslocamento individual ou por muitas pessoas caminhando junto, assim é possível olhar pelo olho do outro que, ao mostrar o que avistou nos possibilita trazer a tona o que as vezes é invisível aos nossos olhos. As cartografias de vistas de Bragança estão sendo realizadas… mas já falamos sobre pedras, sobre as suas características e do solo, sobre as que aqui daqui e de outras regiões, sobre as pedras do castelo, das casas nas zonas rurais, sobre as pedras sociais, arquitetônicas, estruturais, decorativas, artísticas, escultóricas e lascadas, as protetivas, as que cobrem teto e que erigem castelos, as pedras, etc. (…) Da arte, da geologia, da história, da cultura.
Cartão de vista mirante, 2024.
