Este Dossiê Especial é fruto da união de diversos segmentos sociais, vítimas dos eventos climáticos severos que assolaram o estado do Rio Grande do Sul no segundo semestre do ano de 2023. A proposta desse grupo é ampliar as vozes que circulam em uma publicação científica, buscando a inclusividade e a abertura epistemológica. Assim, contam com a colaboração de estudantes, professores, médicos, assistentes sociais, psicólogos, servidores públicos municipais, membros da defesa civil, militantes de ONGs, dentre outros agentes públicos e privados, que muito nos honram e orgulham. Com isso, o Dossiê abrange temas importantes no contexto das emergências climáticas em território gaúcho: os grupos populares e suas formas de resistência; políticas públicas; instituições; governança e sustentabilidade; saúde mental e perspectivas humanistas.
A ciência se concretiza com fatos. E, abrir a Revista CEDEPEM para que a sociedade possa falar, configurou-se em um grande desafio para todos. Qual seria o método correto para abarcar tantas experiências diferenciadas sobre os eventos derivados das mudanças climáticas?
A resposta é simples: inclusão!
Incluir significa ampliar o debate, visibilizar os invisibilizados, descentralizar decisões, despir-nos de vaidades pessoais e profissionais. Os indivíduos precisam de voz, as comunidades precisam de respeito, as pequenas e médias cidades precisam de maiores investimentos. A base da democracia situa-se nos municípios e a política deve ser plural, pois espera-se que a representatividade se torne, realmente, representativa e, trabalhar com mudanças climáticas nos fez refletir a hipocrisia do nosso próprio discurso. Nessa direção, trabalhar com mudanças climáticas levou-nos à reflexão sobre a necessidade de aproximação dos debates acadêmicos para a dura realidade cotidiana, trazida pelas catástrofes climáticas, em busca de caminhos e soluções democráticas e inclusivas. Ainda que o debate sobre a integração de saberes populares e sociais cotidianos com o conhecimento técnico-científico já se faça há muito tempo, pouco se avançou em práticas nos espaços institucionalizados que, enquanto pesquisadores(as), ocupamos. Por isso, aqui apresentamos um processo possível!
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