A Revista Porventura busca se conectar com os estudantes por meio de assuntos que eles se interessam, como há um grande interesse por ilustração no Design da UFPel, foi criada a seção Ilustre, que traça o perfil de ilustradores que estão por aí espalhando seu talento. Na edição 5, o entrevistado foi o Du (Eduardo Rodrigues) e o resultado segue abaixo:
O Eduardo (Du) Rodrigues foi um dos grandes e ilustres artistas que conversamos na edição 05 da Revista Porventura. Em uma entrevista para a Gabriela Rodrigues ele um pouco mais sobre o seu processo criativo e vale a pena relembrar.
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“O mercado está pedindo arte”
Eduardo Rodrigues da Silva é um artista independente de 30 anos, natural e residente de Araraquara, apaixonado pela natureza que escolheu a zona rural como seu refúgio artístico. Ao abrir seu Portfólio é notável a explosão de cores em seus trabalhos e o entusiasmo com que leva essa carreira.
- PORVENTURA: Conta pra gente quando foi que começou sua paixão pela arte
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- DU RODRIGRES: Olha, a paixão acredito que quando eu era pequeno e via minha vó mais um grupo grande de artistas se reunirem em um barracão abrirem seus cavaletes e se encontrando apenas para produzir arte, lógico que era uma arte muito diferente da que eu tenho afinidade, era natureza morta, mas era meu primeiro contato com pessoas que pintavam e eu era muito novo, menos de 8 anos… Mas minha vó já me dava umas telinhas pequenas para que eu pudesse pintar junto, a técnica era tinta óleo.
- [P]: E falando desse seu estilo próprio, quais são suas maiores inspirações?
- [D]: As inspirações vem em geral de uma única fonte: a natureza. Ela me serve de base de referência para as combinações de cores e formas, daí tento estar sempre atento aos “padrões” que vou observando nas plantas, insetos, pássaros, fungos, etc. Costumo brincar muito com a simetria em meus trabalhos, e ninguém brinca melhor com isso que a própria natureza.
[P]: Como funciona seu processo criativo?
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- [D] : Atualmente tenho tido uma afinidade muito grande na combinação de tinta acrílica com POSCA e outros tipos de canetas marcadoras coloridas…essa acredito que tem sido a base dos meus últimos trabalhos, geralmente sobre MDF ou Tela.
- Mas cada trabalho é um trabalho, tem alguns que tem uma técnica bem variada…
- gosto de explorar superfícies, e a Posca é muito boa pra isso.
- [P]: Nos murais você usa posca também?
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- [D]: uso sim, mas só a POSCA 8k e 17k, que tem pontas mais grossas e por isso suportam desenhar em muros e texturas mais grossas. As mais finas sofrem nessas superfícies, estragam rápido.
- [P]: A gente queria saber um pouco sobre o mercado de trabalho de um artista. Quando foi que você começou a ver sua arte como um meio de ganhar a vida e como foi que você começou a investir nessa carreira?
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- [D]: Eu tive o prazer de ter convivido com muitos amigos que se jogaram para trabalhar como artistas plásticos, o que mais me marcou foi o Chamarelli, um amigo da minha sala na faculdade de Design Gráfico (antigo Desenho Industrial – Programação Visual) na Unesp de Bauru, esse cara é simplesmente um gênio, e mal ele começou a pintar suas primeiras telas já impactou geral, ele postava as artes dele no Flickr, de repente as galerias de arte de diversos países foram chamando ele para fazer exposições, e o trabalho dele é impressionante, simplesmente alastrou mundo a fora, uma pessoa que admiro muito mesmo… Fora esses exemplos de amigos já vivendo da sua arte, também teve todo preparo acadêmico que tive, estudo arte desde pequeno, fiz curso de design, onde nos primeiros anos exigiam muito que trabalhássemos com excelência nosso desenhos nas mais diversas técnicas, o nível da sala era tão alto que depois do segundo ano da faculdade simplesmente parei de desenhar, estava fazendo faculdade disso e parei de desenhar, por que achei que não teria chance num mercado com tantos feras como aqueles amigos da minha sala de 25 alunos. Viagem minha né, mas parei de desenhar e só voltei 8 anos depois…dai pra entrar de cabeça nessa brincadeira.
- [P]: Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou ou enfrenta na sua carreira como ilustrador?
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- [D]: Não digo que seria exatamente uma dificuldade, mas devemos aprender a lidar com os clientes. Até, porque no mercado é grande a demanda, é grande de verdade, os artistas não conseguem ficar produzindo na velocidade de uma impressora, e é mais ou menos essa velocidade que o mercado de arte anda. O mercado está pedindo arte, as pessoas querem mudar o visual das suas casas, os quadros de natureza morta já nem se encaixam com a arquitetura das casas atuais, então a demanda é grande por artistas, fora se você atender áreas comerciais, que querem se diferenciar para ganharem mais cliente”.
- Não digo que se ganha dinheiro fácil, por que não é nada disso, não tem nada de fácil, mas você recebe como qualquer outro profissional prestador de serviço, seu preço vai subindo conforme seu serviço evolui e a procura aumenta, e assim você vai progredindo, temos que lidar como qualquer outra profissão, tirar aquele status de artista ser diferente de outras profissões ou não ser profissão, é igualzinha as outras no sentido de responsabilidades, dedicação, prazos, valores, estudo, etc.
- [P]: E pra você, qual a melhor parte de seguir essa carreira?
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- [D]: A melhor parte para seguir essa carreira é fácil responder… o Carinho. Isso é o que me pega mais nessa historia toda e com certeza é o que não me deixa parar. Porque de verdade, isso é muito bom, isso é valioso, tem dia que a gente acorda meio desanimado porque tem um monte de coisa chata pra fazer, dai entra no facebook vê uma baita mensagem linda de uma pessoa que muitas vezes você nem conhece, que joga seu talento la nas estrelas e escancara um sorrisão na sua cara, daí já era, o resto do dia já ta mais colorido.
- [P]: Quais são seus projetos futuros?
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- [D]: Estou cultivando uma horta que será toda em forma de mandala. Como o terreno da chácara para qual me mudei só tinha uma única arvore, estou começando tudo do zero aqui, e tentando transformar o terreno numa tela enorme. Lógico que nada sai igualzinho ao planejado, mas essa “tela” está recebendo suas primeiras “pinceladas”. Uma vez vi um parque, acredito que na Nova Zelândia, que misturava arte, em sua grande maioria escultura integrando a paisagem de uma floresta muito linda, isso ficou na minha cabeça, quem sabe não inspira alguma coisa por aqui.
- [P]: Qual conselho você daria para quem está começando uma carreira como artista?
- [D]: Não começar mais ou menos, já se entregar de completo, tem que sonhar e produzir muito mesmo, e depois o mais importante, divulgar bem seu trabalho, acomodar o trabalho em uma boa postagem no facebook por exemplo, porque o importante é você se deixar ser puxado, quando os trabalhos vão ficando melhores, mais pessoas compartilham, mais pessoas vêem, mais gente se interessa e procura o artista para comprar ou encomendar um trabalho, dai um vai puxando o outro e dai a coisa vai andando que você nem percebe, vai ficando natural, sempre tem um próximo trabalho esperando.
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Autoria: Gabriela Silveira
Indicado por: Anna Laux
Postado por: Mariana do Couto e Silva
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