Por Kaique Cangirana/Superávit Caseiro
Indicadores são índices com dados que realizam o diagnóstico e permitem a previsão de medidas político-econômicas. Sua divulgação é efetuada após a execução de métodos de pesquisa, coletas e análise de dados estatísticos sobre uma determinada comunidade. Além de direcionar os movimentos de investidores e determinar as tendências de mercados como o setor imobiliário e do agronegócio, esses índices também são capazes de auxiliar a economia familiar na hora de decidir onde, quando e como direcionar recursos financeiros.
Os índices econômicos indicam cenários muitas vezes previsíveis aos olhos de economistas e cientistas políticos, o que não impede a incorporação dessas perspectivas a pessoas que acompanham o noticiário de editorias como a política e economia. Normalmente, índices econômicos são noticiados com uma frequência específica e qualificam a notícia de caráter utilitário. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, sempre divulga os números da inflação do mês anterior, quando sua medição foi completamente efetuada.
É comum que haja destaque para aqueles produtos e serviços que comandaram as altas nos preços. Exemplo disso foi o IPCA de outubro, que diagnosticou uma alta significativa no preço das passagens aéreas (23,7%), comandando a alta do setor de transportes e a inflação em seu todo (0,24%). Essa constatação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), garante que a demanda por viagens no fim de ano aquece o setor de turismo e exige medidas econômicas como a compra antecipada de passagens.
Os índices econômicos podem sofrer influência de políticas internas e internacionais, por isso, estão atrelados a análises macroeconômicas, porém, é na compreensão e informação acerca destes números que o desempenho econômico recebe destaque. As compreensões sobre os momentos econômicos podem revelar o melhor momento para investir, empreender, adquirir um bem ou imóvel. Os principais indicadores utilizados no Brasil são: TAXA SELIC, IPCA, PIB, IGP-M e INPC.
PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) indica a atividade econômica do país ao representar a soma de todos os bens e serviços que agregaram aos cofres da União. Divulgado em trimestres pelo IBGE, o PIB deve ser comparado a resultados de outros países para que seu número seja expressivamente contextualizado no cenário econômico brasileiro. Em 2022, o PIB brasileiro foi de R$ 9,9 trilhões, número que, a depender de outras nações e indicadores, pode representar uma estagnação ou aquecimento da economia.
Taxa Selic
A Taxa Selic é a taxa básica de juros do Brasil que implica sobre empréstimos, financiamentos e investimentos. É o principal instrumento de política monetária do Banco Central (BC) que a divulga a cada 45 dias por meio do Comitê de Política Monetária (Copom) para controlar a inflação. O recente corte de 0,5% da taxa de juros, por exemplo, foi comemorado por investidores e pode representar oportunidades no direcionamento de seus recursos.
IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo mede a inflação a partir da variação de preços dos produtos e serviços consumidos por famílias com renda de até 40 salários mínimos que residam em áreas urbanas inspecionadas pelo IBGE. Logo, este índice representa o número oficial da inflação registrada no Brasil ao ser acumulado e divulgado a cada mês.
IGP-M
Calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) realiza métricas de variação de preços acerca dos aluguéis dos imóveis. Além de ser base para contratos imobiliários, também rege reajustes de contratos de prestação de serviços e tarifas públicas.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), assim como o IPCA e IGP-M também mede a inflação, mas possui especificidades em seus critérios, a principal diferença é seu direcionamento ao consumo de produtos e serviços de famílias com renda de até cinco salários mínimos. Este índice também é utilizado para o reajuste da aposentadoria e do salário mínimo, remunerações bases para a parcela mais carente da população e alvo do índice.
Os indicadores são responsáveis por processos de pesquisa,exposição de dados e análise em diversos campos da sociedade, mas como observado anteriormente, registram informações importantes que podem impactar na hora de empreender, investir, comprar bens ou contratar serviços.
A avaliação de dados fornecidos por indicadores pode nos levar ao questionamento e a busca por melhores alternativas para economizar. Será que vale a pena abrir minha farmácia, quando preços de medicamentos estão impulsionando a inflação divulgada pelo IPCA? Será que vale a pena comprar ou alugar um novo imóvel após a avaliação da última divulgação do IGP-M? Compensa investir mesmo com juros altos? Essas são algumas ponderações possíveis ao interpretarmos os indicadores disponíveis.
Além da perspectiva econômica que tratamos neste texto, a avaliação de políticas, governos e mercados podem ser avaliadas a partir destes dispositivos. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que o índice de desemprego é o menor desde 2015 após o registro de queda de 7,7% em setembro deste ano. Um número como esse representa uma boa notícia e pode ser consideravelmente utilizado como avaliação de um governo, assim como, a inflação de 142% ao ano na Argentina, foi predominante para eleição de Javier Milei no último domingo (19). A pesquisa realizada pela Poliarquía Consultores às vésperas do aniversário de redemocratização da Argentina, revelou que metade da população aceitaria um governo “não democrático” se esse resolvesse seus problemas econômicos. Este é mais um exemplo de como pesquisas exploram índices econômicos que revelam realidades e condicionam ações.
Em suma, indicadores podem ser importantes mesmo sendo divulgados após efeitos e consequências econômicas, seu entendimento e perspectivas podem tornar nossas escolhas mais seguras e assertivas frente a incertezas e possibilidades. Portanto, acompanhar especialistas, avaliações, diagnósticos e previsões acerca de indicadores socioeconômicos se mostra um hábito importante não só para a compreensão de cenários econômicos e sociais como também para o melhor desempenho na administração de recursos limitados.
Referências:
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. ibge.gov.br, 2023. Números da inflação de outubro no Brasil (IPCA). Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html. Acesso em: 20 de novembro de 2023.
O que são indicadores econômicos?. blognubank.com.br, 2023. Disponível em: https://blog.nubank.com.br/indicadores-economicos/. Acesso em: 21 de novembro de 2023.
RITTNER, Daniel. Metade dos argentinos aceita governo “não democrático” se ele “resolver problemas”, aponta pesquisa. CNN Brasil, São Paulo, 20/10/2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/metade-dos-argentinos-aceita-governo-nao-democratico-se-ele-resolver-problemas-aponta-pesquisa/. Acesso em: 21 de novembro de 2023.
SILVEIRA, Daniel. Desemprego cai a 7,7% em setembro, com recorde de trabalhadores ocupados no país, diz IBGE. G1, Rio de Janeiro, 31/10/2023. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/10/31/desemprego-fica-em-77percent-no-trimestre-terminado-em-setembro-aponta-ibge.ghtml. Acesso em: 20 de novembro de 2023.