Por Kaique Cangirana/Superávit Caseiro

A inflação é o conceito que representa a alta de preços de produtos e serviços na indústria e no comércio, medida por índices econômicos como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado oficialmente pelo Governo Federal e calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números da inflação podem influenciar a política de juros e as metas inflacionárias de um país, visto que seu cálculo representa a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias em determinado período. O índice pode representar uma crise econômica como a observada atualmente na Argentina, que possui uma inflação de 138,3% no acumulo do ano.

Em 2022, o Brasil fechou o ano com uma inflação de 5,8%, a segunda menor da América do Sul ficando atrás apenas da Bolívia com uma inflação de 3,2%. Normalmente, estes índices são guiados por produtos específicos que podem elevar os números com maior disposição por questões independentes a seu mercado. Um exemplo disso é a alta nos preços da gasolina devido a queda de estoque do petróleo de um grande exportador global desse carvão mineral, neste caso, a demanda se torna demais para a oferta que tende a valorizar e estabelecer uma relação de causa e efeito.

Dentre os principais fatores que geram a inflação, lista-se:

  1. A alta demanda por um produto ou serviço o que tende a valorizar o preço destes por sua escassez no mercado;
  2. A demasiada emissão de moeda e aumento de gastos governamentais que provocam a alta dos preços para o equilíbrio da balança comercial;
  3. O aumento de custos para a produção, seja com materiais ou mão de obra necessária, também implica na alta de preços de produtos e serviços. 

Em suma, a inflação representa o aumento do custo de vida e a desvalorização da moeda, quando descontrolada, pode diminuir o investimento de um país, causando incerteza e retardando desenvolvimentos socioeconômicos. A medida mais conhecida para se controlar a inflação é uma ação tomada pelo Banco Central com o aumento da taxa de juros, fator que diminui o crédito disponível, desestimula os investimentos e retém o poder de compra do consumidor. Recentemente, os investidores brasileiros comemoraram um corte de 0,5 pp na taxa Selic (A taxa básica de juros), o que representou o efeito inverso ao citado no início deste parágrafo. Essa decisão é tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e pode, consequentemente, impactar nas escolhas e qualidade de vida do consumidor, especialmente aqueles de baixa renda.

Por mais que seu cálculo seja feito a cada mês, o acumulado da inflação em um ano pode deixar a desvalorização de seu dinheiro mais evidente a cada compra no supermercado. Essa constatação nos leva a refletir sobre possíveis medidas pessoais para proteger a economia familiar além do aumento de juros realizado pelo governo, visto que o reajuste salarial mínimo pode não ser suficiente para a manutenção do padrão de vida. O salário mínimo acumula alta de 33,54% nos últimos cinco anos, enquanto a inflação acumula 28,43% (IPCA) desde 2018. Medidas que devem ser proporcionais, mas que dificilmente andam no mesmo ritmo. Recentemente o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu o reajuste do salário mínimo com uma espécie de acréscimo além das expectativas da inflação: “Daqui para frente, o trabalhador receberá além da inflação, a medida do crescimento do PIB” disse o presidente ao encaminhar a PL que reajusta o salário mínimo com base no Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, com base no crescimento do país.

Segundo analistas do Banco Daycoval, é possível realizar um planejamento financeiro independente, a medidas políticas que protejam sua economia num contexto de crise econômica. Para isso, além de otimizar seus gastos criando prioridades na compra de produtos e serviços, é possível ligar sua renda à inflação com o investimento em títulos atrelados a índices como o IPCA e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), muito utilizado para reajustes no setor imobiliário e energético. Investimentos como esse são categorizados como ativos seguros de renda fixa e estão disponíveis em corretoras e plataformas de bancos digitais ligados a sua conta corrente e poupança, dessa forma, a administração de seus recursos fica a um palmo da mão em qualquer dispositivo móvel.

Investimentos em renda fixa podem auxiliar na proteção contra a inflação

Já o artigo “Como se proteger da inflação” , de analistas do InfoMoney, aponta que os investimentos em renda fixa podem não garantir lucros extraordinários, mas impedem que você perca o dinheiro que, na poupança, rende menos. Por isso, analistas do site recomendam investimentos em títulos ou fundos atrelados à taxa Selic. O Tesouro Direto ou fundos DI são exemplos de possibilidades. Ainda assim, a recomendação emitida pelo artigo é a procura por taxas de administração que não sejam superiores a 0,5% ao ano nos fundos.  

O artigo cita os investimentos em renda fixa lastreados a empréstimos que, por sua vez, podem render além da inflação, garantindo ainda, segurança. O CDB, por exemplo, tem retornos garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito em aplicações de até R$250 mil e podem durar de três meses a cinco anos. A recomendação para este, é buscar CDB´s que rendam mais de 100% do CDI (taxa de juros que segue a SELIC).

Investir em títulos LCI e LCA, que respectivamente, direcionam empréstimos para o setor imobiliário e do agronegócio, representam opções interessantes com segurança garantida pelo FGC e isentas de imposto de renda. Por último, o artigo segue o princípio da diversificação ao recomendar os investimentos em fundos imobiliários atrelados ao índice de inflação dos imóveis, o IGP-M, que acompanha o preço dos aluguéis.

Em todos os casos, fica claro que opções não faltam para nos protegermos da inflação valorizando nosso capital. Num cenário de incertezas na economia e dinamismo na alta de preços que podem refletir desde políticas nacionais até crises globais, essas são as possibilidades dentro da exposição de famílias a todo contexto externo e cenário macroeconômico.

Referências:

Como se proteger da inflação? Confira as melhores dicas. blog.Daycoval, 2023. Disponível em: https://blog.daycoval.com.br/investimentos/como-se-proteger-da-inflacao/#:~:text=Invista%20em%20ativos%20atrelados%20%C3%A0,%2C%20como%20o%20IGP%2DM. Acesso em: 07 de novembro de 2023.

Como se proteger da inflação. Infomoney, 2022. Disponível em:https://www.infomoney.com.br/guias/como-se-proteger-da-inflacao/. Acesso em: 07 de novembro de 2023.