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Projeto

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QRCODE Patrimônio UFPEL é projeto de extensão da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, coordenado pelos professores João Fernando Igansi Nunes e Francisca Ferreira Michelon, desenvolvido pelo acadêmico do Curso de Design Digital Gustavo Stefani (bolsista PREC). O patrimônio cultural edificado da UFPel ocupa área extensa, caracteristicamente inserida na malha urbana e que se encontra, em grande parte, aguardando intervenção. Algumas fachadas dos exemplares patrimonializados foram isoladas com tapumes, por questões de segurança.

Outras fachadas estão recebendo intervenções aleatórias frequentes no cenário urbano contemporâneo, mas que podem, dependendo do modo como são feitas, reverter em danos para o reboco dos edifícios. Deste modo, ou as fachadas ficam guardadas atrás de amplos painéis ou, eventualmente, são preenchidas com grafites. Este projeto intenciona reverter esta circunstância, ocupando os tapumes e fachadas, bem como gerar outros, com intervenção artística da comunidade acadêmica e comunidade externa, anexando neste espaço um QR code para cada edifício. Anela-se à proposta a criação deste site e, como decorrência, outras ações de registro e divulgação do patrimônio cultural da UFPel.

A intervenção sobre o patrimônio cultural edificado, seja por restauro ou requalificação, implica em um processo lento e custoso, que impede, por várias razões, ações intermediárias. Deste modo, até que o processo se efetive, o patrimônio permanece no estado em que se encontra, geralmente, com aparência de abandono e descuido e às vezes, em risco de desmoronamento. No último caso, tem sido recomendado e efetivamente feito, o isolamento da área com tapumes que tanto impedem o acesso, como evitam que sinistros atinjam pessoas e bens circundantes. Estes painéis costumam ser, espontaneamente, preenchidos com grafites e já faz parte dos cenários das cidades esta combinação entre planos utilitários e este gênero de arte de rua.

O fato tem ocorrido também com os tapumes colocados nas fachadas em risco do patrimônio cultural edificado da Universidade Federal de Pelotas. No entanto, há dois fatores que incidem sobre esta ocorrência que merecem reflexão e que justificam a ação desta proposta. O primeiro fator diz respeito ao conceito de Espiritu loci aplicado ao patrimônio. Este, de acordo com o documento exarado pelo ICOMOS em 2008 é um “conceito relacional, que assume ao longo do tempo um caráter plural e dinâmico capaz de possuir múltiplos sentidos e peculiaridades de mudança, e de pertencer a grupos diversos.” Ora, justamente no âmbito desta abordagem, entende-se a apropriação de grupos que se expressam na rua destes espaços vazios de sentido (os tapumes) que se oferecem para estes crescentes contatos interculturais que não deixam de traduzir as múltiplas ligações com o lugar e a ele. No entanto, se estabelece o paradoxo do patrimônio que gera, por necessidade técnica, a sua cobertura, e esta que o isola, o esconde do cenário, oblitera visão da morte ruskiniana. O segundo fator é o conceito de extensão universitária que, coadunado com a política nacional de Extensão Universitária, vem sendo a diretriz fundamental para todas as ações extensionistas e que se sustenta pelo envolvimento com a comunidade. Estes dois fatores associados aquecem a discussão sobre a arte urbana como expressão no espaço público comum que se constitui na interação e no diálogo entre o individual e o coletivo e se funda legitimidade do espaço urbano como aquele onde o encontro entre a arte e as pessoas é veículo de legitimidade às cidades. Nesta circunstância, a arte investe-se de uma competência apresentativa e comunicativa, pela qual é capaz de fazer sentir o oculto, ocupar um lugar sem tirá-lo de outro, harmonizar o abandono, valorizando a ruína e ressignificar o espaço da cidade, doando para a paisagem elementos visuais enunciativos em si.

Sendo assim, esta proposta alinha patrimônio e arte de rua e dá consistência e experiência ao Espirito Loci. Destaca-se o recurso da tecnologia QR Code nesta proposta como um meio eficiente no processo de acesso à informação sobre o edifício ocupado pela intervenção.
Entende-se que este recurso tem como função transmitir de modo fácil e rápido informações a dispositivos portáteis com câmeras fotográficas (como celular) que ao escanear o código de barras dá acesso ao conteúdo de um site. O recurso, criado em 1994 para uso inicial de inventário e controle de estoque industrial e comercial, e em uso amplo e crescente desde 2003 (revistas, campanhas publicitárias, games, museus, metrôs, etc), tem se afirmado como meio de acesso a informações disponíveis na internet. A sua facilidade e celeridade de uso, soma-se a gratuidade do aplicativo, que é isento de licença, acessível pelo endereço https://play.google.com/store/apps/details?id=me.scan.android.client&hl=pt_BR.

Sendo um código de barras, a sua aplicação no local é simples e não interfere na produção artística da intervenção, completando, deste modo, um conjunto de vantagens que justifica o seu uso. Uma antecedência do uso do QR Code na educação para o patrimônio foi, em 2012, o projeto da agência MSTF Partners nas calçadas do bairro Chiado em Lisboa. O resultado foi tão exitoso que o seu uso se expandiu e no Brasil veio a constituir um auxiliar turístico nas calçadas do Rio de Janeiro, a partir de 2013. Conceitualmente, o código QR (quick response) corresponde à iniciativa deste projeto enquanto um recurso afirmativo de apresentação do patrimônio na cidade e para ela: resposta rápida. Resposta aos valores de pertencimento a uma comunidade
que se expressa de modo contemporâneo, aberto e que se comunica através de meios que disponibilizam informação em dispositivos eletrônicos de uso individual. Aplica-se o novo ao antigo, estabelecendo inequívoca proximidade de tempos, expressões e conhecimentos.

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