Início do conteúdo
MODELA Pelotas

Início

O Projeto MODELA Pelotas, desenvolvido pelo GEGRADI/FAURB/UFPel, adota enquanto objeto de estudo um conjunto arquitetônico e paisagístico da cidade de Pelotas-RS. Reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Brasileiro, este conjunto inclui uma charqueada, uma chácara, um parque e quatro praças. Abarca edifícios coloniais e ecléticos, erguidos entre o final do século XIX e início do XX. Tal acervo testemunha a história de criação da cidade; remete-se tanto aos ambientes industriais e insalubres da produção do charque quanto ao ambiente urbano dos casarões, ambos sustentados pela mão de obra escrava. A representação deste patrimônio permeia as atividades do Curso de Especialização de Gráfica Digital desde sua criação em 1999, dando origem ao Projeto MODELA, em 2005. Desde então, conta com parcerias e recursos nacionais e internacionais, para garantir uma infraestrutura tecnológica para a representação e fabricação digital.

Edições

Em 2006, o Projeto de Extensão Oficinas de Gráfica Digital, passou a incrementar a sua produção. Neste contexto, as representações físicas e digitais foram construídas dentro do entendimento de que o ato de representar deve ser uma ação interpretativa e não somente transcritiva. Isso gerou um processo de construção de conhecimento sobre o objeto representado. Cada reedição do Projeto MODELA delimitou abordagens diferenciadas e cumulativas: exploração de tecnologias avançadas de representação; estruturação de métodos de modelagem; adoção de tecnologias livres ou gratuitas; sistematização da informação e acessibilidade aos modelos; interoperabilidade entre os formatos digitais; desenho universal e produção de modelos táteis, quando foi estruturado o método da adição gradual da informação (AGI). Este trata de compor uma narrativa em diferentes escalas (do detalhe, arquitetônica e urbana) e implica tanto a abordagem do significado das formas quanto sua decomposição geométrica.

Equipe

O projeto conta com um processo compartilhado, criativo e original, integrando gestores de instituições educativas e culturais, pesquisadores, estudantes de arquitetura, artes, design, comunicação, informática, museologia, terapia ocupacional, engenharia de materiais e da automação e, especialmente, especialistas em Braille e pessoas deficientes visuais, sociedade (usuários) em todas as etapas de produção das representações, estabelecendo uma dinâmica de empatia, em constante deslocamentos para a compreensão da perspectiva do outro.

Atuação

– Alia interesses formativos em arquitetura a propósitos sociais e culturais; produz uma comunicação inclusiva e de caráter universal;

– Atende demandas institucionais (Museus da UFPel e Municipais), possibilitando ampliar a infraestrutura para a inclusão cultural de pessoas com deficiência visual; – Aciona a investigação sobre a forma do patrimônio, seus significados histórico, culturais e memoriais, a partir de um método próprio (AGI- Adição Gradual da Informação);

– Forma profissionais qualificados, em termos acadêmicos e de inovação tecnológica;

– De modo sistemático, atualiza os métodos empregados e incorpora conhecimento e ferramentas advindos da evolução tecnológica;

– Constrói um acervo de representações, preservando a memória e oferecendo uma infraestrutura para reprodução em diferentes escalas e materiais (fabricação digital);

– Além de interfaces tangíveis, constrói valores intangíveis, como a compreensão de saberes geométricos relativos às organizações formais implícitas nos objetos patrimoniais;

– Promove a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão por meio do uso e da problematização das representações frente ao conceito de desenho universal; com isto, proporciona uma formação diversa e humanizada;

– Oportuniza a alfabetização digital a partir de um repertório de recursos assistivos que é disponibilizado a escolas e ambientes museais. Este repertório inclui: passeios virtuais por nuvens de pontos (obtidos por escaneamento 3D a laser e fotogrametria digital) e com realidade virtual imersiva (óculos 3D), visualizações em realidade aumentada e experiências sensoriais a partir de modelos táteis produzidos por corte a laser e impressão 3D;

– Agrega valor às ações e instituições educativas e culturais envolvidas;

– Contribui para a valorização e difusão do patrimônio pelotense junto a fóruns científicos, ações extensionistas, difusão em redes sociais, sites, rádio e televisão, exposições e palestras;

– Tem capacidade de resiliência: em momento de pandemia- COVID19, desloca a produção para a fabricação digital de Equipamentos de Proteção Individual para profissionais de saúde da região de Pelotas.

Métodos / Materiais teóricos e tecnológicos

– Estudo do patrimônio arquitetônico a partir da interpretação de sua geometria e geração de modelos paramétricos. Diga-se, a propósito que, quando associada à representação, a parametria agrega maior informação (dados quantitativos e relacionais) sobre a estrutura do objeto do que aquela exigida por meios tradicionais. Partindo-se das etapas do método paramétrico (dedução, indução, abstração e generalização), portanto, e tendo por base saberes de geometria gráfica, observam-se então as organizações formais e as lógicas compositivas associadas aos processos clássicos de projeto de arquitetura, processos sempre associados a ideias de simetria, ritmo e harmonia. Avança-se, então para o desenho paramétrico propriamente dito (representação na linguagem informática);

– Constituição de parcerias interdisciplinares de modo a dar suporte à ativação da memória coletiva vinculada ao patrimônio arquitetônico. Isso significa transitar por níveis abstracionais de diferentes áreas (teoria da “escalada da abstração”, de Vilém Flusser), no intuito de construir narrativas apropriadas a cada objeto e de buscar o seu potencial enquanto história social e cultural; – Estruturação e promoção de atividades formativas (no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão) de modo a produzir representações que estejam atentas aos sete princípios do Desenho Universal, a saber: I – uso equitativo; II – uso flexível; III – uso simples e intuitivo; IV – informação de fácil percepção; V – segurança; VI – esforço físico mínimo; VII – dimensionamento para acesso e uso abrangente;

– Revisão e atualização das tecnologias de representação e de fabricação digital;

– Construção de um repertório de representações que implique a participação dos diferentes atores envolvidos (universidade, sociedade, instituições culturais, educativas, coletivos específicos); construção de uma dinâmica de Co-design, portanto, tendo-se por suporte ações extensionistas e Museus (universitários e públicos);

– Divulgação do patrimônio pelotense, o que implica sua disponibilização em formatos apropriados a cada tipo de contexto (eventos educativos, culturais, científicos, veículos de comunicação, etc).

Tecnologia

Os métodos e materiais de produção têm sido revisados frente à evolução tecnológica; um exemplo foi a criação de um laboratório de fabricação digital (corte a laser e impressão 3D) e a apropriação de técnicas de parametrização; tais técnicas, permitiram estudos quantitativos e qualitativos sobre a forma dos objetos representados. Atualmente, este processo tem implicado o investimento em tecnologias de fotogrametria digital; isto tem acelerado e potencializado a produção de representações precisas; tem possibilitado o uso de estratégias interativas e lúdicas e ao emprego de interfaces tangíveis (como mesas táteis) que exploram conexões entre modelos táteis e digitais.

Formação

Foram, até Junho de 2020, formados profissionais com experiência na produção de modelos digitais e de recursos assistivos relativos ao patrimônio arquitetônico:

– Mais de 60 Especialistas em Gráfica Digital;

– Mais de 200 arquitetos: de 2011 a 2017, em disciplinas de abordagem geométrica e digital; de 2018 em diante, na extensão curricularizada;

– Mais de 100 estudantes e profissionais se envolveram em cursos de Extensão.