“Falar sobre um intelectual é também falar sobre suas ideias. Mas a história das ideias é marcada por um enigma: tamanha parece ser a capacidade das ideias de aparecer em todos os tipos de tempo e de lugar que podemos considerá-las adiantadas ou atrasadas em relação a seu tempo.”
Marilyn Strathern, O efeito etnográfico
“Lidas e Vidas” surge enquanto um desdobramento do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC): Lida campeira nos campos dobrados do Alto Camaquã/RS. No trabalho de campo, iniciado em 2010, a equipe vem acessando a área cultural do pampa, por meio de trabalho de campo e acompanhamento das atividades realizadas pelos detentores e detentoras dos ofícios, que vivenciam ou vivenciaram a lida da pecuária.
A lida campeira abarca uma série de atividades com relação ao manejo dos rebanhos e ao cotidiano da propriedade se configurando como um modo de vida. Configura um trabalho que acompanha os ciclos da criação, os horários do sol, as estações do ano, os períodos de chuva e de seca, com as tecnologias desenvolvidas no campo científico e com a racionalização do próprio trabalho.
A etnografia parte do reconhecimento dos saberes dos interlocutores, por meio das relações tecidas em campo entre humanos, outros animais e ambientes. Busca, assim, experimentar algumas das dimensões possibilitadas pela escrita etnográfica, articulando sentidos, teorias e cadernos de campo, em diálogo com outras formas expressivas, como o vídeo etnográfico, a fotografia, a poesia e o desenho.