Costurando Antropologia e Moda

Eligolande, aluno do Bacharelado em Antropologia, é finalista no 10º Concurso Moda Inclusiva – Edição Internacional, em 28 de Novembro de 2018 no Centro Cultural São Paulo/SP.

Eligolande estudou design de moda – em nível superior – por mais de 2 anos, de “maneira insatisfatória” segundo ele, o que o fez prosseguir tais estudos como autodidata, recorrendo invariavelmente ao auxilio especializado, além de ter realizado estágios em fábricas de tecido em São Paulo e Santa Catarina e participado de quase uma dezena de desfiles com criações autorais.
       Percebendo a moda a partir de um sentido “ampliado”*, passou a estudar antropologia –atualmente cursa o último período, na UFPel- onde desde o primeiro semestre relacionou conteúdos, atividades e avaliações à antropologia da moda e do vestuário, endossado por seus professores.   E sob essa premissa priorizou a observação em detrimento das entrevistas com perguntas pré-formatadas em relação à sua modelo, Suri(cega), possibilitando ampliar as possibilidades de inspiração e criação do look  a ser desfilado.
       Segundo um levantamento a partir de pesquisa antropológica, constatou que a modelo(Suri) possuía cerca de 60 peças ‘de roupa’ em sua casa, o que se revelou como média entre determinado(e amplo) segmento de consumo, invariável entre deficientes e não deficientes(roupas, acessórios, toalhas, etc.).
        E pra que servem etiquetas tradicionais em peças utilizadas por deficientes visuais?
       A partir dessa proposta –conceitual, bem humorada e não menos “reflexiva”- as mais de 60 etiquetas referentes ao numero de peças de Suri geraram uma blusa, dando utilidade às etiquetas e, sobretudo, dotando-as de um significativo expandido para além da peça a ser desfilada, incorporando “atitude”.
       Uma bengala/guia que torna-se maleável e pode ser usada como um cinto é também uma das diversas funcionalidades propostas pelo look “In Dust: Ria da Moda”, além de um porta óculos e fone de ouvido a partir dos cordões do capuz, que pode ser vestido de forma “automática” (sem o uso das mãos) e possui “aberturas laterais” que não prejudicam a audição, entre outros.

“(muitas vezes) o que menos importa na moda é a roupa.”    Paulo Borges