Quem Somos

O Laboratório de Estudos Comportamentais (LabCom) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Brasil, foi criado em 2016 no âmbito do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Faurb) da UFPel. O LabCom começou com um grupo de professores, pesquisadores e alunos com interesses interdisciplinares de pesquisa, abrangendo temáticas de desenho e planejamento urbano, arquitetura, psicologia ambiental, política social, sociologia, filosofia e turismo e conceitos teóricos de migração e refúgios, inclusão social, desigualdades sociais, saúde e bem-estar, envelhecimento no local, senso de lugar, resiliência e patrimônio histórico. O Projeto PlaceAge (www.placeage.org), financiado pela agência britânica ESRC (Economic and Social Research Council) num total de £1.213.116,00 libras esterlinas (R$ 8.491.812,00) e coordenado no Reino Unido pelo Professor Ryan Woolrych e no Brasil pela professora Adriana Portella, foi o ponto de partida que motivou a criação do Laboratório.

Temos experiência na liderança de projetos de pesquisa financiados tanto por Conselhos Internacionais (ESRC, UK) quanto por Órgãos do Governo Federal Brasileiro (CAPES, CNPQ, FAPERGS). Desde 2016, o Laboratório coordena no Brasil o Projeto `Projetando lugares com os idosos: Rumo a comunidades amigas do envelhecimento`, realizando pesquisas transnacionais no Brasil e no Reino Unido. Desde 2018, o Labcom participa do Projeto ‘Bom Envelhecimento em Ambientes Urbanos: Projetando cidades e comunidades com idosos´ em parceria com o Reino Unido e a Índia. Desde janeiro de 2019, também trabalhamos no Projeto internacional da Universidade Federal de Pelotas, financiado pela CAPES-PRINT, denominado `Núcleo de Estudos sobre Cidades Saudáveis, Envelhecimento e Cidadania`. Esse Núcleo envolve pesquisadores e investigações do Brasil, Reino Unido, Argentina e França. Nossos projetos são fundamentados em uma estrutura participativa, envolvendo comunidades como co-pesquisadores. Temos experiência significativa no design e na aplicação de métodos inovadores, incluindo diários fotográficos, mapeamento participativo, World Café e Fórum de Políticas Públicas. Também, somos especialistas em mapeamento georreferenciamento e pesquisas quantitativas baseadas em análises estatísticas. Trabalhamos na mobilização do conhecimento e do envolvimento público, traduzindo os resultados dos nossos estudos em suporte para políticas e práticas públicas na cidade. Operamos sempre em conjunto com organizações comunitárias locais, sociedade civil, governo, ONGS, órgãos internacionais e outras partes interessadas para garantir o máximo impacto da pesquisa. Temos trabalhado muito com grupos vulneráveis, destacando-se o trabalho com moradores que vivem em favelas e/ ou foram removidos à força de áreas afetadas pela gentrificação no Rio de Janeiro. Em 2018, a Profa. Adriana Portella foi à UNRISD/UN em Genebra para apresentar o trabalho: ʻO Legado Olímpico do Rio 2016: Uma Cidade para Quem? ` desenvolvido pelo LabCom.

Em 2019, o LabCom participou de uma importante atividade internacional organizando o 2019 IAPS Symposium Ageing in Place in a World of Inequalities: How to Design Healthy Cities for All, com o apoio do IAPS (Internacional Association of People Environment Studies), com sede jurídica na Espanha.

Estamos sempre expandindo nossa rede de pesquisa internacional, e hoje nossas conexões internacionais ocorrem com pesquisadores do Reino Unido, Índia, Espanha, México, Colômbia, Venezuela, Argentina, Chile, Austrália e USA.

O que queremos

Nossos estudos centram-se na grande temática INCLUSÃO SOCIAL E BEM-ESTAR PARA TODOS, e buscam atender os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O Laboratório busca promover cidades saudáveis e inclusivas por meio de pesquisas que possam apoiar a formulação de políticas públicas em países de baixa e média renda. Nossas investigações estão relacionadas a como incluir comunidades vulneráveis no processo de projeto e construção da cidade. Nosso objetivo é reunir a prática humanitária com a de desenvolvimento urbano e regional, dois campos que tradicionalmente se baseiam em diferentes áreas de pesquisa acadêmica.

Nossa pesquisa compreende e aborda questões de vulnerabilidade, marginalização e inclusão social e contribui para o desenvolvimento de políticas e práticas públicas eficazes, apoiando intervenções inclusivas que possam promover comunidades resilientes que apoiem a saúde e o bem-estar social e econômico de grupos vulneráveis. Os conceitos de resiliência, planejamento urbano integrado e desenho urbano são centrais para nossa pesquisa. A compreensão dominante da resiliência concentra-se na capacidade dos sistemas de persistir e retornar ao equilíbrio após um determinado evento. No entanto, para promover a inclusão social, precisamos entender a resiliência como um “salto para a frente” ao invés de “retorno”. Essa conceituação alternativa é vista como mais compatível com a abordagem do Laboratório – a atenção está voltada para a capacidade das comunidades de continuar uma trajetória de desenvolvimento ascendente, em vez de simplesmente retornar ao seu nível original de vulnerabilidade. O planejamento urbano integrado e o desenho urbano estão reunidos nesse conceito como uma força motriz para promover cidades saudáveis e sustentáveis para todos.

Nossos principais interesses de pesquisa

Como projetar políticas públicas que garantam cidades inclusivas considerando os refugiados na América Latina. O Brasil e a Colômbia, por exemplo, estão passando por profundas mudanças urbanas devido ao deslocamento interno e à migração transfronteiriça. Historicamente, a migração interna tem sido um fator chave, mas o fluxo de refugiados, incluindo aqueles que fogem da recente crise na Venezuela, criou desafios para as áreas urbanas em termos de como fornecer a infraestrutura física, social e comunitária necessária para apoiar de forma igualitária a saúde e o bem-estar dos refugiados. A capacidade de acessar serviços de saúde em ambientes humanitários em geral é comprometida e exacerbada pela escassez, barreiras à informação e comunicação, falta de instalações de saúde e condições urbanas e habitacionais precárias. Além disso, os refugiados normalmente enfrentam barreiras administrativas, financeiras, jurídicas e linguísticas para navegar e negociar sistemas e serviços de saúde. Todos esses desafios são o foco de nossas investigações.

O impacto do fenômeno do envelhecimento global em países de baixa e média renda. Segundo estudos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a América Latina é uma das regiões do mundo que envelhece mais rapidamente. Enquanto alguns países europeus demoraram 150 anos para se adaptar a um aumento de 10 a 20% na população idosa, países como o Brasil terão que se adaptar em muito menos tempo. Uma das principais observações da Divisão de População da ONU é que os países desenvolvidos ficaram ricos primeiro e depois envelheceram, enquanto os países em desenvolvimento envelhecerão na pobreza. Isso cria um desafio que nossos estudos buscam responder. Não é possível replicar políticas públicas sobre o envelhecimento desenvolvidas para países ricos em países mais pobres, que já apresentam desigualdades consideráveis entre setores da sociedade; o importante é entender as características econômicas, sociais e econômicas de cada país a partir da percepção do usuário e a partir daí propor políticas públicas que atendam a população.

O desenvolvimento de ferramentas e recursos tecnológicos inovadores (por exemplo, GIS Mapping e Story Maps), que possam ser disponibilizados à profissionais e pessoas envolvidas no planejamento de políticas públicas, a fim de apoiar a melhoria da saúde e bem-estar social e econômico de grupos vulneráveis.

O caso de emergências ou crises culturais, humanitárias, políticas e econômicas e seus impactos em questões como: violações dos direitos humanos, ameaças à segurança humana ou processos de construção da paz na cidade, destruição ao patrimônio cultural local, produção cultural e liberdade de expressão na cidade, gênero, exclusão social, favelização, marginalização, vulnerabilidade, infraestrutura urbana, violência urbana, condições de saúde e bem-estar em ambientes urbanos.

Remoção forçada de pessoas causada por processos de gentrificação (por exemplo, o que aconteceu no Brasil devido à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016), e o impacto de fluxos migratórios em grande escala considerando aspectos de planejamento urbano e regional.

Conforto térmico urbano e desastres ambientais (naturais e/ou resultantes da atividade humana), como mudanças climáticas, terremoto, tsunami, erupção vulcânica, furacão, grande incidente de poluição, desabamento de barragem (por exemplo, o caso de Mariana e Brumadinho no Brasil).

Estudos da fome e emergências de saúde (por exemplo, surtos causados por doenças e pandemias como COVID-19) com foco na análise urbana e regional, das condições da arquitetura hospitalar, e acesso a serviços de saúde na cidade.

Reflexões sobre turismo sustentável e como promovê-lo nos países da América Latina. O turismo sustentável é aquele que leva em conta as necessidades dos atores envolvidos: comunidades receptoras, turistas, empresas turísticas e o poder público. Ao mesmo tempo que é economicamente viável, não destrói os recursos naturais e as características singulares das comunidades locais, dos quais o turismo dependerá no futuro. O deslocamento é um elemento central tanto nas práticas turísticas quanto na mobilidade urbana. Por isso, a mobilidade sustentável é o elo entre os nossos estudos urbanos e as investigações que promovam o turismo sustentável nos países da América Latina, alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.