XV Jornada de História Cultural

APRESENTAÇÃO

Labaredas reais e simbólicas iluminam nossas mazelas e nossos traumas coletivos que teimam em arder no Brasil pandêmico de 2021. Qual o papel da História nestes tempos (de) cinzas?
A 15ª edição da Jornada de História Cultural volta-se ao campo do patrimônio cultural para debater nosso tempo. As discussões sobre patrimônio hoje não estão mais restritas aos monumentos, bens de pedra e cal e símbolos nacionais. Atuam hoje no campo da patrimonialização questões que tratam de referências étnico-culturais diversas, as necessidades de participação das comunidades nas escolhas do que deve ser preservado, as reivindicações por verdade e justiça relacionadas aos passados traumáticos, as emergências na preservação de tradições e da natureza em perigo.
Neste sentido é que escolhemos como argumento para o debate o tema das emoções patrimoniais. Esta categoria foi cunhada por Daniel Fabre, que via a  época do patrimônio, na qual vivemos, como um espaço para outras abordagens que busquem “defender o direito de instaurar novas presenças sensíveis do passado” (FABRE, 2013, p.87). No campo da História, Sandra Pesavento discutiu amplamente a importância da abordagem sensível para pensar e escrever sobre os passados. Para ela, “o mundo do sensível é difícil de ser quantificado, mas é fundamental que seja buscado e avaliado”, uma vez que “ele incide justo sobre as formas de valorizar, de classificar o mundo, ou de reagir diante de determinadas situações e personagens sociais. Em suma, as sensibilidades estão presentes na formulação imaginária do mundo que os homens produzem em todos os tempos” (PESAVENTO, 2005).
Vivemos tempos de negacionismos e de disputas políticas e públicas pela memória. Estamos a ser confrontados com temas pungentes que são afetados pelas emoções individuais e coletivas e que irrompem em manifestações públicas de contrariedade às interpretações do passado que se pretendiam consolidadas, ou que se materializam na recente “guerra das estátuas”. Vemos ainda posicionamentos individuais ou coletivos sobre a sociedade ou sobre a natureza, que implicam em desastres naturais, em trágicos acidentes ou ainda em epidemias e pandemias, para citar alguns dos temas midiáticos com os quais temos lidado diariamente nos últimos anos. Além disso, ainda presenciamos atônitos aos incêndios que incineram museus, acervos e biomas, tanto no Brasil, quanto no exterior.
São estes mundos despedaçados de hoje que nos mobilizam a refletir sobre mundos pretéritos, sobre o que eles nos legaram e o que eles nos podem ensinar. A partir destes elementos que orbitam em torno do patrimônio e das emoções é que pretendemos discutir os usos e discursos do patrimônio cultural e suas implicações no trabalho do historiador.

Referências:
FABRE, Daniel. Le patrimoine porté parl’émotion. In: Fabre, Daniel (sous la diréction de). Émotions patrimoniales.  Éditions de la Maison des sciences de l’homme, Paris, coll. « Ethnologie de la France », cahier n° 27, 2013.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Sensibilidades no tempo, tempo das sensibilidades », Nuevo Mundo Mundos Nuevos [En ligne], Colloques, mis en ligne le 04 février 2005, consulté le 31 juillet 2021.

PROGRAMAÇÃO

25/11/2021
14h – Painel de abertura: Arqueologia da repressão e da resistência e os lugares de sofrimento
Palestrantes: Dra. Maria Letícia Mazzucchi Ferreira (PPGMP/UFPel) e Dra. Inês Virgínia Prado Soares (Grupo de Pesquisa Arqueologia da Resistência da CNPq/IFCH/UNICAMP); Mediação: Dr. Fábio Vergara Cerqueira (UFPel/GT História Cultural)

16h30 – 18h30 – Mesa de apresentação de trabalhos

Coordenadores da mesa: Dr. Darlan De Mamann Marchi e Drª Rita Juliana Soares Poloni (GT História Cultural)

Comunicações:

Carandiru sem o Massacre de 1992: apagamentos e silenciamentos em sua patrimonialização. Autor: Érico Menezes Pedroso (ProfHistória/ Unifesp)

O patrimônio cultural como espelho da sociedade contemporânea: imagem, consumo e espetacularização. Autora: Priscila Henning (IFCH Unicamp/ Universidade Positivo e Universidade Pitágoras Unopar)

Coro y su Puerto, Patrimonio Mundial en Peligro. Viejas y nuevas tensiones. Autor: Juan Carlos Piñango Contreras (UFPel)

São Miguel Arcanjo e San Ignacio Mini: a patrimonialização do legado jesuítico-indígena no Brasil e Argentina na década de 1940. Autora: Sandi Mumbach (PPGH/UFSM)

Paisagens afetivas do Pampa: narrativas femininas na campanha gaúcha. Autoras: Loíze Aurélio de Aguiar e Rita Juliana Soares Poloni

26/11/2021
14h – 17h – Mesa de apresentação de trabalhos

Coordenadores da mesa: Dr. Darlan De Mamann Marchi e Drª Rita Juliana Soares Poloni (GT História Cultural)

Comunicações:

Tempo Integral em Mariana-Mg: educação patrimonial em foco. Autora: Lorraine Leonel (UFOP)

Portas abertas aos estudantes e as janelas abertas para o mundo. EEEM Nsª Srª de Lourdes de patrimônio arquitetônico à patrimônio cultural pelotense. Autor: Daniel de Souza Lemos (PPG História – UFPel)

Alemães nas terras dos botocudos. Autores: André Elias Soares Poloni (UFPEL) e Jorge Eremites  de Oliveira (UFPEL)

Pinturas Corporais Indígenas e suas representações: cultura e identidade. Autor: Mateus Chagas Rocha (UFES)

Quilombos urbanos: universo cultural de interação entre os ex-escravizados e a intelectualidade liberal na capital do império. Autora: Michelle S. Caetano (PPGHIS-UFRJ)

Rastros deixados pelo tacho de cobre no processo de patrimonialização das tradições doceiras coloniais em Morro Redondo- RS: o que eles revelam? Autores: Andréa Cunha Messias (UFPel); Diego Lemos Ribeiro (UFPel) e Rita Juliana Soares Poloni (UFPel)

18h – Painel de encerramento: Emoções patrimoniais e os usos e discursos do passado
Palestrantes: Izabela Maria Tamaso (FCS/UFG) e Diego Finder Machado (UNIVILLE); Mediação: Dra. Nádia Maria Weber Santos (UFG/GT História Cultural)

INSCRIÇÕES

Para apresentadores de trabalhos:

Aceitam-se trabalhos dentro da temática geral Patrimônio cultural, história e sociedade. Os trabalhos poderão versar sobre pesquisas concluídas, pesquisas em curso, ou ensaios teóricos que tenham como temas geradores discussões em torno do patrimônio cultural, seus impactos sociais, suas conjunturas históricas e seus universos culturais.
Serão selecionados 20 trabalhos para apresentação oral. Os trabalhos selecionados terão o texto completo publicado em capítulo de livro no formato e-book.
Os interessados deverão baixar a Ficha de Inscrição, preenchendo-a com os dados e o resumo do trabalho, e posteriormente e encaminhá-la para o e-mail: gthistoriacultural@anpuh-rs.org.br .O prazo de envio das inscrições de trabalhos será às 23h59min. do dia 30 de outubro de 2021.
Os apresentadores selecionados pagarão um valor de R$ 60,00 (sessenta reais). Todo o valor recebido será revertido para a publicação do e-book. O pagamento é prerrogativa para apresentação do trabalho.

Para ouvintes: 

O evento é gratuito e poderá ser acompanhado através de sala virtual no Google Meet.
Serão disponibilizadas 100 vagas para ouvintes com emissão de certificados. Os/as interessados/as deverão solicitar a inscrição através do e-mail gthistoriacultural@anpuh-rs.org.br contendo no corpo do e-mail o nome completo e CPF até o dia 24 de novembro de 2021. Para receber o certificado de ouvinte o/a inscrito/a deverá acompanhar os dois dias do evento. 

Organização

Dr. Darlan De Mamann Marchi (UFPel/GT História Cultural)

Dr. Fábio Vergara Cerqueira (UFPel/GT História Cultural)

Dra. Nádia Maria Weber Santos (UFG/GT História Cultural)

Dra. Rita Juliana Soares Poloni (UFPel/GT História Cultural)

André Elias Soares Poloni (PPGMP/UFPel)

Erico Benites de Los Santos (PPGMP/UFPel)

Loíze Aurélio de Aguiar (PPGMP/UFPel)

Realização                                                      

           

Apoiadores