“Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA encabeçaram duas ordens: a keynesiana que não mostrou interesse algum em como os Estados gerem os seus assuntos internos no mundo bipolar da Guerra Fria, e, já depois da Guerra Fria, a ordem neoliberal no mundo unipolar, que ignora a soberania nacional e fronteiras onde for necessário. Ambas as ordens foram proclamadas como ‘abertas, baseadas nas regras e liberais’, manifestando os valores da democracia, do chamado mercado livre, de direitos humanos e da supremacia da lei. Na realidade, se baseavam na dominância e nos imperativos do poder militar, político e econômico dos EUA”, lembrou Menon.
“Todos viram como a ONU, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a OMC, o G20 e outros não conseguiram tomar medidas sobre questões de desenvolvimento e, o que ainda é mais atual, sobre a crise da dívida, que afetou os países em desenvolvimento, agravada pela pandemia de COVID-19 e a inflação alimentar e energética. A recente experiência de fracassos econômicos está complicada com o fato de, apenas no século corrente, as grandes potências terem várias vezes realizado intervenções, tentando mudar regimes e efetuando a interferência secreta”, acrescentou o colunista.
“A última década trouxe uma série interna de acordos multilaterais, inclusive o Quad [Diálogo de Segurança Quadrilateral, fórum estratégico entre EUA, Japão, Austrália e Índia], BRICS, OCX [Organização para Cooperação de Xangai] e I2U2 [formado por Índia, Israel, Emirados Árabes Unidos e EUA]. Parece que cada problema cria uma nova sigla. Estes acordos são apropriados e servem a propósitos concretos. Além disso, embora possam ajudar a fortalecer certas relações bilaterais, não têm nada a ver com as uniões pesadas ou blocos da Guerra Fria“, salientou.