Pesquisadoras do GBEM apresentam resumos em evento

Entre os dias 21 e 25 de outubro de 2019, pesquisadores do GBEM apresentaram resultados de alguns projetos no XXI Encontro de Pós-Graduação (ENPOS) e no XXVIII Congresso de Iniciação Científica (CIC). Os dois encontros compõem a programação da 5ª Semana Integrada da UFPel (SIIEPE).

As bolsistas de Iniciação Científica Indiara da Silva Viegas, Mariana Morais de Oliveira e Sabrina Farias apresentaram os resumos sobre a relação da multimorbidade com auto-avaliação da saúde, hospitalização e uso de serviços de emergência e pressão arterial.

Os resultados apresentados pelas das estudantes de IC se basearam na pesquisa “Saúde do Idoso Gaúcho de Bagé (SIGa-Bagé)”. A partir do acompanhamento de idosos da cidade de Bagé nos anos de 2008 e 2016-2017, o estudo  conseguiu avaliar a situação de saúde dos participantes ao longo do tempo. Os resultados mostraram que: 1) a avaliação da saúde ao longo do tempo parece ter piorado em idosos com maior número de doenças crônicas; 2) a multimorbidade esteve associada  a maior risco de hospitalização e uso de pronto-socorro independente do tipo de pronto-atendimento; 3) a média de pressão arterial foi similar segundo número de doenças crônicas e multimorbidade. Cliquem nos links acima e vejam mais nos áudio-slides preparados pelas pesquisadoras.

Para a pesquisadora Indiara, os achados ampliam o olhar profissional sobre o processo de adoecimento focando no impacto das condições crônicas na percepção de saúde dos idosos. Apesar da multimorbidade ser importante para o manejo adequado da situação de saúde, as evidências científicas sinalizam que a percepção dos idosos sobre sua saúde parece ser mais importante do que o número de doenças existentes. Assim, o tratamento da multimorbidade deve levar em conta a forma como os idosos percebem sua saúde.

Já a pesquisadora Mariana destaca que a semelhança da associação da multimorbidade com uso de serviços de saúde entre idosos cobertos e não cobertos pela Estratégia Saúde da Família (ESF) precisa ser mais bem explorada. Apesar de esperarmos um efeito positivo da ESF nas associações, as populações cobertas são muito diferentes daquelas não cobertas em termos demográficos e socioeconômicos. Assim, as comparações precisam considerar essas diferenças. Além disso, a semelhança pode ser atribuída ao famoso viés de sobrevivência presente nesse tipo de estudo: idosos que sobrevivem tendem a ter uma situação de saúde melhor e mais parecida entre eles em comparação aos que morreram no período analisado.

O estudo realizado pela pesquisadora Sabrina identificou semelhança nos níveis de pressão arterial segundo o número de condições crônicas. Este também foi um resultado pouco esperado que também pode ser devido ao viés de sobrevivência. Dado a alta ocorrência de pressão arterial e multimorbidade na população idosa, a relação entre elas precisa ser mais bem explorada em diferentes estudos para contribuir com o foco das medidas de prevenção para os problemas decorrentes da pressão alta (problemas cardíacos e derrame, por exemplo).

Os trabalhos das mestrandas Ândria Krolow Costa e Bruna Borges Coelho avaliaram as desigualdades socioeconômicas da multimorbidade e os determinantes contextuais da satisfação com a vida segundo a ocorrência de múltiplos problemas de saúde. Utilizando dados da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil de 2013-2014 (PNAUM), a pesquisadora Ândria encontrou semelhança na ocorrência de multimorbidade segundo classe econômica e escolaridade de adultos brasileiros – algumas desigualdades foram observadas para homens. Esse resultado divergentes com os estudos já publicados, sinaliza a relevância de melhor entendimento sobre a relação entre nível socioeconômico e multimorbidade. Considerando que as doenças foram medidas pelo relato dos entrevistados sobre diagnósticos médicos, supõe-se que o acesso aos serviços de saúde tenha influenciado a relação entre os indicadores socioeconômicos e múltiplas doenças. Veja mais aqui.

Um estudo realizado com pessoas de 50 anos ou mais de idade (Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros – ELSI), foi foco do trabalho apresentado pela pesquisadora Bruna. No trabalho, a mestranda encontrou que, contrariando a hipótese inicial do estudo, pessoas residentes nas áreas rurais das região Norte e Nordeste apresentaram melhor satisfação com a vida independentemente da presença de multimorbidade. Clique aqui e saiba mais.

Os resultados apresentados nos trabalhos citados abrangem diferentes aspectos de saúde da população incluindo estudo locais e avaliações nacionais. Parte das achados mostram resultados pouco esperados sinalizando a relevância da pesquisa para melhor entendimento do processo saúde-doença baseado em evidências científicas. Por fim, todas as pesquisadoras destacaram a importância da participação na SIIEPE para seu desenvolvimento profissional e a relevância da pesquisa para a busca de melhores condições de saúde.