Memória in Vitro é um projeto dedicado a recuperação, preservação, sistematização e socialização de negativos de vidro, e que tem como objeto de tratamento um acervo fotográfico produzido no século XIX. O referido acervo, um documento oficial pertencente a extinta PORTOBRAS – contêm o registro das ações desenvolvimentistas de adequação do espaço geográfico litorâneo da cidade do Rio Grande levadas a cabo com o fim de viabilizar a navegação. O conjunto de negativos em vidro é um documento imagético preciso e detalhado do projeto de execução dos molhes da barra do Rio Grande. A execução deste projeto ocorreu, à época, sob responsabilidade do setor de navegação da região[1]. As ações de execução dos Molhes da Barra do Rio Grande foram iniciadas no final da primeira metade do século XIX e finalizadas nas primeiras décadas do séc. XX.
Quanto ao projeto Memória in Vitro, cumpre ressaltar que ele teve inicio e foi desenvolvido em uma primeira etapa durante o período de 1996 a 2003. Neste período teve como objetivo principal a conquista da responsabilidade provisória e preservação do conjunto de 235 negativos de vidro e nessa primeira edição propôs-se a desenvolver, a médio e longo prazo, os procedimentos de higienização, recuperação, inventário, catalogação, indexação, acondicionamento dos originais e reproduções, meta que foi alcançada parcialmente em razão do afastamento para doutoramento, da professora responsável pelas etapas fotográficas técnicas. Foi retomado no ano de 2010 com aprovação no edital PIBIC/DIPESQ/FURG de 2010, período no qual deu-se continuidade as ações tópicas de higienização, recuperação, inventário, catalogação, indexação, acondicionamento dos originais e reproduções. No ano de 2011 foi novamente contemplado com edital PIBIC/DIPESQ/FURG, e neste período foi possível concluir todas as ações citadas anteriormente.
Neste momento tem-se como meta dar continuidade ao projeto Memória in vitro através da ação de reconstituição histórica do acervo que deverá ser executada a partir de análises iconológicas, iconográficas, técnicas e históricas do acervo fotográfico. Concluída esta etapa, o acervo em sua forma integral será doado a Fototeca Municipal da Cidade do Rio grande para que seja integrado ao acervo fotográfico da instituição e disponibilizado à sociedade em seu conjunto.
[1] Constata-se a partir de relatórios da Câmara de Vereadores da cidade do Rio Grande, e de fontes jornalísticas da época das primeiras obras, que as primeiras fotografias foram executadas por solicitação do órgão responsável pelos trabalhos de implementação de melhorias da região litorânea da cidade do Rio Grande, a Comissão de Melhoramentos da Barra, que atuou neste local durante o período compreendido entre 1877 a 1900 e que por longo tempo foi chefiada por Honório Bicalho. A partir de 1906 as atividades desse gênero passaram à responsabilidade de um grupo técnico de origem francesa, conhecido como Comissão Francesa. As fotos que datam de 1906 a 1920 teriam sido requisitadas por essa comissão com o objetivo de registrar as obras do porto e da barra do Rio Grande. Em 1920 o contrato com a comissão citada foi finalizado e as obras subseqüentes passaram à responsabilidade da Capitania de Obras públicas. Em data, ainda não confirmada, a responsabilidade deste setor passa a pertencer ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis (DNPVN) e por volta de 1960 a PORTOBRÁS, extinta durante o governo do Presidente Fernando Color. A administração deste setor e dos seus acervos históricos encontram-se atualmente sob administração da Companhia de Docas de Santos.
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