PENTATLO MODERNO: UMA MODALIDADE OLÍMPICA QUE DESAFIA OS LIMITES DO CORPO HUMANO

Yane Marques é a única brasileira medalhista olímpica de Pentatlo Moderno, conquistando o bronze em Londres 2012

Em uma prova que reúne cinco esportes distintos em um só, o Pentatlo Moderno é uma das modalidades mais desafiadoras que será disputada nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024. Através de disputas de esgrima, natação, hipismo, corrida e tiro esportivo, os pentatletas testam os seus limites, num único dia, em busca da tão sonhada medalha de ouro. Para isso, os competidores devem medir as suas principais valências como fôlego, resistência, atenção e velocidade, além de explorar estratégias para garantir uma boa qualidade física e mental durante todas as etapas.

Neste ano, 72 pentatletas irão para Paris competir pelo lugar mais alto do pódio, sendo 36 homens e 36 mulheres, o mesmo número de Tóquio 2020. Cada Comitê Olímpico Nacional (CON) terá o direito de duas vagas por gênero, entretanto, as vagas são distribuídas por atletas, e não por país. O sistema de classificação consiste na distribuição de 33 vagas através de eventos ao redor do mundo, duas vagas pelo princípio da Universalidade e uma vaga para o país sede (França), tanto para o masculino, quanto para o feminino.

Dentre as competições que garantem vaga para o Pentatlo Moderno de Paris 2024 estão: a Copa do Mundo da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) de 2023 (uma vaga); os campeonatos continentais, dos quais competem a África (uma vaga), Américas (cinco vagas, sendo no máximo uma por CON), Ásia (cinco vagas, sendo no máximo uma por CON), Europa (oito vagas, sendo no máximo uma por CON) e Oceania (uma vaga); o Campeonato Mundial da UIPM de 2023 (três vagas); e o Campeonato Mundial da UIPM de 2024 (três vagas); além de seis vagas através do ranking olímpico, uma vaga por gênero para o país anfitrião (França) e duas vagas pelo princípio da Universalidade.

 

ENTENDA COMO FUNCIONA A DISPUTA

(Novo formato do Pentatlo Moderno será implementado em Paris 2024. Foto: Reprodução/Portal Cavalus)

O Pentatlo Moderno está no quadro dos Jogos Olímpicos desde Estocolmo 1912, porém, apenas com a categoria masculina. A categoria feminina foi inserida somente a partir de Sydney, em 2000. Na edição de Paris 2024, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou uma mudança para a duração da prova da modalidade nos Jogos Olímpicos, que será reduzida drasticamente de 4h para 1h30min. Dessa forma, os pentatletas terão um tempo menor de intervalo entre uma prova e outra, além de envolver uma disputa de semifinal, com os 36 pentatletas, e a final, com 18 classificados. Esse novo formato valerá para as duas categorias.

A disputa do Pentatlo Moderno em Paris 2024 seguirá uma ordem diferente da habitual. Primeiramente, ocorrerá uma rodada de ranqueamento através da esgrima, onde será definida a ordem de saída dos atletas, de cada gênero, no hipismo e na rodada bônus da esgrima. Logo após, já dentro do formato de disputa em 90 minutos e eliminatório, os atletas competem na prova de saltos do hipismo (em tempo de 35 minutos), seguido da rodada bônus da esgrima (20 minutos) e da natação 200m livre (15 minutos). Durante estas provas, os atletas acumulam pontos baseados em seu desempenho, nos quais serão convertidos em tempo de diferença (1 ponto = 1 segundo de vantagem) para a prova de corrida combinada com tiro esportivo, chamada de laser-run. A laser-run é a última prova da modalidade e definirá o resultado final.

A competição está prevista para ocorrer entre os dias 8 e 11 de agosto, no Palácio de Versailles. No dia 8 de agosto, acontece a rodada de ranqueamento da esgrima, tanto do masculino como do feminino. As semifinais masculinas serão realizadas no dia seguinte (9) e as femininas na manhã e tarde do dia 10. A final masculina será realizada entre o fim da tarde e a noite do dia 10. Já a final feminina será no domingo, dia 11 de agosto.

 

O BRASIL NO PENTATLO MODERNO DE PARIS 2024

(Isabela Abreu tentará igualar o feito de Yane Marques e ser medalhista olímpica em Paris 2024. Foto: Reprodução/Instagram – @isaabreu22)

Isabela Abreu é a única brasileira classificada para o Pentatlo Moderno de Paris 2024 até o momento. Ela garantiu a vaga através dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile em 2023, após ser a melhor sul-americana na classificação final, ocupando a 9a posição geral da competição, com 1313 pontos. Aos 27 anos, a pentatleta brasileira irá disputar a sua primeira Olimpíadas, e é o principal nome do Brasil na disputa da modalidade. Nesse contexto, o Brasil segue tendo uma representante feminina no Pentatlo Moderno nas Olimpíadas desde 2004, já é a sexta edição consecutiva.

Outro brasileiro ainda tenta garantir uma vaga para rumar à Paris 2024. É o caso de Danilo Fagundes, experiente atleta brasileiro de 34 anos, que foi convocado pela Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) para participar da 1° e 2° etapa da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, que ocorrerá, respectivamente, em Cairo, no Egito, entre os dias 4 e 10 de março de 2024, e em Ancara, na Turquia, entre os dias 15 e 21 de abril. Essa competição dará três vagas para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e é a última chance de classificação para o Brasil via eventos. Atualmente, Danilo está na 33° posição do ranking olímpico da UIPM, então, uma vaga via ranking se torna inviável.

 

EXPECTATIVA DA MODALIDADE

(Choong defenderá o ouro olímpico em Paris 2024. Foto: Flicker/UIPM World Pentathlon)

A grande força do Pentatlo Moderno atualmente é a Grã-Bretanha. Nos últimos Jogos Olímpicos, o país se sobressaiu nas duas categorias e foi ouro com Joseph Choong, no individual masculino, e com Kate French, no individual feminino. Choong é o top 2 do ranking mundial da modalidade, atrás apenas do egípicio Mohanad Shaban, atual campeão do mundo de Pentatlo Moderno e que chega com força para buscar o ouro olímpico em Paris.

Já French fez uma pausa em sua carreira após a conquista em Tóquio 2020, disputando apenas duas competições no período, e não possui a sua vaga assegurada para Paris, pois a Grã-Bretanha já preencheu as suas duas vagas com Kerenza Bryson e Olivia Green. Quem chega forte para a disputa do feminino é a Itália, com Elena Micheli e Alice Sotero, atuais top 1 e top 2 do ranking mundial. Micheli é também a atual campeã do mundo da modalidade.

O Brasil corre por fora na disputa das duas categorias. Na masculina, inclusive, há o risco de nem sequer ter um representante na modalidade em Paris. Na última edição, o Brasil competiu apenas com Maria Ieda Guimarães, que não fez uma boa Olimpíadas, ficando na última colocação (36°). A última participação brasileira no masculino foi em 2016, no Rio, com Felipe Nascimento, que também não teve grande atuação e ficou na 31° posição. Em 2016, Yane Marques também não conseguiu seguir o ritmo e ficou apenas na 22° posição, após ter sido bronze em Londres 2012.

Redação: Andrei Vilela

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