Os dados do ranking de melhores universidades da revista britânica Times Higher Education (THE), uma das mais importantes em avaliação do ensino superior do mundo, divulgados nesta quarta-feira, 11, demonstram que o Brasil superou Itália e Espanha e subiu da 9ª para a 7ª posição entre os países com mais representantes no ranking. Os dados deste levantamento incluem 1396 universidades de 92 países. Dentre os quesitos avaliados estão ensino, pesquisa, citações, internacionalização e transferência de tecnologia (industry income).
Neste último item, a UFPel praticamente não figurava. De zero a 100 pontos pontuava apenas 1.1 no ranking de 2018 referente aos dados do ano de 2017. No ranking de 2019 a UFPel saltou para 34 pontos e agora em 2020 aumentou para 34.4.
Esses dados referem-se à capacidade de uma universidade de ajudar a indústria com inovações, invenções e consultoria, o que se tornou uma missão central da academia global contemporânea – aliada ao ensino, pesquisa e extensão.
Esse escore busca mensurar a atividade de transferência de conhecimento, observando quanto de receita de pesquisa uma instituição obtém da indústria, comparada com o número de funcionários acadêmicos que emprega. Na UFPel, esse crescimento está relacionado com as patentes e os licenciamentos em biotecnologia, agrárias e saúde. O faturamento das empresas incubadas pela instituição contribui, ainda, para esse escore.
Essa pontuação sugere até que ponto as empresas estão dispostas a pagar por pesquisas e a capacidade de uma universidade de atrair financiamento no mercado comercial – indicadores úteis da qualidade institucional.
Em comparação com outras instituições do Brasil e do exterior, a UFPel está aproximando-se das principais instituições do mundo.
Embora na metodologia usada pelo ranking THE a transferência de tecnologia represente apenas 2.5% do total da pontuação, a UFPel apresenta pontuação significativa em outros quesitos, o que leva a universidade a ser a 9ª melhor do Brasil.
“Em 2019 a UFPel completa 50 anos de existência. As principais universidades brasileiras ainda não completaram um século de existência. Embora o desenvolvimento tecnológico e a inovação tenham se disseminado apenas nos últimos anos na UFPel – principalmente após a Lei de Inovação de 2004 – podemos perceber que a instituição tem buscado cada vez mais a relação com a sociedade, o que é demonstrado por estes dados, uma vez que o escore de transferência de tecnologia está bem próximo daquele de universidades como USP e UFRGS, as quais têm tradição estabelecida nesta área”, considera o coordenador de Inovação Tecnológica da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFPel, Vinícius Campos.
Ele lembra que, recentemente, o Ministério da Educação (MEC) propôs o programa Future-se para as IFES. “De acordo com o MEC, o programa se alicerça numa proposta de induzir as IFES a incrementarem radicalmente a sua capacidade de interação com a indústria e setor produtivo, e o financiamento em parte por este setor da sociedade. Fora todas as falhas e armadilhas do programa, a ideia central da proposta parte do pressuposto que as universidades federais não possuem interação com o setor produtivo. De acordo com estes dados podemos observar que a premissa do programa Future-se está errada. As universidades públicas brasileira já interagem com o setor produtivo. Em alguns casos, em níveis similares às principais universidades do mundo como Harvard (Figura 2), demonstrando desconhecimento do atual governo federal”, sublinha.
Para o coordenador, estes resultados do THE não demonstram apenas o crescimento da UFPel na sua interação com o setor produtivo nacional nos últimos 2 anos. “Demonstram, claramente e com dados, que a universidade pública brasileira respeita a comunidade na qual está inserida e trabalha para melhorias desta em todos os seus aspectos”, sentencia.