Por: Vinicius Farias Campos, coordenador de Inovação Tecnológica da UFPel
Recentemente, a UFPel assinou uma carta de intenções junto com a Embrapa com o objetivo de estabelecer um convênio para a criação de um Parque Tecnológico Agropecuário. As tratativas iniciaram há cerca de um ano e serão agora discutidas internamente na universidade. O objetivo é oportunizar que indivíduos locais possam desenvolver seus projetos na região, evitando a evasão de profissionais e estudantes, gerando, consequentemente, desenvolvimento local e nacional. Atualmente, o Brasil é submetido à utilização de produtos e processos de grandes empresas multinacionais, ficando de fora do desenvolvimento tecnológico e, assim, deixando a tecnologia ao alcance de produtores e usuários com alta capacidade econômica. Iniciativas para a ampliação de espaços de incubação de empresas nesta área buscam exatamente o contrário: desenvolver tecnologia regional e nacional que permita sua utilização em larga escala no país. Com a visão socioambiental da nossa região, busca, por óbvio, que a tecnologia aqui desenvolvida possa chegar aos agricultores familiares, com o objetivo de consolidar uma agricultura sustentável. Caso a UFPel não seja protagonista deste processo ficará de fora da discussão das transformações sociais que estão acontecendo e, assim, terá grandes dificuldades de contribuir com a melhoria da sociedade nessa área.
A UFPel tem experiência na incubação de Startups por meio de sua incubadora Conectar, a partir da qual foram gerados 49 empregos diretos e 920 indiretos, em 2019. Essa incubadora é um local onde os estudantes da instituição podem aplicar os conhecimentos para a geração de negócios sustentáveis. Há, por exemplo, empresas incubadas que buscam justamente a mitigação do uso de agrotóxicos. Cabe ressaltar que a universidade possui projetos de extensão como TecSol e Bem da Terra, que atuam com agricultores familiares, e também desenvolve pesquisas nos programas de pós-graduação da área agrária que desenvolvem tecnologias na área genômica. Costumamos dizer que trocamos um caminhão de soja por um Iphone, uma vez que é necessário vender toneladas de commodities por algumas gramas de plástico. Porém, quando compramos esse aparelho estamos pagando por todo o investimento em conhecimento ali depositado. Dessa forma, os espaços de incubação buscam justamente dar oportunidade para aqueles que mais precisam.
Atualmente estamos vivendo uma crise nacional sem precedentes devido à falta de vacinas para o enfrentamento da pandemia decorrente da Covid-19. Dependemos totalmente da importação de tecnologia, uma vez que os investimentos públicos em ciência estão cada vez mais escassos e, consequentemente, o desenvolvimento de uma vacina nacional está cada vez mais distante. Como coerência, e se acreditamos na ciência, devemos priorizar os investimentos em ciência em todas as áreas do conhecimento para que possamos desenvolver tecnologias nacionais e depender menos do capital estrangeiro.
Em consonância com as demais universidades públicas, está sendo realizada uma série de ações buscando subir a UFPel de patamar em relação a inovação nos últimos quatro anos. Dentre elas podemos citar:
– Criação do Congresso de Inovação Tecnológica da UFPel;
– Transferência da incubadora Conectar da UFPel para o Pelotas Parque Tecnológico;
– Implementação de sistema eletrônico para tramitação de patentes, tornando mais célere o registro das tecnologias da UFPel e propiciando que a mesma se tornasse uma das líderes no depósito de patentes no país;
– Primeira transferência de tecnologia da UFPel;
– Implementação do Programa de Doutorado Acadêmico para a Inovação (DAI) na UFPel com financiamento do CNPq;
– Aprovação pelo Conselho Universitário, por unanimidade, da Política de Inovação da UFPel, em 2019;
Nesse sentido, podemos afirmar que a UFPel está a serviço das mais variadas áreas e que sempre estamos abertos ao diálogo, trabalhando para que a instituição tenha capacidade de levar seu conhecimento para a sociedade, sempre de maneira socialmente referenciada.