Veja abaixo algumas informações importantes que a comunidade do Cinema UFPEL precisa conhecer:

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     OBJETIVOS DOS CURSOS

Objetivo Geral

  • Proporcionar formação em nível superior relacionada com o audiovisual considerando relações artísticas e industriais deste campo de trabalho.

Objetivos Específicos

Dimensão humana da formação:

    • Fazer com que os estudantes tenham acesso à formação integral, não apenas relacionada com as competências profissionais específicas, mas também como sujeitos inseridos no mundo;
    • Desenvolver uma postura metodológica crítica, própria de um ensino-aprendizagem libertador, para que os estudantes sejam capazes de discernir, por sua própria conta, suas decisões, condutas e formas de relação com os outros;
    • Ser um espaço que permita a livre expressão do pensamento e das diferentes identidades ligadas à existência humana, sejam elas relacionadas com etnicidades, gêneros, contextos sociais, nacionalidades e outros marcadores identitários;
    • Permitir o exercício da responsabilidade consigo mesmo, com os outros, com os espaços públicos, com a Instituição e com a República Federativa do Brasil a partir do acesso ao ensino superior público, gratuito, de qualidade e democrático, orientado à inclusão social e ao combate às desigualdades históricas e estruturais enfrentadas pelo País;
    • Estimular um comportamento ético, através de uma educação transformadora, onde seja possível, sempre, reavaliar condutas e práticas, não estabelecer certezas inabaláveis e não corroborar com processos de exclusão social;
    • Reconhecer e responder adequadamente a diferentes contextos sociais e educacionais, considerando as fraturas que tais contextos, eventualmente, possam trazer diante do momento da graduação na vida das/dos educandas e educandos;
    • Valorizar a vida e não tolerar qualquer tipo de violência, especialmente contra minorias, seja ela física ou simbólica.

Dimensão profissional da formação:

    • Fornecer um percurso acadêmico acolhedor a todas e todos que desejam iniciar uma carreira profissional no audiovisual, considerando diferentes contextos educacionais pregressos, oriundo de diferentes condições sociais, sem pressupor condições e conhecimentos prévios a tal área;
    • Fazer com que os estudantes tenham contato com uma formação generalista pautada na apresentação e adensamento das competências técnicas, narrativas e estilísticas do audiovisual, suficiente para que possam exercer a profissão ao final da graduação;
    • Estimular a consciência nos estudantes de uma poética artística que tem, na graduação, um momento privilegiado para ser desenvolvida;
    • Fazer com que a poética possa ser adequadamente refletida e mensurada diante da inserção social dos estudantes/artistas;
    • Manter a vigilância em relação ao perfil profissional desejado ao estabelecer uma relação dialógica e complementar entre práticas e necessidades do mercado audiovisual, exercício da atividade artística e caminho poético dos estudantes;
    • Contribuir com o desenvolvimento do mercado audiovisual brasileiro, sua institucionalidade e seu reconhecimento dentro da história política do Brasil;
    • Manter a formação atenta aos diferentes desdobramentos do mercado audiovisual brasileiro e internacional, com relação a procedimentos, técnicas, formatos e necessidades;
    • Utilizar a rede de egressos do curso, os estágios, a relação com entidades representativas, dentre outros, para manter a relação da formação com o mercado e a institucionalidade do audiovisual brasileiro;
    • Avaliar continuamente a proposta formativa de forma a considerar o diálogo com o mercado e com as necessidades sociais e profissionais da área;
    • Fazer com que os estudantes tenham um portfólio de produtos audiovisuais tecnicamente excelentes para que, após e durante a formação, possam fazer uso de tal capital social para inserção no mercado audiovisual brasileiro e internacional;
    • Estabelecer relação horizontal entre as disciplinas para contribuir com o desenvolvimento de produtos audiovisuais com grau de excelência desejável à formação acadêmica, racionalizar o trabalho de todas e todos e o uso de recursos de produção disponíveis;
    • Manter na formação uma relação dialógica entre teoria e prática ao longo de todo o percurso acadêmico, com disciplinas práticas e teóricas que permitam a ação e a reflexão ocorrerem de forma concomitante;
    • Estimular a pesquisa acadêmica no audiovisual através da produção científica na graduação e do trabalho de conclusão de curso teórico, fazer circular esta produção e mantê-la em conexão com as necessidades do campo.

     PERFIL EGRESSO/A

Dimensão humana do egresso:

    1. Ser crítico e ético diante de sua prática profissional, do conhecimento assimilado, de suas relações com os outros e com o mundo;
    2. Manter a consciência e o compromisso social atinentes a quem partilhou de formação superior, pública, democrática e gratuita, custeada pelo povo brasileiro, e contribuir permanentemente com a inclusão social e ao combate às desigualdades históricas e estruturais enfrentadas pelo País;
    3. Ter em mente o processo de reflexão ocasionado na graduação e o contato vivenciado com as diferenças e identidades, por meio do contato com os outros, buscando, sempre, conhecer, partilhar e vivenciar outras realidades além da sua e permitindo que essas diferenças mantenham-se significantes;
    4. Respeitar todas as pessoas, suas diferenças, identidades, realidades e considerar o papel da estrutura social em sua própria história e na história das outras pessoas com quem se relacionar;
    5. Ter consciência de que a graduação representa o início de uma nova etapa e não a última etapa do desejo de aprender, especializar-se e construir novos conhecimentos, mesmo que consciente das eventuais dificuldades de espaço e tempo para aquisição e produção de conhecimento impostas pela vida social e pela estrutura;
    6. Desenvolver autonomia diante de sua própria história e permitir-se refletir;

Dimensão profissional do egresso:

Eixo A) Técnica e Formação Profissional

    1. Conhecer de forma suficiente todos os processos e funções técnicas do audiovisual para que seja capaz de discernir com clareza sua área específica de atuação e, também, estar pronto, em um escopo ampliado, para as oportunidades e desafios profissionais que surgirem;
    2. Ser capacitado na formação prática para direção, imagem, roteiro, produção, som, edição/montagem e outras competências relacionadas com o campo;
    3. Ter domínio sobre a linguagem audiovisual e estar atento às suas complexidades, variações, alterações e conflitos com outras linguagens e significados sociais;
    4. Ser capaz de apreender e assimilar saberes e formular, a partir de tal processo, conhecimentos novos para o campo profissional e para as outras pessoas, seja no campo acadêmico, na inserção na pós-graduação, e/ou na atuação profissional.

Eixo B) Realização em Cinema e Audiovisual

    1. Compreender-se como artista e/ou realizador audiovisual, dependendo de sua própria inclinação ao longo do curso, sendo capaz de pensar poeticamente e profissionalmente o que realiza;
    2. Ter repertório técnico, narrativo e estilístico para o audiovisual, construído a partir do contato permanente e da reflexão histórica de diversos formatos, campos artísticos e midiáticos, cinematografias e suas histórias;
    3. Ter consciência patrimonial e de preservação dos produtos audiovisuais que criar e for responsável e, desta forma e de outras, exercer políticas de preservação audiovisual;
    4. Desenvolver projetos de produção de obras de diferentes gêneros e formatos, destinados à veiculação em diversas formas de distribuição contempladas basicamente pelas salas de cinema, televisão tradicional, streaming, redes sociais da internet, espetáculos e outros.
    5. Ser capaz de desenvolver funções específicas e/ou exercer cargos de gestão, tendo como base o conhecimento geral adquirido ao longo do curso;
    6.  Trabalhar em equipe e considerar as dificuldades e necessidades de relações cooperativas com os outros e valorizar tal forma de trabalho;
    7. Vislumbrar na carreira um caminho sustentável de trabalho e renda onde possa desempenhar uma atividade pertinente com seu percurso poético e anseios e, ao mesmo tempo, responder às exigências estruturais da vida social;

Eixo C) Teoria, Análise e Crítica do Cinema e Audiovisual

    1. Ter conhecimento histórico sobre a arte do cinema, posicionar-se historiograficamente diante de tal arte e saber reconhecer o campo artístico e sua relação com outros campos sociais;
    2. Ser capaz de reconhecer, interpretar e criticar qualquer produto audiovisual independente de sua origem, formato ou forma de distribuição e, dentro disso, não ter qualquer tipo de preconceito com obras audiovisuais;
    3. Ser capaz de empreender pesquisa acadêmica em teoria, análise e crítica do cinema e audiovisual voltado para a história, a estética/estilística e crítica;
    4. Se desejar, estar apto a ingressar na pós-graduação e contribuir como pesquisador com a criação de novos conhecimentos para o audiovisual e, também, caso seja o desejo, com a docência no ensino superior do audiovisual.

Eixo D) Economia e Política do Cinema e Audiovisual,

    1. Estar atento ao mercado, suas mudanças, exigências e transformações e, ao mesmo tempo, manter uma relação crítica e autônoma com este;
    2. Ser capaz de gerir, produzir e distribuir, participar de curadorias e/ou exibir obras audiovisuais, conhecer as políticas públicas do setor, a legislação do mercado e seu histórico;
    3. Considerar empreender, por sua conta, individual ou coletivamente, organizações, projetos, ofícios, trabalhos, propriedades intelectuais, modelos de negócio e outras relações que se insiram no mercado audiovisual

     POLÍTICAS ÉTNICO-RACIAIS

O compromisso de políticas institucionais dos cursos para com as relações étnico-raciais são desenhadas a partir dos seguintes direcionamentos:

  • Prática pedagógica antirracista com apuração responsável e encaminhamento a instâncias superiores de eventuais atos discriminatórios ocorridos dentro da comunidade dos cursos;
    • O significado de antirracista pode ser visto através conteúdo de Pequeno Manual Antirracista (2019) da pesquisadora Djamila Ribeiro. Sucintamente, a obra, em seu sumário, traz indicações consideradas válidas, dentro da presente proposta pedagógica, para tal prática: (1) informar-se sobre o racismo, (2) enxergar a negritude, (3) reconhecer os privilégios da branquitude, (4) perceber o racismo internalizado, (5) apoiar políticas educacionais afirmativas, (6) transformar o ambiente de trabalho/ensino, (7) ler autores negros, (8) questionar as práticas culturais que são consumidas, (9) conhecer os próprios desejos e afetos e (10) combater a violência racial.
  • Não realização de projetos e produtos audiovisuais que naturalizem violência contra minorias e/ou façam discriminação étnico-racial, com observação e orientação docente;
    • Naturalizar representa, em sentido simbólico e cultural, tornar algo como “parte da essência” do comportamento humano. Segundo Denys Chuche, nesse sentido “nada é puramente natural no homem (sic). Mesmo as funções humanas que correspondem a necessidades fisiológicas, como a fome, o sono, o desejo sexual, etc., são informados pela cultura: as sociedades não dão exatamente as mesmas respostas a estas necessidades” (1999, p. 11).
    • A observação e orientação deve ocorrer, primordialemente e inicialmente, na fase de argumento e roteiro dos projetos audiovisuais.
  • Educação continuada docente e discente para uma prática pedagógica antirracista;
  • Mapeamento de estudantes e egressos pretos, pardos e indígenas por parte do curso, com o apoio do acompanhamento de egressos e do Centro Acadêmico;
  • Cooperação com o Mapeamento da Diversidade nos Cursos de Cinema, desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual (Forcine);
  • Realização de mostras e eventos de cinema e audiovisual negro, como já ocorre com a Mostra Ohún de Cinema Negro de Pelotas, organizada por estudantes negras e negros dos cursos;
  • Preservação e memória e divulgação da produção audiovisual com a temática étnico-racial, especialmente a relacionada com a cidade de Pelotas/RS e região.

     POLÍTICAS DE GÊNERO

A partir da avaliação do Núcleo Docente Estruturante e do Colegiado de Curso, torna-se necessária a inclusão de direcionamentos da educação para as identidades de gênero nas práticas sociais pertinentes aos cursos. Por identidade de gênero, compreende-se o disposto no Decreto Presidencial nº 8727 de 26 de abril de 2016, que versa sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, especialmente o inciso II do do Art. 1º:

II – identidade de gênero – dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento.

Ainda que tais direcionamentos sejam objetos de revisão, eles encontram aqui sua forma inicial dentro dos cursos:

  • Prática pedagógica que não contemple nenhum tipo de discriminação de identidade de gênero, incluindo transfobia, e/ou misoginia, com apuração responsável e encaminhamento a instâncias superiores de eventuais atos ocorridos dentro da comunidade dos cursos;
  • Não realização de projetos e produtos audiovisuais que naturalizem violência contra minorias e/ou façam discriminação de identidade de gênero, transfobia e/ou misoginia, com observação e orientação docente;
    • A misoginia pode ser compreendida como uma atitude cultural de ódio às mulheres simplesmente porque são femininas. É um aspecto central do preconceito sexista e da ideologia e, como tal, é uma base importante para a opressão das mulheres nas sociedades dominadas pelo homem.
    • A transfobia pode ser compreendida como uma gama de atitudes, sentimentos ou ações negativas, discriminatórias ou preconceituosas contra pessoas transgênero. A transfobia pode ser repulsa emocional, medo, violência, raiva ou desconforto sentidos ou expressos em relação a pessoas trans.
  • Educação continuada docente e discente para uma prática pedagógica livre de discriminação de identidade de gênero, transfobia e/ou misoginia;
  • Respeito às diferenças de identidade de gênero de toda a comunidade dos cursos, formada por discentes, docentes e técnicas/os, a partir do que cada pessoa expressa e demonstra em relação a tal identidade;
  • Direito à expressão da identidade de gênero em todos os espaços de convivência e trabalho/aprendizado da comunidade dos cursos, dentro do ambiente da UFPEL e fora dele, quando houver reunião identificada com a comunidade dos cursos e/ou quando houver comunicação digital identificada com tal comunidade;
  • Garantia de cumprimento do Decreto Presidencial nº 8727 de 26 de abril de 2016, especialmente do Art. 2º, no âmbito do Curso e da UFPEL, a saber: Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.
  • Disposição de meios de informação para requerimento de nome social, na forma disposta do Decreto, na comunidade dos cursos e na UFPEL;
  • Utilização do nome social, na forma disposta do Decreto, na comunicação verbal e escrita entre discentes, docentes e técnicas/os;
  • Disposição para informar e perguntar sobre identidade de gênero, por parte de todas, todos na comunidade dos cursos, no sentido estrito de, se preciso for, perguntar a respeito de (1) Nome Social, na forma disposta do Decreto, e (2) Pronomes de Tratamento;
  • Presunção de boa fé e respeito mútuo nas relações sociais entre docentes, discentes e técnicas/os da comunidade dos cursos.