Por Luísa Brito e Yasmin Arroyo
Habitar com qualidade é um direito humano básico, fundamental para o bem-estar e o desenvolvimento das comunidades. No entanto, com o rápido crescimento das cidades, muitas regiões acabam negligenciadas, privadas do acesso à infraestrutura básica e de qualidade de vida, deixando parcelas da população vivendo em condições precárias, desprovidas dos serviços e recursos essenciais para uma vida digna.
Na região do Porto de Pelotas, observa-se um cenário onde todos os recortes se estreitam à comunidade e ao comunitário, com destaque para a comunidade ribeirinha localizada no bairro. Estes grupos são caracterizados por um estilo de vida e um modelo de trabalho com peculiaridades próprias, baseados principalmente na pesca como atividade primordial de sobrevivência, além de práticas extrativistas e de subsistência.
A negligência das autoridades públicas em relação a essas comunidades resulta em consequências adversas, como o aumento da criminalidade e o aprofundamento da desigualdade social. A situação é agravada pela invisibilidade dessas comunidades, como é o caso daquela próxima ao Campus Anglo da UFPel, situada em uma área altamente movimentada por estudantes, mas muitas vezes ignorada pela sociedade em geral.
A história da região, marcada por transformações socioeconômicas, é crucial para entender os desafios enfrentados pela comunidade circundante ao Campus Porto da UFPel. Antes abrigando atividades industriais como a Charqueada de Brutus Almeida e a Companhia Frigorífica Rio Grande, o local foi posteriormente convertido no Frigorífico Anglo e, mais tarde, doado à UFPel pela Fundação Simon Bolívar.
Nesse contexto, a universidade tem um papel crucial a desempenhar. Como instituição pública comprometida com o desenvolvimento social, possui um dever ético e moral de auxiliar as populações locais através de suas atividades de extensão universitária. Essas iniciativas visam não só atender às demandas e necessidades da comunidade, mas também promover o desenvolvimento socioeconômico, cultural e educacional das regiões circunvizinhas.
Ao se envolver ativamente com as comunidades ribeirinhas e outras populações locais, a UFPel não só cumpre seu papel como agente de transformação social, mas também fortalece os laços de cooperação e solidariedade entre a academia e a comunidade. Assim, a colaboração entre a universidade e essas comunidades não é apenas uma questão de dever institucional, mas também uma forma de promover uma relação de parceria e co-responsabilidade na busca por soluções que beneficiem a todos os envolvidos.