Cultura em movimento: o projeto “Sofá na Rua” e a expansão cultural no Porto de Pelotas

Por Luísa Brito da Costa

A cidade de Pelotas é conhecida não apenas pela rica história, doces e arquitetura, mas também pela diversidade de seu povo e suas manifestações culturais. Dentro desse cenário, nasceu o “Sofá na Rua”, um projeto que há mais de uma década tem transformado o Porto de Pelotas em um epicentro de arte, música e cultura, refletindo as influências diversas não apenas da região, mas de todo o Brasil.

(Foto: Divulgação do projeto no Instagram @sofanarua)

Organizado de forma totalmente gratuita, coletiva e aberto a todos os públicos, o “Sofá na Rua” tornou-se uma tradição anual que celebra a ancestralidade, musicalidade e as várias formas de expressão cultural presentes na região. As atividades incluem uma ampla quantidade de atrações, desde shows musicais até práticas culturais específicas, venda de produtos artesanais, esportes e danças, tudo isso acontecendo no bairro Porto de Pelotas.

Isadora Terra Passeggio, produtora Executiva do projeto, explica que “O Sofá na Rua surge a partir da Casa Fora do Eixo Pelotas, motivado pelo fato de artistas não terem locais democráticos para se apresentar. Dessa forma o grupo que constituía a casa na época colocava os Sofás na Rua e criava um espaço acessível a todos”, conta.

O nome pode parecer peculiar mas não é mera coincidência. O evento se destaca pela presença de um sofá que simboliza conforto e inclusão, imitando literalmente uma sala na rua, ou seja, a proposta é justamente realizar uma troca cultural com os mais diversos públicos, convidando os participantes a se sentarem, relaxarem e apreciarem a efervescência cultural ao seu redor. A rua, assim, se transforma em um espaço de encontro e convivência, destacando a ideia de que a cultura é para todos e deve ser celebrada coletivamente.

Isadora também reafirma que a proposta é que as histórias do evento sejam criadas juntamente com o seu público, por isso o microfone sempre é aberto. O Sofá tem por objetivo interferir o espaço público com narrativas urgentes de apoio à diversidade e pluralidade de ideias através de espetáculos, fomentando a formação de público para o segmento autoral e democratizar o acesso à arte.

(Foto: Divulgação do projeto no Instagram @sofanarua)

Mais do que um simples evento cultural, o “Sofá na Rua” representa uma proposta de reinvenção do espaço urbano. Os organizadores dispõem-se a acreditar na utopia de transformar a cidade em um ambiente mais humano, agradável e a serviço das pessoas por meio da arte. Este movimento cultural floresce a partir da ocupação do espaço público com arte, cultura e ludicidade, incentivando os cidadãos a repensarem a cidade onde vivem.

Com 12 anos de estrada e equipe de 9 integrantes, entre músicos, produtores musicais e gestores culturais, o subsídio financeiro ainda é um desafio. O Coletivo de Pelotas, hoje formalizado enquanto associação sem fins lucrativos, possui uma gestão horizontal e democrática, segundo eles próprios denominam. Dessa forma, o projeto sempre participa de editais e na busca por novos apoiadores.

A programação diversificada do “Sofá na Rua” tem como objetivo principal fortalecer os artistas locais, proporcionando um palco para apresentações e experimentações.

Neste mês de fevereiro o projeto terá dois eventos durante o carnaval: O primeiro acontecerá na região portuária (local tradicional do Sofá) e contará com o Bloco Loko. O outro será no no Barro Duro e contará com a Batukantada e com Kako Xavier.

(Foto: Divulgação do projeto no Instagram @sofanarua)

Em um mundo em constante mudança, iniciativas como o “Sofá na Rua” mostram que a cultura é uma força transformadora capaz de unir comunidades, promover a inclusão e criar espaços de expressão para a diversidade cultural. Este projeto representa uma nova cultura urbana que está em ascensão, estimulando a participação ativa da comunidade na construção de uma cidade mais vibrante, criativa e conectada através das expressões artísticas que a caracterizam. O Porto de Pelotas, durante os eventos do “Sofá na Rua”, se torna mais do que um local de passagem; é um ponto de convergência cultural onde o presente e o passado se entrelaçam em uma celebração única da identidade local que busca democratizar o acesso à arte.