Ciclo de Debates: Os Lugares da Arte

on





O Ciclo Os Lugares da Arte é um projeto de formação continuada que ocorre quinzenalmente no Instituto de Artes e Design com o objetivo de debater temas diversificados sobre ensino de arte na escola. Os convidados palestrantes são professores que desenvolvem suas pesquisas em diversas áreas tais como: História, Educação, Filosofia, Letras, Artes Visuais, Patrimônio.

Os temas abordados tem enfoque interdisciplinar mas sempre voltado para multiplicidade de atuação e de prática artística.

Os convidados do primeiro semestre de 2010 foram: Roberto Heiden, professor do Curso de Conservação e Restauro da UFPel; Rebecca Corrêa e Silva, Licenciada em Artes Visuais; Sandra Vieira, Mestre em Educação; Aydê Andrade de Oliveira, mestranda do Curso de Memória Social e Patrimônio Cultural/UFPel; Maria Stella Martinelli, Licencianda em Artes Visuais; Janaina Xavier, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural/UFPel.

Resumo da Palestra: O CINEMA BRASILEIRO NA CONTEMPORAINEIDADE, por Stela Martinelli
O assunto desta palestra é o cinema brasileiro na contemporaneidade. A proposta é provocar uma reflexão do cinema brasileiro acerca da atual política cinematográfica do governo, bem como, os caminhos para uma produção cinematográfica auto-sustentável, considerando a produção cinematográfica sob o ponto de vista artístico, comercial e industrial. Para tratar deste tema apoiamos este trabalho nos discursos de estudiosos da área, autores como Jean-Claude Bernardet, Pedro Butcher, a pesquisadora Lúcia Nagib, e o critico de cinema José Geraldo Couto, bem como depoimentos de cineastas como Carla Camurati e Eliane Caffé, além das produtoras de cinema, Rita Buzzar, Nora Goulart e Sara Silveira, pensamentos que contribuíram com uma riqueza de informações para esclarecer o atual panorama da sétima arte. O assunto estudado nesse trabalho se concentra na historiografia do cinema a partir dos anos 90, período denominado pela imprensa como “retomada” do cinema brasileiro.

Palestra: DA PAISAGEM AO NU – AS CATEGORIAS DE PINTURA EM GOTUZZO, por Rebecca Corrêa e Silva

O estudo que vem sendo realizado sobre a obra do artista pelotense Leopoldo Gotuzzo(1887-1984), surgiu durante a participação no projeto intitulado Caixa de Pandora: Mulheres Artistas e Mulheres Filósofas no século XX, onde foi desenvolvida a temática da representação da mulher em Gotuzzo (nus e retratos).
O aporte teórico se deu através de referenciais sobre pintura clássica e moderna, na Europa através de Giulio Carlo Argan, H.W Janson, para o embasamento sobre a arte no Brasil buscamos o entendimento através dos autores Walter Zanini e P.M Bardi . Especificamente sobre a obra e a vida de Gotuzzo, foram utilizados autores e pesquisadores da cidade de Pelotas, além documentos do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo.

Palestra: A FOTOGRAFIA COMO EXPERIÊNCIA DO OLHAR: PRÁTICAS EM ARTES VISUAIS por
Sandra Corrêa Vieira

A palestra versa sobre uma investigação feita no curso de mestrado em Educação, cuja temática abordada foi sobre o ensino de Artes Visuais. Sendo que, um dos objetivos da pesquisa foi o de analisar a prática fotográfica como um recurso para a aula de Artes Visuais. Com o avanço tecnológico nunca se produziu tantas imagens, músicas, enfim tantos produtos relacionados ao sensível. Principalmente, através do grande progresso na construção e manipulação de imagens, com o advento da câmera digital. Observa-se que a fotografia é uma prática constante na vida das pessoas. Assim como, a fotografia é uma tecnologia muito aproveitada nas poéticas da arte contemporânea. No entanto, Arlindo Machado salienta que as propostas da arte são de quebrar com a frieza dos materiais e das técnicas utilizados por ela, explorando o sensível que ela pode proporcionar. O professor deve estar sempre atento, e em contato com a produção de imagens produzidas pelos alunos, buscando na educação do olhar o que é relevante para a formação do indivíduo. As imagens são fundamentais na alfabetização estética, e estão presentes no dia-a-dia. Pierre Bourdieu nos fala em “competência para ver”, ao se referir na utilização de tecnologias, como a fotografia e o cinema, no campo educacional. A partir desta perspectiva, buscou-se desenvolver uma prática fotográfica com os alunos, de uma turma de 8ª série. A prática fotográfica consistiu em uma atividade de passeio com os alunos por alguns pontos da cidade escolhidos por eles, em que eles deveriam registrar o seu “olhar sobre a cidade.”

Palestra: Acervos e Memória dos Salões de Artes de Pelotas, por Aydê Andrade de OLIVEIRA
Este estudo visa à divulgação do acervo audiovisual sobre “A arte em Pelotas: os Salões de Arte”, do Centro Integrado de Teleducação do Sul – CITES da Universidade Federal de Pelotas – UFPel, produzido com o objetivo de levar à comunidade informações sobre as manifestações das artes plásticas, evidenciadas nos Salões de Arte, através de projeto realizado em parceria com a Fundação Nacional de Arte – FUNARTE. (CENTRO INTEGRADO DE TELEDUCAÇÃO DO SUL, 1985).Em um período relativamente recente da história da UFPel (durante anos de 1970 a meados de 1980), encontramos uma ferramenta de ensino e cultura, registrada em um suporte que rapidamente entrou em colapso, em virtude do avanço das novas tecnologias de informação que eclodiram nas últimas décadas. Com o surgimento das novas tecnologias, esses suportes de registro e de leitura ficaram obsoletos e teve como agravante a extinção do setor criador desses acervos. A conjunção desses fatores levaram à perdas de acervo ou porque foram guardados a revelia em arquivos sem tratamento adequado de preservação, ou porque foram compor acervos pessoais de funcionários da Universidade que os guardaram como suportes de memória do tempo vivido.
Acervo audiovisual de significativo valor histórico e cultural sobre a memória dos Salões de Arte de Pelotas, traz em seu corpo, além de imagens (80 slides) e áudio (fita cassete), um roteiro cuidadoso (7 folhas mimeografadas) que procura mostrar verdadeiramente, as expressões das artes, os sentimentos e as técnicas utilizadas. Esses audiovisuais são o reflexo da preocupação dos criadores em levar para a comunidade a arte e os artistas que faziam parte das exposições, promover a aproximação do público com a arte através da reprodutibilidade técnica, “seja sob a forma de fotografia, seja do disco”, conforme Walter Benjamin. (1994, p.168)
Esse pioneirismo em promover a inclusão social, reflete o espírito empreendedor do mentor do CITES, através do Professor Rui Antunes da UFPel e do idealizador dos Salões de Arte de Pelotas (1977-1981) o promotor cultural Nelson Abott de Freitas da 5ª Delegacia de Educação – DE. Neste sentido, fazem uso dos recursos técnicos como o áudio para introjetar a imagem e a trilha sonora para levar a emoção para quem o assiste. A sistematização e a digitalização desses audiovisuais fazem parte do meu Projeto de Dissertação do Programa de Pós-Graduação, e foi também a estratégia encontrada pela Biblioteca de Ciências Sociais/UFPel, através do projeto de “Digitalização dos suportes em obsolescência, 2008” como medida de recuperação e preservação desses acervos que remetem às memórias da UFPel e de Pelotas e registram momentos de grande importância da arte e da cultura pelotense.

Palestra: Arte Contemporânea e Memória, por Roberto Heiden (Mestre em Memória Social e Patrimonio Cultural, prof. do Curso de Conservação e Restauro/UFPEL)

O trabalho apresenta como compreender o estatuto da obra de Arte Contemporânea, de caráter efêmero ou experimental, quanto à construção de uma memória a ela relacionada, considerando sua relação de pertencimento ao museu de arte, e este como um lugar para a memória. Trata de como podem existir duas situações opostas que caracterizam uma obra de arte: a primeira é que ela se constitui em uma dimensão material e a segunda de que ela só existiria em uma dimensão imaterial. Neste estudo, definimos a memória como uma construção do presente, mediante determinado contexto, sendo produto de articulações entre a memória do indivíduo e da sociedade, além daquela memória possibilitada pelos suportes artificiais. O estudo avalia a relação da obra de Arte Contemporânea com as referências do passado, para a produção de uma memória a ela relacionada, analisando esses aspectos, no ambiente de exposição. Também foram abordados cuidados específicos para a conservação de obras efêmeras ou experimentais, que demonstraram a necessidade de uso de novos processos, principalmente quanto a uma documentação que se relaciona com a intenção dos artistas, e com materiais e configurações escolhidos para cada proposta. Foi com o encaminhamento destas questões que este estudo se desenvolveu, e apresentou algumas respostas sobre a construção de uma memória relacionada à Arte Contemporânea no espaço do museu.

Palestra: Chafarizes Franceses: patrimônio histórico e artístico de Pelotas, por Janaína Xavier (Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural)
A palestra abordou as fontes em ferro fundido, vindas da França para Pelotas, entre os anos de 1873 a 1876, para complementar o abastecimento de água e ornamentar os espaços públicos. Foram consideradas as questões relativas às origens e a história dos chafarizes na cidade e analisados os seus elementos estéticos em relação as correntes estilísticas, destacando o valor artístico desses elementos da cidade.