Na segunda metade do século XIX Pelotas era, sem nenhum exagero, uma das cidades de porte médio mais prósperas do Brasil. Só não se configurava o grande porte por não poder contar com os elementos oficiais de que dispunha Porto Alegre, a capital da Província. Nesse sentido, são recorrentes as queixas, nos diários pelotenses, no final do século dezenove, quanto à desatenção com que a cidade era tratada pelos organismos governamentais.
De qualquer modo, e como compensação, sempre que os gabinetes do Império, ou o palácio provincial, omitiam-se com relação a Pelotas, a lacuna era suprida, e às vezes com vantagens, pela iniciativa particular ou pelas administrações locais. Geralmente, era por conta própria que os pelotenses mais prósperos acabavam assumindo os compromissos do sistema político, substituindo o governo em algumas tarefas que, a princípio, lhe competiam. Outras vezes, com o apoio da Câmara, iam tocando as obras que faltavam, e conseguiam manter a cidade em permanentes condições de rivalizar com a metrópole.
Um dos exemplos mais notórios das iniciativas de vanguarda de Pelotas é a área da Educação. Desde que, em 1820, dois anos antes da Independência do Brasil, haviam sido autorizadas a funcionar na Capitania de Rio Grande de São Pedro oito “aulas” públicas de primeiras letras – uma delas na Freguesia de São Francisco de Paula, origem de Pelotas – o pioneirismo foi a marca registrada da comarca.
Seja como precursora de múltiplas iniciativas no âmbito do ensino particular, seja na implantação de educandários públicos.
Com relação ao futuro surgimento da Universidade Federal de Pelotas não foi diferente. Exemplo dos mais significativos e que tem relação direta com a fundação da instituição, está relacionado à atual Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem), nascida sob os auspícios do governo central, com decisivo impulso local, em 1883.
Embora a Escola de Agronomia de Cruz das Almas, na Bahia, tenha sido criada antes dessa data, ela por vezes permaneceu fechada. Com isto, é possível assegurar que a Faem é a Escola de Agronomia mais antiga do país.
Com a implantação da República, a instituição passou a se chamar Liceu Rio-Grandense de Agronomia, embora continuasse sob a administração local, situação em que permaneceria por mais cinquenta anos. Só em 1945, federalizada, a Faculdade passou a integrar o patrimônio da União.
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