A reunião da Sociedade de Arqueologia Brasileira – núcleo regional sul – SAB-Sul, ocorre bienalmente e se encontra em sua décima edição. Em 2016, o evento será sediado na cidade de Pelotas – Rio Grande do Sul, na Universidade Federal de Pelotas. O objetivo das reuniões científicas da SAB-Sul é congregar pesquisadores, estudantes, profissionais e demais interessados na área da Arqueologia, atuando como espaço de divulgação de resultados, comunicação de trabalhos em andamento, propostas e discussões teóricas e metodológicas.
Na busca pela integração de pesquisadores e pela composição de redes científicas de trabalho, nesse ano, além do tradicional encontro da SAB-Sul, o evento será realizado em conjunto com a IIIª Jornadas de Atualização em Arqueologia Tupi-Guarani, buscando reunir pesquisadores de todo Mercosul. Estas Jornadas vem reunindo crescentemente pesquisadores que trabalham ativamente com arqueologia Guarani, a fim de integrar as novas pesquisas e os conhecimentos produzidos. A primeira reunião foi em 2009 e a segunda em 2011, ambas em Buenos Aires. Nesta oportunidade, pensamos em trabalhar com dois eixos temáticos, a cronologia do registro Guarani na Argentina e Brasil, como também focalizarmos na variabilidade de estilo de vida desta unidade arqueológica, incluindo é claro, outros campos de investigação associados ao mesmo.
“Desconstruir Assimetrias” foi o tema escolhido para nortear esse evento integrado. “Desconstruir” é uma premissa, um horizonte permanente em Ciências Humanas. Em um mundo globalizado e repleto de injustiças sociais resultantes de relações de poder nas mais variadas escalas, desde os espaços domésticos até os grandes fóruns de tomadas de decisões de políticas globais, vêm sendo detectadas práticas que sedimentam “assimetrias” como, por exemplo: interesses dicotômicos entre populações tradicionais e políticas desenvolvimentistas de Estados e empresas privadas; Descompasso entre a consolidação de disciplinas científicas que deveriam ser mais coesas, como Arqueologia, História, Antropologia, Ciências Sociais, etc.; Desconexão entre políticas de interesses locais e globais; Hierarquização entre conhecimentos populares (ditos senso comum) e acadêmicos (ditos senso científico); Desagregação entre humanos e não-humanos. Enfim, “assimetrias” que reificam a manutenção do Status Quo vigente e que deveriam ser ponto de discussão no meio arqueológico, inclinando essa disciplina a uma abordagem mais contemporânea, extra-muros, multivocal, politizada e anti-colonialista. Nesse sentido, o objetivo desse evento, além servir como um espaço de apresentação de trabalhos acadêmicos e, claro, rever os velhos amigos e fazer novas amizades, é construir um ambiente de reflexão sobre o futuro da Arqueologia no sul do Brasil e, em uma escala maior, no Mercosul.