Por Lucas Schellin Maltzahn – Assessor de investimentos
Um dos primeiros passos a realizar quando se deseja começar a investir é buscar conhecimento, pois é ele que irá fazer com que você consiga atingir as maiores rentabilidades, alinhar o seu perfil e objetivo financeiro com os investimentos, além de fazer com que você consiga analisar de forma mais criteriosa o mercado financeiro e seu comportamento atual e futuro, buscando as melhores oportunidades de investimentos.
Visto isso, quando começamos a busca por ativos de Renda Fixa, é fundamental saber os principais indicadores que regem o mercado financeiro, uma vez que grande parte da rentabilidade dos ativos desse setor são indexados, parcialmente ou completamente, a esses indicadores.
São indicadores que são comentados diariamente no mercado financeiro e é muito difícil alguém não ter escutado sobre nenhum deles até hoje. Dado que esses indicadores fazem parte do nosso dia a dia, de forma explícita ou implícita, e são apresentados em jornais, notícias, artigos e qualquer material que tenha como referência o mercado financeiro, especialmente quando há alguma mudança de cenário.
A seguir, são apresentados os três indicadores mais importantes do mercado financeiro e o porquê é preciso conhecê-los bem:
- IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é um dos indicadores de inflação mais tradicionais e o mais importante utilizado no Brasil. Criado em meados de 1979, esse indicador tem como principal ponto medir a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras.
O índice é calculado e mensurado pelo IBGE, apontando mensalmente o custo médio mensal de famílias entre 1 e 40 salários mínimos, abrangendo, assim, cerca de 90% da população brasileira.
Para chegar a um número que representa o quanto a inflação evoluiu ou retraiu de um período a outro, são coletados os preços de diversos itens que constam na cesta básica brasileira, entre o dia 1º ao 30º de cada mês em diversos estabelecimentos comerciais.
É importante saber que o IPCA é o indicador central, mas possuem outros indicadores ao seu redor que detêm a mesma metodologia, só são diferenciados pelo período de coleta dos dados, como o IPCA-15, coletado do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês seguinte, e o IPCA-E (especial), que representa o acúmulo do IPCA-15 trimestralmente.
Conhecer esse indicador de inflação ajudará a proteger o seu capital, fazendo com que ele não perca valor no tempo. Existem no mercado financeiro, diversos investimentos que possuem especificamente essa característica, visando proteger o capital dos efeitos da inflação.
Pode-se citar como exemplo alguns dos investimentos de Renda Fixa da área bancária, como CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e/ou da parte de crédito privado, que é o caso dos CRA ( Certificado de Recebíveis do Agronegócio), CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e as Debêntures.
Boa parte desses investimentos tem sua modalidades de rentabilidade parcialmente atrelada ao IPCA, são os chamados Investimentos Híbridos, em que uma parte é pré-fixada e a outra é pós-fixada na inflação, como aqueles investimentos que possuem uma rentabilidade acordada do tipo IPCA+X%. Ativos com rentabilidades como essa garantem um rendimento, no vencimento, de X% acima da inflação, protegendo assim o capital investido.
- Taxa Selic
Definida pela política monetária do governo é a taxa básica de juros da economia brasileira. A Selic é o principal instrumento da política monetária, utilizada pelo Banco Central para o combate à inflação. E é a taxa Selic que influencia todas as outras taxas de juros no país, como as taxas de financiamentos, empréstimos e aplicações financeiras.
Seu nome vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, na qual é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo Bacen em que são transacionados títulos públicos federais e a média ajustada dos financiamentos diários nesse sistema, que dá origem à Selic.
A taxa Selic é definida na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que acontece a cada 45 dias e tem como finalidade ajustar os indicadores de inflação.
A Selic funciona da seguinte forma:
Ao elevar a taxa Selic, o Copom está tentando diminuir os impactos da inflação, pois com a Selic em patamares altos a tendência é de se tirar o dinheiro de circulação no mercado, elevar as taxas de juros e dificultar a tomada de crédito a fim de tentar controlar uma possível alta da inflação.
Já no cenário contrário, baixando a taxa Selic, o Bacen está na verdade tentando fomentar o mercado. Com isso, começa a ter uma tendência de maior circulação de dinheiro no mercado, os juros bancários se tornam mais atrativos e a tomada de crédito é facilitada. Visto isso, é muito importante conhecer esse indicador para conseguir, em momentos oportunos, rentabilizar o capital utilizando a Selic.
Um exemplo de investimento que possui a Selic atrelado à sua rentabilidade é o Tesouro Selic. Esse investimento, além de ser assegurado pelo governo, rentabiliza o capital investido à taxa da Selic e por isso é considerado um pós fixado, pois em um período mais longo a Selic poderá sofrer várias modificações.
- CDI
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é a taxa de juros que lastreia as operações interbancárias. De certa forma o CDI é um título de curtíssimo prazo emitido pelos bancos e não é oferecido diretamente ao investidor.
A razão do CDI existir é devido ao sistema financeiro, no qual o Banco Central determina que os bancos, por medidas de segurança do sistema financeiro, não devem fechar o dia com saldo negativo em seus caixas. Para isso não acontecer, as instituições bancárias acabam realizando empréstimos umas às outras.
Essas operações são registradas na B3 (Bolsa de Valores brasileira), que por sua vez calcula a média dos juros praticados nos certificados interbancários de todo mercado financeiro e a divulga diariamente, conhecida como taxa DI ou CDI.
O CDI mesmo sendo um indicador de base diária, também é calculado de forma mensal e anual e serve de base para a rentabilidade de diversos investimentos de Renda Fixa
São investimentos que possuem como rentabilidade uma porcentagem em cima do CDI, por exemplo, 90%CDI, 100% CDI, 120% CDI, entre outras. Mas não se engane, render 100% CDI não é uma rentabilidade de 100% em cima do capital investido, mas quer dizer que o investimento está assegurando um retorno ao investidor equivalente à taxa integral, o CDI.
- Conclusão
Conhecer os principais indicadores que regem o mercado financeiro e a maioria dos investimentos irão fazer com que você tenha uma noção melhor do momento de mercado atual e do que pode estar por vir logo mais a frente, além de lhe auxiliar a criar uma carteira de investimento mais diversificada e que oportunize rentabilizar o capital investido em diversos momentos do mercado financeiro.
O conhecimento é a chave principal para aberturas de portas para o investidor no mercado financeiro.