Por João Victor Rodrigues/Superávit Caseiro
Todo mundo está sujeito a sofrer com imprevistos e grande parte deles interfere diretamente na estabilidade financeira individual ou familiar, principalmente no Brasil, onde as mudanças econômicas são constantes. As crescentes taxas de inflação dos últimos anos são um exemplo disso. Demissão do emprego, gasto com problema de saúde ou aumento da mensalidade escolar, são todas situações inesperadas que podem ocorrer a qualquer momento e com qualquer pessoa.
Estas situações se tornaram mais frequentes durante a pandemia de Covid-19, que ocasionou instabilidade financeira nas famílias do país e também trouxe para debate sobre a importância da reserva de emergência. Em pesquisa realizada para esta reportagem, dos 16 entrevistados apenas três não tinham conhecimento sobre o que era reserva de emergência.
Afinal, o que é Reserva de Emergência?
Reserva de Emergência é aquele dinheiro disponível para suprir qualquer emergência financeira em que o sujeito necessite de dinheiro imediatamente ou também para alcançar um desejo futuro, como a realização de uma viagem, compra de carro, casa, entre outros.
Segundo a pesquisa realiza em 2021 pela Fintech de Consultoria Financeira Leve, apenas 45% dos trabalhadores brasileiros gastam menos do que ganham. Sendo este, segundo especialistas, o principal ponto de partida para iniciar a sua reserva.
Quanto dinheiro guardar?
A primeira coisa que se deve fazer é calcular seus gastos essenciais, tais como alimentação, estudo, energia, aluguel, água, dentre outros – e ignorar todo gasto com lazer. Depois disso é só subtrair da sua renda mensal, o valor total desses gastos essenciais. Segundo o investidor e também professor da área Gustavo Cerbasi, o ideal é utilizar o valor resultante do cálculo na sua reserva e ter como objetivo atingir seis vezes o valor de gastos mensais. Veja no exemplo:
Ganhos Mensais: R$ 2.500,00
Gastos Essências: R$ 2.000,00
Sobra: R$ 500,00
6 × 2.000,00 = 12.000,00
12.000,00 ÷ 500,00 = 24 meses
Claro que o valor para sua reserva de emergência deve ficar dentro das suas próprias condições, levando em conta a estabilidade de renda e também as necessidades de cada um. Em um país como o Brasil, onde mais da metade dos trabalhadores gastam mais do que ganham, a dificuldade da população é como começar a arrumar as contas.
A principal dica dada pelo investidor Gustavo Cerbasi, em uma live da BTG Pactual Digital, é aprender a gastar bem, seja adiando atividades de lazer, fazendo as compras do mês seguindo as promoções, entre outras medidas simples do dia a dia. Outra dica compartilhada por Gustavo, é utilizar renda extra, por hora extra no seu emprego ou um trabalho temporário.
Estas dicas vão contra a realidade também dos entrevistados da nossa pesquisa, pois mais da metade diz não sobrar dinheiro no final do mês ou não sabem onde fazer a sua reserva. Gustavo explica que a principal qualidade de uma reserva é a liquidez, ou seja, devemos ignorar investimentos mais ousados como fundo imobiliário, câmbio, por exemplo.
Então, qual o melhor lugar para reserva de emergência?
A grande queridinha dos brasileiros, a Poupança, criada em 1861 pela Caixa Econômica Federal (CEF) não é a melhor opção neste caso. Especialistas afirmam que a melhor alternativa são os investimentos de alta liquidez e com baixo risco, segurados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), com cobertura de 250 mil por CPF em cada intuição bancária. Veja algumas opções:
- Tesouro Selic: título público ofertado pelo Governo Federal, financia as dívidas públicas com saúde, educação, entre outros. Nele você empresta seu dinheiro ao governo e recebe ele de volta com juros de 100% da Taxa Selic, taxa básica de juros do país. Este tipo de investimento é considerado o mais seguro, pois só corre risco de algum tipo de calote caso a economia brasileira entrar em colapso. As comprar destes títulos são realizadas através de bancos e corretoras autorizadas ( Site do Tesouro Direto – Bancos e Corretoras) e sua liquidez é diária, recebido seu dinheiro de volta após um dia.
- Certificado de Depósito Bancário (CDB): semelhante ao Tesouro Selic, neste investimento o empréstimo é feito a intuições financeiras. O dinheiro retorna acrescidos de juros calculados sob a taxa CDI. Os CDBs com maior porcentagem pagam mais, porém na maioria das vezes a sua liquidez não é diária, por isso que especialistas recomendam investir sua reserva em CDBs com liquidez diária com a maior porcentagem. Mais informações sobre CDBs você encontra no texto sobre investimentos publicado aqui, no Superávit Caseiro: https://wp.ufpel.edu.br/superavit/2022/03/14/investimento-vale-a-pena-investir-em-cdbs/
- Contas Digitais: Nos últimos anos tem se tornado uma boa alternativa para criação de uma reserva de emergência, pois seu rendimento é maior do que a ofertada por bancos tradicionais. Neles você também pode encontrar opções de renda fixa com alta liquidez.
Por fim, vale ressaltar que, tendo uma reserva de emergência, você evita ter que recorrer a empréstimos ou a utilização de limites de crédito ou cheque especial. Ou seja, se você não tem uma reserva de emergência e acontece algum imprevisto em que você precise de um montante de dinheiro maior, você possivelmente irá recorrer a uma dessas alternativas e acabará pagando juros altos. Já com a reserva de emergência acontece o inverso: ao invés de você pagar juro, você recebe juro. E ainda conta com um dinheiro disponível para utilizar para cobrir esses imprevistos sem se endividar. Cerbase, como outros especialistas, lembram que não é fácil fazer uma reserva de emergência, principalmente para as classes mais baixas e com menor renda, no entanto, o sacrifício é plenamente compensado quando surge qualquer imprevisto.