Quando se fala em investir em bolsas de valores muitos pensam imediatamente em personagens que inspiraram filmes, como os que protagonizaram histórias de espetaculares e investidores como o “O lobo de Wall Street”, “A procura da felicidade” ou “Wall Street – poder e cobiça”. Já outros se recordam da literatura, como os gurus do investimento norte-americano Benjamin Graham (1894 – 1976), autor do best-seller “O investidor inteligente”, e o seu aluno Werren Buffet, que hoje, aos 91 anos, conta com um patrimônio líquido de U$115,6 bilhões, sem incluir nesse valor as bilionárias doações feitas para entidades filantrópicas ao longo das décadas. No entanto, o que poucos observam é que é preciso muito mais do que sorte ou informações privilegiadas. Trabalho duro, estudo e foco são os segredos para sobreviver e crescer no campo dos investimentos.
Assim, o Superávit Caseiro traz para o leitor uma lista de mitos e armadilhas que geralmente fazem com que investidores iniciantes percam dinheiro e, consequentemente, desistam de investir no mercado de capitais, que é aonde são negociados os títulos e valores mobiliários, como as ações compradas e vendidas nas bolsas de valores, como a B3 (a bolsa brasileira). Na obra “Mercado de Capitais” (Atlas, 2019), o professor de investimentos e mercado de capitais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dr. Juliano Pinheiro, apresenta uma lista das crenças e práticas mais comuns e que devem ser evitadas. São conceitos e atitudes que não devem ser seguidos por quem pretende ingressar no mundo dos investimentos.
- Investir sem um objetivo. O professor Juliano Pinheiro destaca que muitos investidores compram ações sem uma meta ou objetivo de ganho e isto faz com que haja um predomínio da emoção sobre a razão. “Se o investimento não tem foco, qualquer resultado pode ser válido, o que é um perigo no mercado acionários”.
- Achar que o mercado está errado e você está certo. O professor lembra que o mercado não é uma pessoa para estar certo ou errado, mas sim, representa as forças de oferta e de demanda que precisam ser estudadas e interpretadas.
- Investir o dinheiro que vai precisar. Pinheiro chama a atenção para que o leitor não comprometa o seu orçamento pessoal para investir. Assim, os valores a serem investidos devem ser resultante de uma soma feita a partir de recursos que sobram após a quitação de seus compromissos. “Não se deve utilizar recursos para pagar as contas do final do mês para negociar com ações”, afirma.
- Investir sem entender como funciona o mercado. Esse é, talvez, o erro mais comum. Muita gente perde dinheiro de todos os volumes por achar que ganhar ou perder depende da sorte. Na verdade, como salienta o professor Pinheiro, o primeiro passo é estudá-lo e compreendê-lo. Para isso, é preciso mais do que participar de algumas palestras e leituras de livros de autoajuda. Cursos, leituras de obras técnicas, conversas com investidores experientes, consultas com gestores de investimento podem ajudar a conhecer melhor o mercado.
- Associar a Bolsa de Valores a um cassino. Crença popular e comum a investidores novatos. Muitos creem que ganhar ou perder dinheiro na bolsa está relacionado à sorte. Nada está mais longe da verdade pois, como explica Pinheiro, “o mercado não é um jogo e existe uma lógica em seus movimentos”.
- As “dicas quentes” ou “barbadas” vão me enriquecer. Não existe dinheiro fácil. Investidores que lucram trabalham e estudam muito até começarem a colher resultados positivos. Além disso, práticas antigas, como informações privilegiadas, hoje são consideradas ilegais pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “Buscar as dicas quentes de ações que vão explodir da noite para o dia é caminho certo para a perda do dinheiro”, finaliza Pinheiro.