Alunos OBMEP

Entrevista realizada em 01/11/2014 com estudantes residentes na região sul do Rio Grande do Sul e participantes das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das escolas Públicas (OBMEP) sob a orientação do Prof. Alexandre Athayde – professor responsável pelo Pólo Pelotas.

Esta entrevista foi realizada nas dependências do IFSul, campus Pelotas, aonde os estudantes, o prof. Athayde e a Monitora Vanusa Dylewski encontram-se mensalmente para discutir matemática, tirar dúvidas, resolver problemas referentes à matéria.

A idade desses jovens varia de 12 a 16 anos, e todos tem um talento em comum: ter facilidade em matemática. Embora nem sempre eles resolvam os problemas de maneira convencional, é muito interessante ver como eles pensam, como raciocinam.

alunos OBMEP

Da esquerda para a direita: Gabriel, Vanusa (discente Licenciatura em Matemática UFPel), Gustavo, Samuel, Pietro, Rael, Prof. MSC Alexandre Athayde (orientador OBMEP Pólo Pelotas) e Vitória.

A seguir, um pouco mais da vida desses guris e gurias que vêm a matemática como um obstáculo a transpor, um desafio a ser solucionado…

Riemannianos: Como começou o gosto pela Matemática?

Vitória: o meu irmão também é medalhista e ele sempre voltava da OBMEP fazendo perguntas de matemática. Eu sempre fui influenciada por ele. Que idade tem o teu irmão? Ele tem 21 anos. Ele já está na faculdade? Já, ele faz Teatro, mas ele pretende mudar para Direito. Ele continua gostando de matemática? Ele lê sobre isso? Sim.

Samuel: começou também pela minha irmã e pela possibilidade de fazer a prova, que me fez aproximar muito mais da matemática por que antes eu não gostava. Não é que eu não gostasse, eu não dava muita atenção para a matemática. Agora eu prefiro a matemática do que as outras matérias. Que idade tem tua irmã? Tem 18 anos. Ela já está na faculdade? Sim, ela fez o primeiro semestre de Matemática, desistiu e agora está cursando Agronomia.

Gabriel: Eu tinha facilidade para matemática e quando me foi apresentada a prova da OBMEP, eu achei fácil. Achaste fácil? Bah!!! Sim!

Pietro: Foi com meu pai, que sempre falava em matemática e eu comecei a estudar. O meu tio também falava muitas coisas de matemática e eu comecei a gostar. Foste influenciado pela família, então? Sim.

Gustavo: Eu gostava do que aprendia no colégio sobre matemática e apareceu a oportunidade de fazer a prova e tirei uma nota boa.

Rael: Eu sempre tive facilidade para matemática. Eu achava interessante. Com o tempo fui descobrindo mais coisas e cada vez eu queria fazer mais. E aí com o PICi eu tive oportunidade de ver esses outros lados da matemática.

Riemannianos: Qual é a matéria que tu mais gostas? (se matemática, qual outra?)

Gustavo: Educação Física.

Samuel: Eu gosto de todas.

Pietro: Física.

Rael: Depende do professor para influenciar. Mas se eu tivesse que escolher só uma eu escolheria Física.

Vitória: Física.

Gabriel: Artes.

Riemannianos: Tu tens algum familiar que é professor de matemática?

Nenhum de nós tem familiar com formação em Matemática.

Riemannianos: Tens algum passatempo? Qual?

Gabriel: Computador. Redes sociais.

Vitória: Eu toco violão. Tocas bem? Dá para o gasto….

Rael: Jogo de computador. Jogos de estratégias e de ação.

Pietro: Futebol e desenho.

Samuel: Futebol e redes sociais.

Gustavo: Futebol.

Riemannianos: Tu és fã de alguém? Admiras alguém?

Vitória: Meu irmão.

Rael: Stephen Hawkingii

Samuel: Minha mãe.

Gustavo: Meu pai.

Gabriel: Minha família.

Riemannianos: Tu achas importante estudar matemática? Por que?

Vitória: Sim.

Samuel: A matemática pra mim é importante pois está relacionada com todo o dia a dia. Não importa o que tu vais fazer, sempre vai ter algo que puxe para o lado da matemática. Mesmo que tu tenhas coisas que tu aprenda que tu não vai usar na vida, no dia a dia. Mas a matemática em si está sempre presente no dia a dia.

Gustavo: Sim, por que tudo é ligado em nós tem matemática. Tudo o que a gente precisa, a matemática vai facilitar.

Pietro: Acho as outras matérias muito chatas.(risos). Português tem que decorar regras para escrever bem. Geografia, a parte política até tem que pensar, mas no resto tem que decorar. História, um pouco é decoreba e outro pouco tem que pensar. Matemática não! Tem professores que te fazem raciocinar. Todas as outras matérias têm que decorar alguma coisa. Matemática tu cria, tu podes fazer, sei lá,… Vitória: Tu cria a regra na matemática. Pietro: Às vezes tu tens que ter bastante criatividade para fazer alguma coisa. Meus colegas, por exemplo, nas outras matérias, só vão para a prova se eles já viram alguma coisa daquelas em exercício. E matemática, a maioria das vezes tu não vê os exercícios, tens que ver alguma coisa nova. Tem que criar. Tem que colocar a cabeça para pensar. Se tu ficares só com o conhecimento que tu já tens, tu não vais evoluir, eu acho.

Rael: é importante por que tu começa a entender coisas que antes tu não seria capaz de entender. Tu vê as coisas de forma diferente. Tu consegues resolver problemas. Estudar matemática te ajuda a ter pensamento fora (do comum). A resolver problemas que antes tu não poderias.

Gabriel: Bah, bastante. Na matemática a gente vai evoluindo, vai aprendendo. Dá vontade de aprender mais. Tudo se encaixa na matemática.

Riemannianos: Como foi o teu ingresso nas olimpíadas?

Pietro: Eu tinha uma professora de matemática que me desafiava. Ela me mostrou no site o banco de questões para estudar. Ela me mandou estudar e, na quinta série, não ganhei nada. Na sexta série eu fiz e ganhei medalha. No primeiro ano do PIC, eu estudei pra caramba. O que me move na matemática é a parte da competição. Se não tivesse a Olimpíada, acho que eu não estudaria por conta própria, eu estudaria muito pouco. Samuel: Tu quer mostrar que é capaz.

Gustavo: Apareceu uma professora, colocou uma prova na minha mesa e me disse o que era. Eu fiz, tive a sorte de passar nas duas fases.

Samuel: Já tinha acontecido uma vez no meu colégio. Pouquíssimos colegas fizeram. Até o colégio não acreditava que éramos capazes de conseguir. Quando veio a segunda oportunidade, eu fiz e ganhei a Menção Honrosa. Fui um susto. Eu achava que não conseguiria. Quando eu vi que com a Menção que eu ganhei, eu poderia entrar neste curso, eu consegui entrar na última semana de inscrição.

Rael: Eu comecei quando estava estudando na sétima série e tinha a prova para fazer dos anos anteriores. Fiz a primeira fase e tinha uma professora que incentivava. Ela via que eu era bom em matemática. Quando eu passei da primeira fase, ela me ajudou um pouco para estudar para ir para a segunda fase. Eu fiz, passei, tirei medalha de bronze. Vi que tinha disponibilidade para fazer este curso do PIC com bolsa. Fiz uma prova, ganho dinheiro e ainda aprendo mais! Estou aqui até hoje.

Vitória: Foi na sexta série, eu não sabia que tinha prova, eu fiz a prova e passei. O meu irmão já tinha feito e passado.

Gabriel: Eu estava na quinta série. Eu vi a propaganda na TV, eu achei: bah, isso não é pra mim! Eu cheguei na escola e lá estava e prova, eu me esforcei e consegui.

Riemannianos: Tu te preparaste para as provas?

Gabriel: Na primeira vez, chegou aquilo ali (a prova) e foi um susto e bah! Se chegou tem que fazer. Eu nem sabia que ia fazer. Foi de um dia para o outro.

Vitória: Não.

Rael: Na primeira vez que eu fiz, eu me preparei. Mas nas outras, fui deixando.

Pietro: No primeiro ano eu não sabia, mas no segundo ano eu olhei o banco de questões. Não achei interessante, por que o banco de questões era só da primeira fase, que é objetiva (marcar x na resposta correta). Na segunda fase, que é discursiva. Na segunda fase eu levei um susto, na hora da prova, achei que não conseguiria fazer nada. De início, eu ganhei a medalha de ouro, depois eu fui caindo, fui deixando de estudar, fui estudando menos.

Samuel: Para a primeira prova que fiz, eu não me preparei. Veio a prova, ninguém tinha dito nada que tinha (prova), se tinha horário, ninguém prestava atenção naquilo. Daí veio a prova, e eu disse: ué? O que é isso? Todo mundo fez e eu passei. Para a prova do ano passado, eu me preparei, e cheguei aqui.

Gustavo: Não me preparei também.

Riemannianos: Tu pretendes cursar a universidade? Que curso gostarias de fazer?

Gustavo: Engenharia Civil.

Samuel: Algo que tenha relação com a matemática, algo que aprofunde o conhecimento matemático. Que não seja o curso de Matemática.

Pietro: Bacharelado em Matemática ou Engenharia Química.

Rael: Engenharia da computação. Ficar na área da informática.

Vitória: Neurociências.

Gabriel: Bah, nem sei. Talvez Arquitetura ou alguma coisa relacionada com a matemática.

i Programa de Iniciação Científica Jr. VER: http://www.obmep.org.br/prog_ic_2008.html

ii Stephen Hawking é o ex-Professor Lucasiano de Matemática da Universidade de Cambridge e autor de Uma Breve História do Tempo, que foi um bestseller internacional. Agora, é Diretor de Pesquisa no Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica e fundador do Centro de Cosmologia Teórica na Universidade de Cambridge, seus outros livros para o leitor em geral incluem Uma Nova História do Tempo, o ensaio coleção Black Holes and Baby Universe e O Universo numa Casca de Noz. Fonte: http://www.hawking.org.uk/