A preferência de D. renale pelo rim direito não é uma regra, como no caso do artigo a seguir, onde foi possível observar ambos os rins parasitados.
Uma cadela, SRD, de dois anos de idade e semi-domiciliada foi atendida no ambulatório do Ceval do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel, com suspeita de corpo estranho intestinal, já que o animal apresentava desconforto abdominal, fezes sanguinolentas e anúria.
O hemograma evidenciou leucocitose com desvio a esquerda e elevação de ureia. No exame ultrassonográfico observou-se alteração em ambos os rins, que apresentavam dimensões aumentadas e contorno irregular, assim como estruturas tubulares com paredes hiperecogênicas que sugeriam o parasitismo por D. renale. O rim esquerdo, ainda, apresentava perda de relação córtico-medular, mas a pelve renal continuava preservada.O animal foi à óbito antes de ser encaminhado para nefrectomia e remoção dos parasitos.
Na necropsia observou-se omento enegrecido e rins esbranquiçados e amolecidos. Rim direito apresentava ausência do parênquima, abundante presença de exsudato sanguinolento e quatro parasitos fêmeas. O rim esquerdo apresentava um parasito macho em sua pelve e aderência e espessamento da capsula renal com hemorragia subcapsular. A bexiga possuía conteúdo pastoso e escuro.
Foram encontrados dois parasitos machos livres, um na cavidade abdominal, próximo ao rim direito, e o outro na cavidade torácica. No parênquima pulmonar havia dois nódulos vermelho enegrecidos, e múltiplos nódulos esbranquiçados no diafragma.
Na análise histopatológica, o rim direito contava com redução do número de glomérulos e túbulos renais, nefrite caracterizada por infiltrado de células mononucleares, fibroplasia intensa e difusa e metaplasia óssea multifocal em áreas da capsula renal. O rim esquerdo apresentava proliferação de tecido conjuntivo fibroso na pelve renal. Ainda se observou peritonite piogranulomatosa. Ovos de D. renale foram encontrados em ambos os rins, luz e parede da bexiga e ureteres e, também, no parênquima pulmonar.
Este trabalho demonstra como a dioctofimatose pode ser grave e que a região sul do Rio Grande do Sul apresenta condições favoráveis para a ocorrência da parasitose.
As informações e imagens foram removidas do seguinte trabalho:
Dioctofimatose renal bilateral e disseminada em cão
Carolina F. Sapin, Luisa C. Silva-Mariano, Luisa Grecco-Corrêa, Josaine
C.S. Rappeti, Luana H. Durante, Soliane C. Perera, Marlete B. Cleff
e Fabiane B. Grecco
Pesq. Vet. Bras. 37(12):1499-1504, dezembro 2017
DOI: 10.1590/S0100-736X2017001200022
Para acessar este trabalho: https://www.scielo.br/scielo.php…
Autores do resumo: Eduardo Gonçalves e Michaela Rocha.