O ativista brasiliense Valdo Alves compartilhou conosco sua inspiradora trajetória pessoal e sua dedicação ao movimento LGBTQIAP+. Sua história reflete não apenas desafios individuais, mas também importantes momentos históricos da luta pelos direitos LGBTQIAP+ no Brasil.
Descoberta e Aceitação
Valdo conta que se descobriu aos 11 anos, quando se apaixonou por um colega de sala. “Foi uma paixão muito louca, entender o que era aquilo“, relembra. Na escola, enfrentou chacotas e bullying por conta de sua maneira de andar e gesticular. “Procurava deixar aquilo em segundo plano e sempre fui muito atuante em sala de aula“, diz ele.
A adolescência intensificou os conflitos internos, levando-o a buscar ajuda psicológica. “Entendi que havia uma sexualidade diferente comigo“, afirma. A busca por compreensão o levou a participar da Parada LGBT de Brasília, onde se sentiu pertencente. “Ali eu me encantei, vi que aquele mundo era um mundo que eu fazia parte“, declara.
Ativismo e Fundação do Grupo Elos
Insatisfeito com a centralização das ações no Plano Piloto de Brasília, Evaldo e outros ativistas decidiram levar o debate para as cidades satélites. “Nós queríamos levar isso para as nossas cidades onde nós morávamos e não ficar só no núcleo aqui no Plano Piloto“, explica.
Assim nasceu o Grupo Elos, com o objetivo de descentralizar o movimento e promover a visibilidade LGBTQIAP+ nas regiões administrativas do Distrito Federal. Inspirados por organizações como a ABGLT e em diálogo com figuras como a deputada Érika Kokay, o grupo organizou as primeiras paradas do orgulho LGBTQIAP+ em cidades como Sobradinho, Ceilândia e Paranoá.
Momentos Históricos e Avanços
A ação do Grupo Elos coincidiu com um período de importantes avanços no movimento LGBTQIAP+ brasileiro. Em 2010, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, um marco na luta por igualdade de direitos. Valdo destaca a importância da mobilização coletiva: “Nós provocamos as ruas, nós provocamos as pessoas, nós fizemos a primeira parada de Sobradinho“.
Desafios Internos e a Importância da União
Apesar dos avanços, Valdo ressalta os desafios enfrentados dentro do próprio movimento, como disputas por espaço e vaidades pessoais. “O individualismo é que não tá legal, eu acho que a gente precisa cumprir acordos“, afirma. Ele enfatiza a necessidade de ceder pelo bem coletivo e manter o foco nos objetivos comuns.
Reflexões Finais
Hoje, Valdo se encontra em uma nova fase de sua vida, mas mantém acesa a chama do ativismo. “Valeu muito a pena, nós precisamos manter essa luta, esse fogo aceso“, declara. Sua história é um lembrete poderoso de que a mudança começa com a coragem de ser quem somos e com a determinação de construir um mundo mais justo e inclusivo.
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Referências:
- 1995: Criação da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos), uma das principais organizações de defesa dos direitos LGBTQIAP+ no Brasil.
- 2004: Início da atuação da deputada Érika Kokay em defesa dos direitos humanos e LGBTQIAP+ na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
- 2011: Reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal da união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.