Traumatismo alveolodentário em dentes permanentes.

Coordenador: Profa. Dra. Helena Silveira Schuch.

Painel de especialistas: Ândrea Daneris, Bruna Vetromilla, Celso Caldeira, Cristina Braga Xavier, Deisi Lane Rodrigues, Francine Cardozo Madruga, Helena Silveira Schuch, Letícia Regina Morello Sartori, Lucianne Cople Maia, Marília Leão Goettems, Marina Sousa Azevedo, Maximiliano Sérgio Cenci, Paulo Floriani Kramer, Renato Taqueo Placeres Ishigame, Thays Torres do Vale Oliveira, Thiago Ardenghi ,Vanessa Polina Pereira da Costa, Yasmim Nobre Gonçalves.e GODeC – Global Observatory for Dental Care Group.

INTRODUÇÃO:

O traumatismo alveolodentário (TAD) é uma lesão que atinge o dente e/ou suas estruturas de suporte com alta prevalência em crianças e adultos, representando 5,4% de todas as lesões traumáticas acidentais para as quais as pessoas procuram tratamento (Andreasen & Andreasen, 2007; Petersson et al., 1997; Petti et al., 2018). Achados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal mais recente realizada no Brasil, o SBBrasil 2010, apresentam uma prevalência de traumatismo alveolodentário em incisivos entre crianças de 12 anos de 20,5% (BRASIL, 2012). Há evidência de que cerca de 1 a cada 5 adolescentes da América Latina e Caribe já experienciaram algum tipo de TAD em dentes permanentes, e esta prevalência tem se mantido estável ao longo do tempo (Aldrigui et al., 2013). De acordo com a literatura, esta prevalência pode chegar a 58,6% (Marcenes et al., 2001).  

Estudos que investigaram a necessidade de tratamento demonstraram que a maioria das lesões é de baixa gravidade e requer tratamento simples, como restauração de resina composta adesiva direta; mesmo assim, a maioria das lesões permanece sem tratamento (Schuch et al., 2012). Sabe-se que o correto manejo imediato do TAD é determinante no processo de reparo e, consequentemente, no prognóstico do dente traumatizado (Krastl et al., 2020). Portanto, qualquer traumatismo alveolodentário deve receber avaliação e acompanhamento clínico e radiográfico, devido ao potencial de sequelas assintomáticas ou complicações a longo prazo (Flores et al., 2007).  

Um sistema de saúde em um país com uma vasta cobertura geográfica e cultural, como é o caso do Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS), abrange uma diversa gama de experiências profissionais e de formação. É variável também a infraestrutura disponível para a atuação do cirurgião-dentista e a possibilidade de referenciamento para atenção especializada em média (por exemplo, em um Centro de Especialidades Odontológicas – CEO) ou alta complexidade (Assistência Hospitalar), quando necessário. Visando ofertar o melhor prognóstico possível aos pacientes e racionalizar os recursos financeiros e pessoais disponíveis, a padronização da prática clínica, baseada nas melhores evidências cientificas disponíveis, é imprescindível.  

A adaptação de uma diretriz para a prática clínica no contexto brasileiro e sua posterior disseminação auxiliará os profissionais no manejo e tratamento de lesões alveolodentárias traumáticas e proporcionará aos pacientes cuidados de alto nível baseados em evidências. Assim, o objetivo deste conjunto de diretrizes para a prática clínica é de estabelecer recomendações padronizadas para o manejo e tratamento de lesões dentárias traumáticas em dentes permanentes na Atenção Primária à Saúde (APS/SUS), de forma a sistematizar o cuidado oferecido à população e minimizar o impacto das lesões traumáticas na vida dos pacientes e suas famílias. O público-alvo desta diretriz, além da população em geral, inclui dentistas da APS/SUS, coordenadores municipais de saúde bucal e formuladores de políticas públicas. 

Em breve, acesse aqui os apêndices.