Maratona Aquática: Esperança de medalha para o Brasil

Inspiração para pintores e escritores, o Rio Sena também vai ser palco de grandes feitos esportivos, recebendo estrelas como Ana Marcela Cunha, Sharon van Rouwendaal, Gregorio Paltrinieri e Florian Wellbrock. 

Modalidade presente nos Jogos Olímpicos desde 2008, em Pequim, a maratona aquática já trouxe para o Brasil o ouro em Tóquio 2020 com Ana Marcela Cunha e o bronze na Rio 2016 com Poliana Okimoto. 

Existem duas formas de os nadadores conseguirem se classificar. Três vagas nominais de cada gênero foram disputadas no Mundial em Fukuoka, no Japão, em julho de 2023. Depois, no Mundial de Doha, os 13 melhores de cada gênero garantiram vaga para o país na prova de 10km. Durante a competição, 5 atletas terão representação continental, ou seja, o melhor de cada continente também garante vaga. 

Serão 44 atletas em disputa na maratona aquática, 22 no feminino e 22 no masculino. Cada país pode ter no máximo dois atletas por gênero. Uma vaga de cada naipe é destinada ao país-sede. 

A maratona aquática será realizada em dois dias, nos dias 8 de agosto (mulheres) e 9 de agosto (homens) de 2024, bem cedo, às 7h30. A corrida começa no rio Sena e passa pela Ponte Alexandre III, localizada entre o Grand Palais e Les Invalides. 

E o torcedor brasileiro têm confiança para a conquista de medalhas, já que o país volta a ter duas representantes na maratona aquática. Vivi Jungblut e Ana Marcela Cunha serão as representantes brasileiras. 

Vivi se dividia no calendário da maratona aquática e da natação, mas agora que conseguiu a vaga, seu foco está totalmente na maratona. Antes mesmo do mundial em Doha, a atleta tomou sua decisão: “Com certeza a gente já tinha tomado essa decisão antes de vir para cá. Eu abri mão de nadar as provas de piscina aqui nesse Mundial mesmo, porque a gente está treinando com o foco 100% nos 10km da maratona aquática. A gente veio até então conciliando os dois calendários, mas chega um momento que a gente precisa tomar essa decisão. Não é fácil. Eu gostaria de nadar nas duas modalidades, mas sou uma pessoa, sou humana. Seria um programa muito difícil e optamos por essa opção. Vou nadar o Maria Lenk, porque é o campeonato brasileiro absoluto de natação, mas mesmo que eu pegue o índice, eu não nado as provas de piscina em Paris, só águas abertas”

A classificação de Vivi veio com emoção, já que havia apenas 13 vagas olímpicas em disputa em Doha, mas a França colocou suas duas nadadoras no top 13 e abriu uma 14ª vaga no Mundial por realocação. A brasileira herdou o posto. 

A outra representante, é Ana Marcela Cunha. A atual campeã olímpica teve um 2023 atípico, com o primeiro semestre inteiro reservado para a recuperação de uma cirurgia no ombro, feita no fim de 2022. Semanas antes do Campeonato Mundial, rompeu com o técnico Fernando Possenti.  

Apesar disso, a brasileira conquistou a vaga nos Jogos de Paris 2024 ao terminar em quinto lugar da maratona aquática no Mundial de esportes aquáticos. No fim da prova, Ana Marcela relatou que não enxergou nada: “Eu perguntei (minha posição), porque eu não sabia, meus óculos embaçaram, eu tomei umas porradas, eu nem sabia que estava disputando uma medalha, mas o mais importante é saber que a gente tá dentro, uma nova oportunidade de chegar a Paris e poder fazer história.” 

Além da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e integrar o livro dos recordes (como a maior vencedora do Circuito Mundial da Fina na prova de 10km, com 20 vitórias), Ana Marcela tem no currículo 16 medalhas em Campeonatos Mundiais, e é nesse histórico que o torcedor brasileiro confia, para ter mais uma conquista. 

É claro, que a torcida vai para as duas representantes, mas devido a sua representatividade e bom histórico em competições anteriores, a esperança em Ana Marcela é um pouco maior. A própria Vivi retrata essa relação de admiração: “A Ana é fora de série. Sempre fui muito fã dela, continuo sendo, claro, mas agora de um jeito um pouquinho diferente, né? Na água a gente compete uma contra a outra, mas entrei na seleção em 2017, comecei a viajar com ela e, com certeza, minha admiração só aumentou. Uma pessoa que acrescenta muito, estar cada vez mais próximo dela.” 

Já Ana Marcela ressalta a questão da representatividade, rivalidade e importância de ter duas representantes na competição: “O Brasil estará muito bem representado. Quanto mais Brasil melhor. Nossa rivalidade é muito saudável. Ter duas representantes é mais chance de medalha. O mais importante é saber que a gente tá dentro, uma nova oportunidade de chegar a Paris e poder fazer história. Agora vou ter seis meses em casa para conseguir dar sequência nos treinos, nas competições. Estou muito feliz. Aqui estamos para mais uma. E de novo espero fechar com chave de ouro.” 

 A presença feminina nas águas abertas brasileiras reflete o comprometimento e a determinação dessas mulheres em superar desafios e alcançar o sucesso no esporte, e mostrar para outras mulheres, que elas podem chegar longe no esporte e serem a esperança de um país em uma competição tão importante quanto a olimpíadas. 

Vale ressaltar que o Brasil não será representado na maratona masculina, uma vez que Henrique Figueirinha e Pedro Farias não tiveram um bom desempenho no Mundial de Esportes Aquáticos, que aconteceu em Doha (QAT), no mês passado.

Redação: Antônio Pinheiro

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