Estórias Extraclasse Esportivas: Basquete

Ao pensar na conexão que minha vida tem com os esportes, a primeira época que vem à minha cabeça é o período dos anos 2010, tempo em que eu ainda estava no ensino fundamental e fazia todo tipo de atividade extraclasse. Eu já fui matriculado na maioria das que meu colégio ofertava, além de algumas outras em ambientes diferentes.

Essas atividades tinham vários propósitos: permitir que eu socializasse, algo que como criança eu precisava aprender a fazer, me movimentavam impedindo o sedentarismo infantil e que eu ficasse o resto do meu tempo livre jogando videogames.

Então nas próximas produções que eu fazer aqui para o “Federal em Campo” vão focar nas memórias que eu tenho dessas atividades extraclasse, falar um pouco sobre o que eu me lembro de sentir enquanto fazia e falar mais sobre esses esportes que querendo ou não, marcaram minha vida.

Antes de começar propriamente, só peço que você, caro leitor/leitora, me permita uma única liberdade criativa quanto ao título. Estória, escrita com “ES” ao invés de “HIS”, não está errada gramaticalmente falando, embora seja uma forma arcaica de falar, a palavra é utilizada majoritariamente para narrativas de cunho popular, o que as minhas memórias dos tempos de extraclasse definitivamente não são.

Mas só queria fazer o título começar com 3 palavras que soassem mais ou menos parecidas e optei pelo uso de “estórias” ao invés de “histórias”, simplesmente a liberdade criativa de um escritor.

Vou começar contando um pouco da minha experiência com o basquete, não que esse tenha sido o primeiro esporte que eu tenha feito em ordem cronológica, mas é um dos que mais me marcou de forma positiva. Eu fazia como extraclasse depois dos horários de aula, se a memória não me falha, eu comecei em meados de 2017 e fiquei até 2019, último ano em que fiquei naquela instituição.

Antes que você pense alguma coisa, caro leitor/leitora, eu não era nenhum LeBron James. Pelo contrário, na verdade, eu era bem desengonçado e baixinho, dois adjetivos que não ajudam nem um pouco no basquete. Creio que o fato de eu entrar no meio do ano, quando o time já estava bem formado em questões de sinergia, não ajudava muito.

Eu também entrei conhecendo muito pouco do esporte, só o básico que eu havia visto em alguns poucos jogos pela televisão e no filme Space Jam: O Jogo do Século. Mas por sorte, sempre tive professores que eram bem compreensíveis e viam que eu tinha duas coisas, falta de conhecimento no basquete e determinação.

O destaque vai para o Professor Paulo Correia, certa noite de treino, acho que em 2018 se a memória não me falha, houve uma tempestade com ventos e chuvas bem fortes. Isso fez com que eu fosse o único aluno que tivesse ficado para o treino, apenas eu e o professor.

Muitos podem pensar que ele não iria perder seu tempo ensinando apenas um aluno, mas pra minha surpresa ele se importava comigo, que eu aprendesse e melhorasse. Nós ficamos todas as 2 horas do treino apenas praticando meu arremesso, meus bloqueios, meus passes. Ele me explicou cada detalhe do movimento que se devia fazer, do pé até as mãos, explicando de uma maneira que eu conseguisse compreender. No começo da noite minhas tentativas de arremesso só davam fora, mas lentamente consegui acertar todos os lances de 3 pontos que tentava, e aquilo foi fantástico.

Não me tornei um astro após aquela aula, mas eu senti que melhorei muito, e além disso passei a ter um enorme respeito pelo professor Paulo que mantenho até os dias de hoje.

Após começar a sentir uma melhora no jogo, eu me solidifiquei como ala, uma posição mais focada em auxiliar e armar jogadas para outros colegas, assim como desarmar as ofensivas dos oponentes. Embora nossa equipe nunca tenha jogado a níveis de NBA, nós sempre participamos do JEPel (Jogos Escolares de Pelotas) e nas três edições que eu participei nós sempre ficamos no pódio.

Nosso melhor ano foi 2018, quando levamos o ouro para a nossa escola. Eu até fiz uma cesta em uma das partidas, parece bobagem falar, mas pra mim era genuinamente um grande feito conseguir pontuar, levando em conta que os outros jogadores sempre eram maiores que eu.

 

 

Outro destaque que tenho de dar é para minha mãe. Enquanto eu participava, ela foi a maior torcedora da história da equipe masculina de basquete. Não só ela ia para praticamente todos os treinos que aconteciam em torno das 21:00 para depois voltar comigo para casa mesmo já estando cansada do trabalho, ela também arranjava tempo para ir nos ver durante o Jepel. Por tudo isso sou muito grato a minha mãe, não acho que teria permanecido por tanto tempo se não fosse graças a ela.

Outro fato curioso que veio com o basquete foi minha vó também curtir o esporte. Na casa dela eu tinha uma bola e uma cesta pendurada contra um muro, e como eu só ia lá nos fins de semana, ela aproveitava para arremessar a bola no aro, do jeito dela, claro. Mas acho que ela foi a única senhora de 70 anos que eu conheci que curtia praticar um pouco de basquete.

Posso ter ficado pouco tempo na equipe de basquetebol do colégio, e admito que infelizmente me distanciei do esporte após a pandemia de 2020 e nunca consegui voltar à ativa. Mas ainda gosto de ver algumas partidas de vez em quando, mantenho contato com alguns dos antigos companheiros de equipe e as medalhas que ganhamos ainda estão penduradas no meu quarto, lembrando sempre esse ótimo capítulo da minha vida.

 

Autor: Augusto Ferri

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