Ser torcedor de futebol: amor e ódio

Desde que me dou como gente, meu pai gosta de futebol. É um de seus maiores interesses e sempre foi desde que ele era garoto e se juntava com os amigos em um campinho improvisado. Eu, embora tenha herdado e puxado muitas características dele, nunca tive o mesmo fascínio por esse esporte. Claro, eu gosto, que brasileiro que não? Mas não é nada comparado com ele, sempre se inteirando das classificações, assistindo às partidas pela televisão ou escutando pelo rádio. Não seria exagero falar que tudo que eu entendo de futebol eu aprendi dele por osmose.

E em todos esses anos nesta indústria vital, meu pai sempre torceu para o Sport Club Internacional de Porto Alegre. De acordo com o próprio homem, essa paixão começou logo na infância, simplesmente por ser mais fã da cor vermelha, o que facilitou um fascínio pelo Inter logo cedo.

Mas o que manteve ele como fã e torcedor durante a juventude, adolescência, e agora na fase adulta é a maneira que o Inter joga, segundo ele, o time tinha uma fluidez que os adversários não conseguiam replicar, fazendo com que assistir a um jogo do Colorado fosse mais interessante para ele. Eu sinto que o fato que ele morou em Porto Alegre também tenha ajudado um pouco para se manter como fã.

Mas claro, torcer para um time não quer dizer que meu pai ame ou defenda tudo que ele faz. Pelo contrário, na realidade, eu acho que eu ouço mais ele reclamar do Inter do que de qualquer outro time no Brasileirão.

Se o time perdeu um jogo? Meu pai tem sempre um comentário cirúrgico, muitas vezes supondo que poderia fazer melhor do que o próprio técnico. O time decide poupar alguns de seus jogadores? Meu pai discorda, dizendo que se os jogadores têm mais, é que jogar mesmo. O salário pago para os jogadores, sendo um dos maiores entre os times da série A, só para estar tão perto do rebaixamento, tem sido a reclamação mais comum dele. Nem queiram saber qual a opinião dele quando o time apenas empata um jogo que poderia ter vencido.

Outra coisa que aprendi com meu pai foi que Internacional contra times que estejam muito abaixo dele na tabela costuma não terminar bem pro time colorado. É uma concepção curiosa, considerando que normalmente quem fica lá embaixo são os times que são menores, mas na maioria das vezes a lógica de meu pai está certa e eles acabam perdendo algo que devia ser “moleza”, mesmo que no futebol não exista essa de lógica.

Não deixe por um momento que as minhas palavras façam parecer que meu pai não é o maior fã do Internacional que eu conheço, porque ele é, e justamente por esse amor a camisa que ele sempre parece ter tantas críticas.

É curioso, mas o esporte traz à tona muitas emoções fortes em nós, sejam elas de amor ou sejam elas de ódio. E embora eu veja as constantes críticas do meu pai ao Inter, elas todas vêm do coração. Da paixão que ele tem por ser torcedor faz anos. Quando se ama algo, nesse caso um time de futebol, por mais que você critique, você faz isso pelo bem, porque você quer ver esse algo tendo sucesso e sendo a melhor versão possível. E se isso não é ser torcedor, eu não sei o que é.

 

Autor: Augusto Ferri

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