Principais rotas de dispersão do vírus no Rio Grande do Sul.

 

Grupo de pesquisa Covid-19/Estudos Geográficos/LEUR/UFPel desenvolveu um mapeamento que demonstra as principais rotas de dispersão do vírus no estado gaúcho tendo como base três parâmetros: o primeiro, refere-se a evolução diária dos casos, com base em informações disponibilizadas pela Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul referente aos casos de Covid-19, o que nos demonstrou a formação dos eixos de dispersão do vírus desde o primeiro caso no município de Campo Bom e sua evolução até a presente data.  O segundo parâmetro, centra-se na hierarquia urbana do estado, tendo em vista a existência de municípios que polarizam atividades econômicas diversas e, por conseguinte, possibilitam o processo de dispersão do vírus. O terceiro, são as principais rodovias do estado que possibilitam a ligação entre estes municípios e a metrópole regional Porto Alegre.

Com base nestes três elementos, ficou claro para o grupo que o Rio Grande do Sul desenvolveu um eixo primeiro de dispersão do Vírus que segue a BR-116, ligando a região metropolitana de Porto Alegre (RMPA) a Região Metropolitana da Serra gaúcha (RMSG). Neste sentido, os casos de Covid-19 concentram-se diretamente nesta área e, como já mencionado em analises anteriores desenvolvidas pelo grupo de pesquisa, neste eixo encontram-se as principais centralidades econômicas do estado, criando uma rota rápida de dispersão do Covid-19 não somente circunscrito às regiões metropolitanas mas também à municípios próximos.

Após a formação da principal área de concentração do estado, podemos identificar rotas secundárias através de rodovias que interligam o eixo primário de contaminação do coronavírus à municípios do interior que concentram maiores atividades econômicas e aglomerações populacionais.

As vias de integração elencadas são:

– BR – 386:  Ligação do centro subregional Lajeado e ao norte (através da BR – 153) à capital regional Passo Fundo e Erechim ao eixo primário de dispersão do Vírus;

– BR- 287: integração de municípios como Santa Cruz do Sul e Santa Maria à RMPA;

– A continuidade da BR – 116 ao sul da RMPA, desenvolvendo a ligação com a capital regional  Pelotas e municípios importantes da porção sul como Rio Grande;

– BR – 290 que interioriza no sentido Leste-Oeste o Rio Grande do Sul , possibilitando ligações da RMPA com municípios como Uruguaiana e, através de rodovias secundárias outras localidades como  Bagé;

– BR – 290 no sentido litoral e integração da mesma à BR – 101, a qual propicia uma ligação do eixo primário de dispersão com o litoral norte do estado, tendo como centralidades subregionais os municípios do Capão da Canoa e Torres;

Todas estes eixos de integração e dispersão do Covid-19 elencados possuem Capitais Regionais e Centros Subregionais integrados diretamente pelas rodovias citadas ou indiretamente através de vias secundárias que possuem casos de Covid-19.

Também foi possível compreender através do mapeamento que ocorrem maneiras distintas de transmissão comunitária do Covid-19 no estado, tendo em vista a existência de estruturas territoriais díspares entre o sul e o norte do Rio Grande do Sul no que se refere a organização dos municípios.

Na porção sul, devido a existência de municípios com extensões territoriais maiores, a transmissão comunitária fica significativamente circunscrita (mas não exclusiva) a uma dispersão intra-municipal.  Diferentemente, a porcão central e principalmente norte do Rio Grande do Sul além da transmissão intra-municipal, visualiza-se uma significativa estrutura de propagação para municípios próximos tendo em vista a proximidade e integração econômica entre estas localidades. No caso dos municípios de maior extensão territorial, processo verificado principalmente no sul do estado, as concentrações populacionais maiores correspondem às cidades, propriamente ditas, sendo verificável que esses municípios possuem grande área rural com baixo índice de povoamento. O contrário se observa no norte do estado, onde a proximidade entre as cidades é maior, em face à estrutura das divisão territorial que, nesse caso, apresenta mais núcleos de aglomerações urbanas.

Próximos passos do Grupo de Pesquisa:

Como próximos passo, o grupo esta debruçado sobre a estrutura da saúde no Rio Grande do Sul  e a densidade demográfica total e de idosos, buscando demonstrar quais serão as áreas com maior pressão sobre o sistema de saúde caso, a doença evolua.

Notas metodológicas

A presente pesquisa baseou-se nos dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul.

– Os dados foram tabulados e organizados a partir dos programas Excel e Qgis.

Equipe do projeto

Dr. Tiaraju Salini Duarte
Dr. Sidney Gonçalves Vieira
Me. Mateus Marzullo
Mestrando. Adriel Costa da Silva
Mestrando. Antonio Lourenço Kila de Queiroz
Graduando. Eduardo Schumann