Por Luísa Brito e Yasmin Arroyo
No coração da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, um prédio abandonado ganha vida. O movimento de ocupação do prédio ocioso na região portuária, liderado pelo Kilombo Urbano, emerge como uma resposta à marginalização urbana e à necessidade de moradia estudantil. Nesta reportagem, exploramos o significado e o impacto deste movimento para as pessoas que precisam de moradia e para a cidade como um todo.
O nome “Kilombo Urbano” foi escolhido para nomear essa pós-ocupação, inspirado nos Quilombos, que são espaços importantes para a manutenção da história do povo negro e também como locais de acolhimento, resistência e identidade negra. A ocupação denominada “Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão”, é localizado na esquina das ruas Benjamin Constant e Álvaro Chaves, na região do Porto de Pelotas, empenhando como um coletivo que ocupou e revitalizou o prédio que era da Marinha do Brasil e estava abandonado na cidade. Para muitos, o Kilombo não é apenas um lugar de moradia, mas sim, um espaço de resistência e transformação, afinal, o coletivo também promove a inclusão social e a participação comunitária.
O Kilombo Urbano oferece moradia para estudantes e pessoas que precisam de abrigo. Com alguns quartos na sede da ocupação, o espaço promove ações direcionadas para as demandas comunitárias. Essas ações incluem atividades culturais, hortas comunitárias e distribuição de marmitas. Além disso, há uma biblioteca comunitária disponível para empréstimos e doações da comunidade em geral.
Em uma roda de conversa, os idealizadores do Kilombo urbano nos explicam que as ocupações de prédios ociosos são uma ferramenta de luta contra a marginalização e a exclusão social. Ao ocupar um espaço vazio, os moradores não só reivindicam o direito à moradia, como também criam uma comunidade que se organiza e se fortalece. A ocupação de prédios ociosos, portanto, é uma forma de resistência e de reivindicação de direitos.
Para além da luta da comunidade movida pelo Kilombo, o espaço apresenta símbolos de outras ocupações e outros coletivos de ativismo, de doações a presentes, afinal, o Kilombo Urbano é reconhecido nacional e internacionalmente. Um dos fundadores afirma estar em contato constante com ativistas de todo o mundo, o que serve, impreterivelmente, como combustível para continuar lutando e resistindo.
A iniciativa do Kilombo Urbano é mais do que uma resposta à falta de moradia, é uma forma de resistência e de luta pela dignidade urbana. Estes espaços, transformados em locais de moradia e convivência, são uma manifestação da busca por justiça social e por uma cidade mais inclusiva e solidária.