Por Enrique Carvalho Bohm/Superávit Caseiro
A alta nos preços dos alimentos voltou ao centro do debate público com o avanço da inflação no início de 2025. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre novembro de 2022 e outubro de 2023, a inflação dos alimentos despencou de 11,83% para 0,47%. No entanto, a partir de novembro de 2023, a cesta básica voltou a subir, alcançando 7,25% em janeiro de 2025, gerando preocupação em setores da sociedade civil. O impacto é sentido principalmente pelas camadas mais pobres da população, que, após um breve alívio no orçamento, voltam a enfrentar dificuldades para fechar as contas do mês.
Motivos para o aumento
Diversos fatores explicam a alta dos preços. Um deles remonta à pandemia de Covid-19, quando países como China, Estados Unidos e Vietnã reduziram suas exportações para evitar desabastecimento interno. A escassez no mercado global levou à elevação dos preços dos alimentos.
No Brasil, o governo de Jair Bolsonaro (PL) contrariou a tendência mundial e ampliou as exportações. Em 2020, houve um crescimento de 11,4% nas exportações de alimentos em relação ao ano anterior, segundo a Agência Brasil. A maior remessa de produtos ao exterior reduziu a oferta interna, pressionando os preços e levando a inflação alimentar a ultrapassar os 15% naquele período. A “fila dos ossos” tornou-se um símbolo da crise alimentar no país.
Mais recentemente, a tragédia climática no Rio Grande do Sul impactou a produção de grãos, afetando culturas essenciais como arroz, soja e milho. A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) estima que as perdas ultrapassam R$ 3,1 bilhões. Outro fator determinante é a alta do dólar, que encarece produtos comercializados no mercado internacional e acaba impactando os preços no Brasil.
Medidas do governo
O aumento nos preços dos alimentos tem afetado a popularidade do governo Lula, que enfrenta níveis históricos de desaprovação. Diante desse cenário, o governo tem adotado medidas para tentar conter a inflação, como a redução da alíquota de importação de produtos alimentícios, o corte de tributos para agricultores e o incentivo à produção de novas sementes.
Há também discussões sobre mudanças no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que destina R$ 150 bilhões para auxiliar 22 milhões de trabalhadores com vale-refeição e vale-alimentação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou à CNN Brasil que uma nova regulamentação pode reduzir as taxas de intermediação e, consequentemente, o preço dos alimentos.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, destacou que o governo não pretende adotar medidas heterodoxas, como tabelamento ou congelamento de preços: “Os produtos que estejam com preço interno maior do que o preço externo, atuaremos na redução de alíquota para forçar o preço a vir, pelo menos, para o patamar internacional. Não justifica estarmos com preços acima do padrão global.”
Ele também afastou medidas intervencionistas no mercado: “Nenhuma medida heterodoxa será adotada, não haverá congelamento de preço, tabelamento ou fiscalização excessiva.”
Como economizar na compra de alimentos
Enquanto o governo busca soluções, os brasileiros tentam driblar os altos preços com estratégias de economia. Algumas recomendações incluem:
- Comprar no atacado: Produtos em grandes quantidades costumam ter um custo-benefício melhor. Por exemplo, um pacote de arroz de 5kg geralmente é mais barato, proporcionalmente, do que um de 1kg.
- Aproveitar os “dias de feira”: Alguns supermercados fazem promoções periódicas em produtos hortifrutigranjeiros.
- Optar por alimentos da safra: Produtos da estação costumam ter menor custo. Algumas opções são:
- Verão: Manga, melancia, abobrinha, pepino.
- Outono: Abacate, maçã, cenoura, beterraba.
- Inverno: Laranja, caqui, brócolis, couve-flor.
- Primavera: Morango, kiwi, alface, espinafre.
- Evitar compras impulsivas: Criar uma lista de compras e segui-la é essencial para manter o controle dos gastos.
- Comparar preços entre supermercados: No Rio Grande do Sul, o aplicativo Economiza Clube permite acompanhar as variações de preço em diferentes estabelecimentos, ajudando os consumidores a encontrarem as melhores ofertas.
Com a inflação dos alimentos em alta, cada real economizado pode fazer a diferença no fim do mês.

Imagem: Economiza Club é uma boa opção para economizar nas compras cotidianas