Por Eduardo Ritter/Superávit Caseiro

Se hoje o Brasil tem uma única bolsa de valores, nem sempre foi assim. Durante muito tempo, diversas bolsas operaram em diferentes estados do país, refletindo um mercado de capitais mais regionalizado. Na obra Mercado de Capitais, o professor de economia e mercado de capitais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) explica que a primeira delas surgiu em 1845: a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ). A partir daí, outras instituições surgiram, cada uma com seu papel na negociação de ações e outros ativos financeiros.

No final do século XIX, em 1890, São Paulo teve sua primeira bolsa, a Bolsa Livre, que logo deu lugar à Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo, em 1895. Já no século XX, a descentralização se intensificou, e até 1999 o Brasil contava com nove bolsas regionais. São elas:

  • Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
  • Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ)
  • Bolsa de Valores do Extremo Sul
  • Bolsa de Valores Bahia-Sergipe-Alagoas
  • Bolsa de Valores de Minas Gerais
  • Bolsa de Valores do Paraná
  • Bolsa de Valores Pernambuco-Paraíba
  • Bolsa de Valores Regional
  • Bolsa de Valores de Santos

O caminho até a B3

A necessidade de modernização e maior eficiência levou à consolidação das bolsas brasileiras. Em 1967, foi criada a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que se tornou a principal do país. Com a chegada da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) em 1986, surgiu um espaço dedicado a contratos futuros e derivativos.

O grande marco veio em 2008, quando Bovespa e BM&F se fundiram, formando a BM&FBovespa. Em 2017, uma nova fusão com a Cetip resultou na B3 – Brasil, Bolsa, Balcão, unificando todas as operações financeiras do país em uma única plataforma.

Como Funciona a Listagem na B3?

Atualmente, a B3 conta com 439 empresas listadas, organizadas em segmentos de governança corporativa. Conforme o site da entidade, cada um desses segmentos define diferentes níveis de transparência e direitos dos acionistas:

  • Novo Mercado: Empresas listadas aqui adotam os mais altos padrões de governança corporativa, garantindo maior transparência e melhores direitos aos acionistas.
  • Nível 2: Exige boas práticas de governança semelhantes às do Novo Mercado, mas permite a emissão de ações preferenciais.
  • Nível 1: Empresas deste segmento assumem compromissos básicos de governança corporativa, mas com exigências menores do que no Nível 2.
  • Bovespa Mais: Criado para incentivar empresas menores a acessarem o mercado de capitais de forma gradual, permitindo captação de recursos sem a necessidade imediata de um IPO tradicional.
  • Bovespa Mais Nível 2: Similar ao Bovespa Mais, mas com exigências de governança mais rígidas, aproximando-se das regras do Nível 2.

Como são medidos os índices de mercado?

Para entender o desempenho das ações mais negociadas, a B3 conta com indicadores como o Ibovespa, que reúne as ações das empresas mais negociadas na bolsa. Em 2024-2025, o índice era composto por 83 companhias. Outro índice relevante é o IBrX 100, que acompanha as 100 ações mais representativas do mercado, considerando volume financeiro e liquidez.

A jornada do mercado financeiro no Brasil foi marcada por transformações, fusões e avanços tecnológicos. Hoje, a B3 é uma das maiores bolsas do mundo, oferecendo um ambiente seguro e estruturado para investidores e empresas crescerem juntos.