Por Isaac Moraes/Superávit Caseiro
Donald Trump, do Partido Republicano, está voltando à Casa Branca: e o que isso impacta na economia brasileira? As eleições presidenciais nos Estados Unidos têm uma influência significativa não apenas na política interna americana, mas também na economia global, impactando países interligados comercial e financeiramente, como o Brasil. Devido à relevância dos Estados Unidos como a maior economia do mundo e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, as mudanças nas diretrizes políticas, econômicas e comerciais da administração americana repercutem no cenário econômico brasileiro. A escolha de um novo presidente norte-americano pode afetar o câmbio, os investimentos estrangeiros, as exportações e a estabilidade econômica do Brasil, moldando a maneira como o país enfrenta desafios globais, como taxas de juros, políticas ambientais e tendências de mercado. Analisar esse impacto é essencial para compreender como o Brasil pode se preparar e adaptar suas estratégias de desenvolvimento em um cenário externo em constante transformação. Para entender melhor tais impactos na economia nacional, o Superávit Caseiro entrevistou Yousef Mahmoud Amer, Engenheiro de Petróleo e especialista em investimentos. Durante a conversa, ele falou sobre o impacto das eleições norte-americanas na economia brasileira, dentre outros temas.
SUPERÁVIT – Como o resultado das eleições pode afetar as políticas comerciais dos Estados Unidos com o Brasil? Existe a possibilidade de novas tarifas ou incentivos comerciais?
Yousef Mahmoud Amer – Eu acredito que a posição do Trump perante o comércio exterior com o mundo vai mudar. Ele pretende diminuir a compra de produtos vindos do exterior e fazer muita venda para acabar trazendo mais a moeda local de volta para os Estados Unidos, fortalecendo mais o país dele e diminuindo a inflação e aumentando o valor da economia americana, então, pensando nisso, a relação do Brasil com os Estados Unidos se mantém igual ou piora um pouco inicialmente, mas depois de um longo prazo vai acabar melhorando. Os Estados Unidos e o Brasil tem uma relação muito boa, afinal, os Estados Unidos é um grande cliente em comércio de compras de produtos do Brasil e o Brasil também compra muitas coisas dos EUA. Imagino que pode, sim, melhorar a economia entre Brasil e Estados Unidos. Não terá novas tarifas em cima disso, pois o país norte americano tem os impostos deles já prontos e os incentivos comerciais não terá também.
SUPERÁVIT – Qual a expectativa de valorização ou desvalorização do dólar em função do cenário eleitoral americano? Como isso impacta a taxa de câmbio no Brasil?
Yousef Mahmoud Amer – O Trump vem com uma ideologia muito forte de valorizar a moeda local. Ele vai comprar muito dólar de volta do mundo, vai fazer com que o dólar volte para a economia americana para que a inflação do dólar diminua e o valor dele aumente. A demanda vai aumentar ou vai ser a mesma, mas a oferta vai ser a mesma, assim mantendo o dólar em caixa, fazendo com que o valor dele aumente mundialmente. O Brasil, por ter uma política de gastos públicos extremamente elevada, acaba afetando o dólar, então, o dólar só está subindo muito hoje por conta da política de gastos públicos estar elevada e também pelas políticas de Donald Trump para valorizar o dólar. Caso não controle o gasto público, acredito que o dólar suba e chegue a R$6, isso, caso os gastos públicos não forem melhor controlados.
SUPERÁVIT – Como a eleição impacta a estabilidade geopolítica e econômica mundial? Isso afeta o Brasil diretamente, considerando suas exportações e dependência de mercados externos?
Yousef Mahmoud Amer – Os Estados Unidos gostam de mandar em tudo, e é um país que está envolvido em diversos conflitos e, enfim, em questões mundiais e decisões globais. Eu acredito que, economicamente falando, Donald Trump vai querer fazer com que os Estados Unidos e a moeda local, que é o dólar, volte a ser uma potência. Ainda é a maior potência, mas acabou caindo em vários países, como a China, dentre outros, que mudaram a moeda para o ouro. A China, por exemplo, está comprando muito ouro, mudando a reserva de dólar para ouro; e a Rússia também já fez isso, depois do início da guerra contra a Ucrânia, depois das sanções internacionais, então, acaba que os países não estão mais dependendo dos Estados Unidos. E o Trump vai querer mudar isso: ele vai querer fazer reuniões, vai querer mudar esse cenário. Assim, sobre a parte geopolítica e a econômica mundial, eu acredito que Donald Trump vai querer fazer um relacionamento ainda mais forte com esses países, com a Coreia, com a China, com a Palestina, com o Israel, diminuindo as guerras, negociando com o Putin, por exemplo. Então, por conta disso, eu acredito que a economia mundial, com menos guerra, independente de quem tenha o poder, possa melhorar. Se o Biden tivesse negociado melhor o fim de algumas guerras, o cenário iria melhorar, pois tudo iria se valorizar, melhorando a economia e as relações internacionais. Com guerra, tudo piora. Então, a guerra entre Israel e Irã, por exemplo, fez o petróleo subir, e Donald Trump vai querer fazer uma diplomacia melhor, em particular com a Palestina, inclusive ele disse que iria terminar com a guerra na Palestina. Então, eu acredito que a questão da estabilidade geopolítica vai melhorar e a economia mundial, consequentemente, também melhora. Com o Brasil, acredito que só a questão do petróleo, o custo do barril do petróleo e a questão das exportações, creio que isso é bom pro Brasil. Porque o Brasil faz mais negócios com o comércio exterior e acaba melhorando toda essa economia.
SUPERÁVIT – E para o futuro, quais sãs as expectativas de relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos?
Yousef Mahmoud Amer – As eleições presidenciais dos Estados Unidos revelam o quanto a economia brasileira está conectada e suscetível às diretrizes políticas de outros países, especialmente em questões de comércio, investimentos e clima econômico global. O impacto das decisões tomadas pelo governo norte-americano sobre taxas de juros, comércio exterior e acordos internacionais, pode gerar tanto oportunidades quanto desafios para o Brasil. Diante disso, cabe ao país diversificar suas parcerias comerciais e políticas, além de fortalecer a economia interna, para minimizar a dependência externa e mitigar os efeitos de mudanças políticas nos Estados Unidos. A análise e o acompanhamento dos desdobramentos de cada ciclo eleitoral americano se mostram, portanto, essenciais para uma estratégia econômica brasileira que garanta maior resiliência e autonomia em um contexto mundial dinâmico e incerto.