Por Gabriele Brittes (*)/Superávit Caseiro
A era digital, apesar de trazer agilidade e acessibilidade de informações, também exigiu mudanças rápidas e a busca constante frente ao aprendizado e adaptações das mídias sociais. Nesse contexto, é notável que jovens e crianças estão cada vez mais ativos e conectados aos recursos disponíveis na internet. Eles não apenas exploram perfis em redes sociais e realizam pesquisas, mas também produzem conteúdos que seguem as trends disponíveis no ciberespaço.
É claro, com essa gama de multi-informações em mãos, é comum que o mercado também se adapte a esse cenário na divulgação de produtos. As empresas têm investido em estratégias de marketing cada vez mais atrativas, buscando conquistar o consumidor, seja por meio de promoções, conteúdos virais e algoritmos que personalizam ofertas com base nas preferências dos usuários.
Dessa forma, é cada vez mais urgente que jovens e crianças aprendam a lidar com o dinheiro de forma sustentável. A educação financeira para essa faixa etária abrange temas como o entendimento do valor do dinheiro, a diferença entre necessidades e desejos, e a importância de poupar. Desde pequenos, as crianças podem ser incentivadas a guardar uma parte da mesada em um cofre ou em uma conta poupança, aprendendo que, ao poupar, podem alcançar objetivos maiores, como comprar algo que realmente desejam.
No entanto, a destinação da mesada não é uma realidade para muitos jovens e crianças no país, muitos enfrentam desafios econômicos que dificultam a prática da poupança. Nesse cenário, a educação financeira se torna ainda mais crucial, pois pode equipar esses jovens com habilidades para gerir o que têm e fazer escolhas mais conscientes. É importante que as instituições de ensino e os pais integrem essas discussões na rotina, abordando a importância de planejamento e consumo responsável.
A educação financeira deve ser incorporada ao dia a dia. Pais e educadores podem aproveitar situações cotidianas, como fazer compras, para explicar conceitos financeiros de maneira prática, ao levar as crianças ao supermercado, os adultos podem falar sobre a comparação de preços e a escolha de produtos essenciais em vez de itens supérfluos. Essa prática também ajuda a desenvolver habilidades de organização e responsabilidade, preparando-as para um futuro em que a saúde financeira não seja um problema, como ocorreu em gerações passadas
Introdução à educação financeira pode começar já na infância
O tema da educação financeira nas escolas, deve ser abordado de forma dinâmica, visto que, temas como investimento, infelizmente ainda não é a realidade para muitas famílias, que lutam para cobrir suas necessidades básicas, como alimentação e contas residenciais. Assim, uma abordagem inclusiva a diferentes classes sociais estimula a conscientização realista, evitando o consumismo e o endividamento, que afeta cerca de 72,46 milhões de brasileiros em situação de inadimplência até o mês de agosto, segundo o Serasa.
Mas, enquanto esse tema ainda não está incluído na grade curricular escolar — ao menos, não na maioria das escolas de ensino público — existem opções acessíveis e gratuitas que visam desenvolver a consciência financeira entre jovens e crianças. Programas e iniciativas, como os promovidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), estão ganhando destaque. Essas iniciativas oferecem recursos e conteúdos voltados para a faixa etária juvenil, preparando-os para um futuro financeiro mais seguro e autônomo.
Investir na educação financeira dos filhos não é apenas um presente, mas uma preparação para que eles enfrentem desafios financeiros com confiança. Ao ensinar esses conceitos de forma acessível e prática, especialmente na era digital, estamos ajudando a construir uma nova geração de consumidores mais conscientes e responsáveis. Educar as crianças sobre finanças desde cedo é fundamental, elas precisam saber que o dinheiro não é infinito e que é necessário trabalhar para ganhá-lo.
(*) Acadêmica do curso de Jornalismo do Centro de Letras e Comunicação (CLC) da Universidade Federal de Pelotas