Por Vanessa Centeno/Superávit Caseiro

Segundo dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do botijão de 13 quilos de gás de cozinha (GLP) chegou a R$ 106,80. Nesta reportagem, você entenderá as razões por trás das oscilações no valor do GLP, que impactam diretamente o bolso dos brasileiros. Para esclarecer o cenário, entrevistamos o professor Marcelo de Oliveira Passos, especialista em economia e mestre em Organizações e Mercados pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Além disso, conversamos com duas moradoras de Pelotas que revelam seus métodos para economizar no consumo de gás.

O professor Marcelo Passos detalha os principais fatores que influenciam o preço do gás de cozinha para o consumidor final. Desde maio de 2019, o valor médio do botijão de 13 kg no Brasil subiu de R$ 69,29 para R$ 106,64, de acordo com dados da Petrobras. Esse aumento se deve a uma série de componentes de custo, sendo a distribuição e revenda os mais significativos, representando 50,2% do preço final (R$ 53,56). O ICMS, principal imposto estadual, responde por 17,2% (R$ 18,38), enquanto a Petrobras fica com 32,5% (R$ 34,70). Importante destacar que o governo federal isenta o gás de cozinha de tributos, de modo que toda a carga tributária recai sobre os estados, na forma de ICMS.

Nos últimos anos, conforme análise do professor Passos, o aumento mais expressivo tem ocorrido nas margens de distribuidores e revendedores, além do ICMS. A parte referente à produção e importação, que inclui a Petrobras e outros produtores, teve uma alta mais moderada. Embora o preço tenha caído no atual governo, o valor do botijão segue acima dos R$ 100,00 desde o aumento observado entre maio de 2021 e maio de 2022, quando o valor saltou de R$ 85,40 para R$ 112,90. Desde então, o preço não voltou a baixar desse patamar.

Imagem: Site Poder360 de 16 de julho de 2024

Caren Böhmer, 31 anos, autônoma, vive com seu marido e seu filho de nove meses. Ela conta que usa, em média, dois botijões de gás por ano e não costuma pesquisar preços. Caren faz economia utilizando eletrodomésticos como jarra elétrica, forno elétrico e fritadeira elétrica (Airfryer), o que, segundo ela, reduz o consumo de gás. Para Caren, o aumento do preço do gás foi perceptível, mas não algo exagerado, afirmando que “subiu como outros itens”.

Charlene Lima Alves, 35 anos, mãe e consultora de cosméticos, também compartilhou sua experiência. Seu marido sempre compra o gás diretamente do distribuidor, onde, segundo Charlene, o preço é melhor, o gás dura mais, e eles ainda ganham brindes, como potes ou panos de prato. Ela afirma que, ao adquirir gás em outros pontos de venda, percebeu que o produto durava menos tempo. Para economizar, Charlene adota hábitos como tampar as panelas ao cozinhar, utilizar chaleira elétrica para aquecer água — que é armazenada em uma garrafa térmica — e cozinhar feijão apenas uma vez por semana.

Agora que você conhece os principais fatores que impactam o preço do gás de cozinha, incluindo a carga tributária, além de estratégias para economizar no uso doméstico, essas dicas podem ajudar no seu dia a dia.

Fontes: Petrobras e ANP – Preços médios ao consumidor final nos 26 estados e no Distrito Federal. Gráfico retirado do site Poder360.