Kaique Cangirana/Superávit Caseiro
Antes de aplicar o dinheiro em ativos no mercado financeiro, investidores realizam uma série de análises que são capazes de demonstrar se um produto financeiro é um bom ou mau investimento. Observando as diferentes estratégias de análise e teorias presentes no mercado financeiro, este texto apresenta as principais linhas de raciocínio e análises utilizadas por investidores na hora de decidir sobre um ativo.
Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista de ações busca descobrir o valor real de uma ação no mercado financeiro para identificar se um papel está desvalorizado ou subvalorizado. Ao analisar fatores macroeconômicos, setoriais e indicadores financeiros de uma empresa, o investidor obtém as informações necessárias para decidir pela realização ou não de um investimento.
As empresas desvalorizadas são o principal alvo, pois a ideia é adquirir o ativo enquanto seu valor real (valor intrínseco) ainda não foi alcançado, mesmo que seu ritmo de valorização seja lento. Por isso, a análise fundamentalista é indicada para operações no longo prazo como a compra de ações, fundos imobiliários e fundos de investimento.
O nome deste método de análise se refere a observação e cálculos com base em fundamentos, estes são matemáticos e oferecem informações relevantes sobre o endividamento, o preço, a eficiência, rentabilidade e perspectiva de crescimento. Mas, antes de calcular esses indicadores, o investidor extrai os dados financeiros oficiais de uma empresa por meio de documentos como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e o Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC).
No livro “Mercado de capitais: Fundamentos e técnicas” algumas etapas são abordadas pelo autor para guiar o acionista que analisa uma empresa. Fatores como o grau de risco, gerenciamento, rentabilidade e capacidade de crescimento são abordados como entendimentos cruciais ao analista de ações.
Especialistas recomendam que indicadores não sejam avaliados de forma isolada, pois um resultado bom, pode maquiar um cenário completo. Em outras palavras, no mundo dos investimentos também não é preciso e nem prudente julgar um livro pela capa. Um exemplo simples é a lucratividade em relação às dívidas e as condições macroeconômicas. Se uma empresa obteve um lucro recorde num único trimestre, cabe ao investidor se atentar se o endividamento não acompanhou a alta ou se questões macroeconômicas como a inflação foram superadas no lucro reportado. Os indicadores também costumam ser comparados entre empresas do mesmo ou de setores semelhantes, considerando que uma condição econômica pode ser favorável para um ao mesmo tempo em que é desvantajosa para outro.
Além de avaliar os pilares de condições do setor, cenário macroeconômico e indicadores fundamentalistas, o investidor que utiliza este método preocupa-se com a governança corporativa, ou seja, a administração da empresa em suas divisões organizacionais. Informações sobre a governança atendem aos princípios da transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa. Neste ponto, as preocupações dos analistas se voltam à etapa qualitativa da análise fundamentalista.
Ao alinhar as informações sobre a governança, o investidor pode se certificar de que as pessoas que gerem a empresa possuem o portfólio adequado, a ética e experiências que justifiquem o seu investimento. Informações de governança são encontradas no site de empresas listadas na bolsa em páginas de “Relações com Investidores”, as chamadas RI.
A análise fundamentalista é completa e eficiente, proporcionando mais segurança e confiança ao investidor que busca se tornar sócio, ao longo do tempo, das empresas em sua carteira. Ao mesmo tempo em que esse método é bem-quisto pelo mercado financeiro, sua aplicação bem-sucedida demanda tempo e capacitação do investidor que pode buscar o auxílio de profissionais do mercado financeiro para a elaboração e diversificação da carteira de ativos. Por isso, é preciso estudar os princípios e indicadores de fundamentos para ter mais chances de obter bons resultados individualmente. Investidores experientes podem oferecer a estabilidade necessária, enquanto acionistas da renda variável dão os primeiros passos.
Confira a entrevista com Camila Fernandes, assessora da XP investimentos.
A análise de fundamentos não reflete as especulações e movimentos rápidos repercutidos diariamente pelos investidores que operam no pregão e essa é justamente a sua principal diferença em relação a análise técnica, voltada a operações de curto prazo como o Day Trade e o Swing Trade.
Análise Técnica
Analistas técnicos, por sua vez, utilizam de gráficos e ferramentas estratégicas como os movimentos gráficos passados dos valores de uma ação. Logo, a análise técnica imprime uma maior dedicação integral às operações, que podem durar de segundos a dias e até semanas, no caso do Swing Trade.
Investidores que utilizam essa análise buscam obter lucros rapidamente em operações de curto prazo. Num único gráfico, o analista técnico investe baseado em um modus operandi da observação dos gráficos, períodos e o uso de indicadores como a Média móvel e as Bandas de Bollinger. Os períodos e a forma do gráfico definem cada momento futuro. Por isso, a análise desconsidera métricas financeiras como as utilizadas em cálculos de fundamentos. Notícias, que costumam abalar o mercado diariamente, são constantes para os movimentos deste tipo de investidor. Logo, jornais e informações se tornam um grande expoente das movimentações financeiras, além da observação das tendências de mercado.
A partir desta operação, investidores definem o valor de compra e venda de um ativo a depender do preço em que julgam justo. A ordem “Stop” é um termo comum a esses analistas que pré definem suas metas de ganho diário através da observação gráfica. Diferente da análise de fundamentos, essa operação exige mais atenção do que conhecimentos aprofundados. Mesmo assim, a capacitação é exigida para aqueles que buscam um retorno bem sucedido. No livro “Análise técnica dos mercados financeiros”, o autor apresenta as práticas e movimentações ideais para cada tipo de gráfico, ferramenta e momento.
A interpretação de gráficos e índices auxiliam nos movimentos futuros do analista. Isso garante a volatilidade do papel negociado que oscila à margem das especulações acerca das informações disponíveis no momento.
Algumas tendências gráficas são determinadas pelos analistas ou especuladores, a disposição de lateralização indica uma indefinição do mercado sobre o papel, a tendência de alta indica a valorização com um movimento de compra intenso e a tendência de baixa com a venda, que causa a desvalorização do ativo. As disposições gráficas são definidas pelo topo e a base dos padrões, representados pelo suporte e resistência nas figuras do gráfico, a mais comum é a figura de candlestick ou apenas candles (velas).
As estratégias e métodos de análise devem ser escolhidos com base nos objetivos de investimento do acionista. Assim, escolher produtos financeiros e se capacitar para a sua observação se torna mais simples e eficiente para obter bons resultados. Estar bem informado e ciente das possibilidades de operação do seu dinheiro na bolsa de valores pode diferenciar um investidor no mercado de ações. Espero que este breve artigo possa ter ajudado na introdução aos métodos mais usados na hora de fazer a escolha certa, afinal de contas, bons estudos se tornam bons investimentos!
Referências:
Análise Fundamentalista de Ações: como identificar empresas sólidas e rentáveis a longo prazo. InfoMoney, 14 de outubro de 2022. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/guias/analise-fundamentalista/. Acesso em: 29/07/2024.
Análise Técnica de ações: aprenda a interpretar gráficos e índices. InfoMoney, 14 de outubro de 2022. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/guias/analise-tecnica/. Acesso em: 29/07/2024.