RENDA FIXA

Você sabe o que são os Certificados de Depósito Bancário (CDBs)?

Conforme o investidor Gustavo Cerbasi explica em seu livro, Investimentos Inteligentes (Sextante, 2019), CDB é um empréstimo concedido para uma instituição financeira por seus clientes. Ou seja, é como se ao invés de você pagar juros para tirar empréstimo em uma instituição, ela é que vai pagar juros para você pelo seu dinheiro, como se fosse um aluguel. “É com os juros propostos pela instituição que ela tenta seduzir investidores a confiarem recursos a sua administração”, explica Cerbasi. E por que os bancos fazem isso? Ora, sem a captação de recursos, os bancos não teriam dinheiro para as operações de empréstimos e financiamentos. “Quanto maior a credibilidade do banco, mais os clientes depositam seus recursos na instituição, mais ela consegue emprestar e, com isso, mais lucra e se fortalece”, avalia.

No entanto, vale a pena fazer esse investimento diante de outras opções? Para responder a essa pergunta, é preciso, primeiro, observar os tipos de CDBs, que podem ser pré ou pós-fixado.

CDB prefixado: garante uma taxa fixa para seus investimentos ou aposta na queda dos juros, pois já se sabe qual taxa vai remunerar o investimento até o vencimento do papel. Um exemplo citado por Cerbasi, é: se você aplicar R$10.000 por 365 dias a juros de 8% ao ano, você sabe que receberá ao final R$10.800, menos o imposto de renda sobre o seu lucro de R$800,00. Ou seja, com uma tributação de 17,5%, que representa R$140,00, você terá disponível R$10.660. No entanto, mesmo sendo um investimento de renda fixa seguro, você assume o risco de contratar uma taxa e os juros da economia subirem, proporcionando ao investidor rendimentos inferiores aos do mercado, mesmo que positivos. Muitos bancos oferecem CDBs com liquidez diária, onde o título é recomprado quando solicitado pelo cliente. Ou seja, se a taxa de juros subir, o banco recomprará por um valor menor, levando o investidor a perdas.

CDB pós-fixado: são indicados para quem teme o aumento da inflação e dos juros da economia, pois costumam ter sua rentabilidade vinculada a dois tipos de indicador. Primeiro, à taxa de mercado (CDI). Segundo, à inflação. Na contratação, o investidor deve escolher um dos indicadores. No entanto, ele só saberá ao certo o resultado do investimento ao final do período.

Cerbasi chama a atenção para o fato de que, bancos de menor porte, chamados de segunda linha, muitas vezes têm um menor número de clientes e, por isso, precisam se esforçar para captar recursos, oferecendo juros mais elevados, ou seja, com maior rentabilidade. Porém, fique atento, pois taxas muito acima de 100% do CDI pode dizer que você está aplicando recursos em um banco que tem dificuldades de captação para cobrir os empréstimos que concede.

Outro ponto importante para cuidar é que a taxa de juros oferecida pelos bancos depende diretamente do volume investido pelo cliente na instituição. Ou seja, quanto maior o volume aplicado, maior será a rentabilidade para o cliente. Além disso, vale lembrar que, ao contrário do que acontece nos fundos ou da poupança, o investidor não acumula saldo investido em um CDB, pois cada investimento é feito um contrato individual entre cliente e banco, que terá um prazo específico para se manter aplicado. Quando vence o prazo, o dinheiro cai na conta do cliente e, se ele quiser fazer um novo investimento, vai ter que negociar novamente a taxa do CDB.

Cerbasi avalia que os CDBs podem ser uma alternativa vantajosa para quem quer fazer uma grande aplicação de uma só vez. Já sobre a tributação, ela só é descontada no resgate ou ao final do contrato, o que é uma vantagem em relação aos fundos de renda fixa. “Em outras palavras, mesmo que um CDB tenha uma rentabilidade idêntica à de um fundo de renda fixa, ao final de dois anos o saldo formado por ele será maior”, destaca o investidor.

Outros dois pontos são importantes de serem avaliados antes de você investir em um CDB:

  1. A data de vencimento: indica quando o CDB será “resgatado” e o dinheiro ficará disponível para você.
  2. Data de carência: indica que, até o prazo informado, seu dinheiro ficará retiro pela instituição financeira e não será possível realizar o resgate. No caso de uma reserva de emergência, por exemplo, o melhor é escolher outros investimentos (como tesouro direto, por exemplo) ou um CDB com contratos que não tenham data de carência (Liquidez imediata).

Cerbasi dá mais dicas para quem pretende investir em CDBs: “Brigue por taxas competitivas de, no mínimo 100% do CDI, principalmente se você tem um bom relacionamento com o banco. Vale a pena consultar também bancos concorrentes daquele em que você tem conta aberta, a fim de levantar argumentos para a hora da barganha com seu gerente”, orienta.

E qual é o melhor: CDB prefixado, CDB pós-fixados ou CDB atrelado ao IPCA? Em ano eleitoral, como 2022, considera-se que a taxa de juros permaneça alta por mais tempo, assim, os CDBs pós fixados, diante desse cenário, são os mais indicados por especialistas. Isso se justifica, pois o retorno fica atrelado à taxa de juros, e o Relatório Focus do Banco Central, divulgado no início do ano, aponta uma taxa Selic alcançando os 11,75% até o final do ano. Além disso, é mais comum liquidez maior em opções do pós-fixado. Ainda considerando esse contexto, as opções prefixadas devem ser deixadas de lado nesse momento, pois elas provavelmente ficarão defasadas se os juros continuarem subindo, como indica o Relatório Focus. Ou seja, se você tem um perfil conservador e quer fazer um investimento em renda fixa, um CDB pós fixado passa a ser uma boa opção.

Para fazer simulações de investimento, vale a pena conferir sites de bancos e corretoras de investimento que disponibilizam esse cálculo gratuitamente.